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Este era o sucessor do Fiat Punto em 2013. Porque nunca aconteceu?

O Fiat Punto há muito que clamava por um sucessor. Os responsáveis da Fiat esclarecem agora as razões porque nunca aconteceu.

Fiat 500+, o sucessor do Punto
© Fiat

O último Fiat Punto, lançado em 2005, teve uma carreira anormalmente longa, mantendo-se no mercado até 2018 (o equivalente a duas gerações) e bastante desatualizado perante os seus principais concorrentes.

Caso a carreira da geração 199 do Punto seguisse o calendário habitual, uma nova geração deveria ter sido conhecida em 2011 ou 2012, mas tal nunca chegou a acontecer.

Fiat Punto
© Fiat Fiat Punto, geração 199 (2005-2018)

Para mais, quando a Fiat finalmente retirou o Punto do mercado, no final de 2018, ficou apenas um vazio. Nenhum modelo tomou o seu lugar. Uma decisão estranha, quando, historicamente, este segmento sempre teve na Fiat um dos maiores protagonistas.

Afinal o que se passou para a Fiat nunca ter substituído o Punto? Rumores não faltaram, assim como declarações dos responsáveis da marca, sobretudo de Sergio Marchionne, o malogrado e incontornável ex-diretor executivo do antigo Grupo Fiat e, mais tarde, FCA Group.

O “não” de Marchionne

No entanto, só muito recentemente (4 de julho de 2023), por ocasião da apresentação internacional do Fiat 600 e do Topolino, em Turim, evento no qual estivemos presentes, é que Olivier François, diretor executivo da Fiat, e Antonio Massacesi, diretor de novos produtos, esclareceram a ausência desse sucessor.

Fiat Punto
© Fiat

Antonio Massacesi foi quem esteve por detrás do projeto para o sucessor do Fiat Punto: “Quase o fizemos. O ponto de paragem do projeto veio de Marchionne que estava cético em relação ao segmento B: demasiado competitivo e nada rentável.”

Convém dar algum contexto ao que se passava na Europa há 10 anos. O «velho continente» estava em processo de recuperação da crise financeira global de alguns anos antes. A indústria automóvel tinha «batido no fundo» em 2012: o mercado contraiu sensivelmente quatro milhões de unidades anuais relativamente ao último ano pré-crise.

A crise originou uma guerra de preços, com descontos avultados, destruindo a rentabilidade de muitos modelos. Nos segmentos mais baixos, este tópico ganhou contornos mais dramáticos. Compreende-se a relutância de Marchionne em investir num modelo novo nestas condições, sem promessa de retorno.

Novo Punto ou 500 XL?

Massacesi encontrou uma solução para mitigar a questão do preço e rentabilidade. Propôs um sucessor para o Fiat Punto diferente que era, essencialmente, um Fiat 500 maior, com cinco portas e genes de crossover — o sucesso de modelos como o primeiro Nissan Juke certamente pesou nessa decisão.

Fiat 500+, o sucessor do Punto
© Fiat O único esboço revelado por Olivier François sobre o sucessor do Fiat Punto, com a data de 2013. Tem traços de 500X (2014), mas este 500+ é bem mais pequeno.

Foi precisamente essa proposta que François e Massacesi mostraram durante a apresentação, expondo um esboço oficial de 2013.

“Propusemos um 500 maior e eles gostaram da ideia: mais aspiracional que um Punto ou um Ford Fiesta ou um Renault Clio, e com um preço muito melhor”.

Antonio Massacesi, diretor de novos produtos da Fiat

Os responsáveis da Fiat gostaram do que viram e aprovaram o projeto deste 500+ (designação inicial). O desenvolvimento do novo modelo chegou a começar, mas como Massacesi esclarece, parou alguns meses depois.

Seria retomado mais tarde, não como um crossover, mas como um carro convencional (como o Punto) e depois parou outra vez.

O fim definitivo

Foram vários os avanços e recuos, mas questão crucial permanecia. Para fazer este Fiat 500+, era necessária uma nova plataforma; a Small usada pelo Punto (e Opel Corsa D e E) já estava desatualizada em matéria de segurança e emissões… Isto em 2013.

No entanto, os custos de desenvolvimento e a impossibilidade de os partilhar com outra marca — aumentando as sinergias e economias de escala —, foi o que acabou por «matar» em definitivo o projeto do 500+, o sucessor do Punto.

Importa relembrar que a plataforma Small do Fiat Punto evoluiu para a maior Small Wide. Esta deu origem ao Fiat 500L em 2012 e, dois anos depois, aos Fiat 500X e Jeep Renegade. Ou seja, ficou demasiado grande para o segmento do Punto (carros à volta dos 4,0 m de comprimento e pouco mais de 1,7 m de largura).

Novo Fiat 600, o sucessor indireto

A ideia de um sucessor do Punto «colado» ao 500, com genes de crossover, apesar de descartado, acabou por ser a génese do novo Fiat 600.

Olivier François com Fiat 600
© Fiat Olivier François, CEO da Fiat, durante a apresentação do novo Fiat 600.

O novo modelo apresenta-se, por agora, apenas como elétrico, assentando sobre a e-CMP2 (evolução da CMP), estreada pelo Jeep Avenger. E agora, as contas batem finalmente certo, graças às economias de escala e sinergias dentro da gigante Stellantis.