Se o UMM fosse 100% elétrico… seria assim? Munro MK_1

Acreditamos que não há um amante de automóveis em Portugal que não sonhe com o regresso dos lendários UMM. Um regresso que, aos dias de hoje, seria muito provavelmente 100% elétrico.

A oferta de jipes focados no todo o terreno é cada vez menor, e o interesse pelos modelos vintage nunca foi tão grande. Talvez por isso, modelos como o Munro MK_1 tenham tanto apelo.

Pensado para durar 50 anos

Não pensem que a comparação com o mítico UMM, seja Alter ou Cournil, foi gratuita. O desenvolvimento do Munro MK_1 obedeceu a um caderno de encargos muito semelhante ao modelo português.

Tal com os modelos da UMM, o Munro MK_1 foi pensado para ser durável — a marca escocesa fala em mais de 50 anos, respeitando o plano de manutenções e recondicionamento de alguns componentes —, recorre a um chassis de longarinas para ter maior curso de suspensões fora de estrada, e é capaz de rebocar grandes cargas — até 3.500 kg.

Mas as comparações terminam aqui. Pelo menos enquanto ninguém tiver a ousadia de fazer renascer a UMM em modo elétrico — como o jovem empreendedor Joel Sousa fez com a não menos conhecida marca de motociclos nacional, a FAMEL.

Seguramente esta podia ser a base de um UMM elétrico. Não seria a primeira vez que a marca portuguesa pedia componentes emprestados.

Motor elétrico axial é novidade

Pensado para ser um todo o terreno «puro e duro» — o aspeto da carroçaria um pouco arcaico não deixa dúvidas — também a componente elétrica obedeceu ao mesmo princípio.

Quando entrar em produção (agendada para 2023), o Munro MK_1 vai estar disponível em dois níveis de potência: 220 kW (300 cv) e 280 kW (380 cv).

O grande destaque a este nível é o recurso a motores elétricos do tipo axial, que recorrem a magnetos colocados em posição diferente daquela que é a norma na indústria automóvel: motores elétricos de síncronos permanentes em posição radial.

Uma solução que a Munro defende ser a mais apta para um veículo de características todo o terreno. Em primeiro lugar porque oferece mais binário e a rotações mais baixas. Por exemplo, enquanto o pico de rotação de um motor elétrico convencional é de 15.000 rpm, o motor elétrico deste jipe escocês fica-se pelas 8.000 rpm.

É quase metade das rotações. É por isso que estes motores são mais comuns em elevadores e aplicações industriais.

No total, seja qual for a versão, estamos a falar de 800 Nm de binário máximo. Uma «força» que, tal como nos jipes 4×4 convencionais, também pode ser desmultiplicada por uma caixa redutora de duas velocidades.

É graças a estes números que o Munro MK_1 será capaz de cumprir os 0-100 km/h em apenas 4,9 segundos. A velocidade máxima está limitada a 130 km/h.

Baterias para 16 horas de condução em todo o terreno

Os responsáveis da Munro acreditam que mais cedo ou mais tarde, todos os jipes com motor de combustão vão entrar para a “reforma”. Seja pelas restrições à circulação, seja pelo seu desgaste mecânico.

Por isso este modelo elétrico tem de ser uma alternativa. Uma alternativa que permita sair de estrada com verdadeira sensação de liberdade. Algo que não é compatível com ansiedade em termos de alcance das baterias.

Com essa ansiedade em mente, os Munro vai estar disponível com baterias de 61 kWh ou 82 kWh. Uma capacidade que permite, segundo a marca, conduzir em todo o terreno durante até 16 horas.

Produção arranca em 2023

O Munro Mk_1 é o primeiro modelo desta marca escocesa. Apesar do aspeto algo «inacabado», a versão de produção será muito próxima desta.

Quanto a valores, a marca estima que a versão de entrada seja proposta por cerca de 55 mil euros. Ainda não foram divulgados quais os mercados que vão receber o Munro MK_1 em primeiro lugar.

Guilherme Costa

Desde muito cedo trocou a companhia dos brinquedos pelas revistas de automóveis. Alimentado por essa paixão em 2012 fundou a Razão Automóvel.

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