Há um novo felino britânico na coleção do Museu do Caramulo

Quem já teve a oportunidade de visitar o Museu do Caramulo sabe que se trata de uma experiência única, aqui mesmo, em Portugal.

A sua coleção leva-nos até outras eras e a atenção que se dá a cada modelo mostra o cuidado que existe em manter todos os modelos na sua melhor forma.

E agora, há um novo motivo para viajarmos até ao Museu do Caramulo. A coleção acaba de ser enriquecida com um dos superdesportivos definitivos dos anos 90, o Jaguar XJ220.

As suas linhas elegantes têm a assinatura de Keith Helfet e o seu desenvolvimento foi efetuado por um estrito grupo de engenheiros da marca de Coventry.

“O Jaguar XJ220 é um automóvel mítico, e que além de complementar a crescente colecção de desportivos em exposição, corporiza o espírito de competição que esteve sempre no ADN da Jaguar.”

Salvador Patrício Gouveia, Presidente da Direção do Museu do Caramulo

Forte ambição inicial…

A primeira vez que foi mostrado ao mundo, no Salão de Birmingham em 1988, o XJ220 era ainda um protótipo e ambição não lhe faltava. O objetivo era o de ser o carro mais rápido do mundo. O “220” referia-se a 220 mph (354 km/h).

A Jaguar equipou-o com um 6.2 V12 naturalmente aspirado e tração integral e o interesse gerado foi enorme. A marca britânica recebeu rapidamente 1500 depósitos de clientes, apesar das primeiras entregas só estarem previstas para 1992.

… que não teve correspondência (total) na realidade

Com uma pontualidade britânica, as primeiras unidades ficaram disponíveis para entrega ainda em 1991, tal como a unidade agora acolhida pelo Museu do Caramulo.

No entanto, o XJ220 que todos esperavam ver não foi o XJ220 que a Jaguar lançou no mercado.

Em vez do mais nobre V12 que muitos aguardavam, o Jaguar XJ220 chegou ao mercado com um 3.5 V6 biturbo. E em vez da tração integral também anunciada, afinal, este novo modelo tinha apenas tração traseira.

A Jaguar justificou as diferenças com os regulamentos, sobretudo os relacionados com as emissões poluentes, mas a verdade é que as expectativas foram goradas.

Muitos dos clientes que estavam à espera de um superdesportivo V12 com tração integral acabaram mesmo por cancelar a sua encomenda. Como que a colocar «sal na ferida», o abrandamento da economia nestes primeiros anos da década de 90 fez reduzir a procura por supercarros.

Como consequência, a Jaguar produziu apenas 275 unidades, com o último XJ220 a ser produzido em abril de 1994. Um valor muito abaixo do inicialmente previsto pela marca de Conventry.

Conseguiu ser o carro mais rápido do mundo?

Apesar das expectativas defraudadas, a verdade é que o Jaguar XJ220 era um superdesportivo de luxo com qualidades reconhecidas.

O 3.5 V6 biturbo dava ao XJ220 de produção (um pouco) mais potência do que o protótipo — 549 cv vs 530 cv —, e a ausência de tração integral ajudou a que fosse mais leve que o originalmente previsto.

Arranque a Frio

30 anos depois, conseguirá um Jaguar XJ220 dar 320 km/h?

O Jaguar XJ220 foi, por momentos, o mais rápido automóvel no planeta, alcançando os 349,4 km/h de velocidade máxima. Quanto desse poder de fogo ainda resta?

Fernando Gomes

Em 1992, o Jaguar XJ220 chegou mesmo a ser o automóvel de produção mais rápido do planeta, ao alcançar uma velocidade máxima de 217,1 mph (347,4 km/h) no Circuito de Nardo. Próximo das 220 mph originalmente pretendidas — seria destronado alguns anos depois por um tal de McLaren F1…

Reapreciação

Algo esquecido durante vários anos, o Jaguar XJ220 tem sido reapreciado nos últimos anos, com a procura a aumentar à medida que tem envelhecido.

Hoje é um verdadeiro automóvel de culto entre os mais apreciadores dos superdesportivos britânicos e dos superdesportivos no geral.

E agora é também a mais recente adição da coleção do Museu do Caramulo, servindo como «desculpa» para mais uma visita a este espaço.

André Mendes

Jornalista automóvel desde o final dos anos 90. Assistiu às grandes transformações do setor e acredita que o melhor ainda está para vir.

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