Autopédia TOP 15. Os melhores motores alemães de todos os tempos

German Domestic Market

TOP 15. Os melhores motores alemães de todos os tempos

A nossa viagem pela história dos motores que fizeram história continua. Abandonámos a terra do «sol nascente» em direção ao coração da indústria automóvel europeia. Gostem ou não, é a Alemanha.

Vou começar este artigo da mesma forma que comecei o artigo sobre os melhores motores japoneses. A gozar com os Diesel naturalmente…

Portanto, os devotos do icónico motor 1.9 R4 TDI PD nas suas mais diversas variações, podem ir pregar a sua religião para outra banda. Sim, é um excelente motor. Mas não, não passa de um Diesel. Depois de escrever isto nunca mais vou dormir descansado… uma nuvem negra oriunda de uma centralina mal reprogramada vai abater-se sobre mim.

A questão da «engenharia alemã»

Quer queiramos quer não, a Alemanha é o coração da indústria automóvel europeia. Terra da Volkswagen, da Porsche, da Mercedes-Benz da Ferr… ups, isso é Itália. Mas percebem onde quis chegar? Não significa que a melhor engenharia esteja toda concentrada na Alemanha, mas são aqueles bebedores compulsivos de cerveja e vinho quente — chama-se Glühwein e até se bebe bem… — que estão na dianteira dos acontecimentos.

MAIS MOTORES: TOP 10. Os melhores motores japoneses de todos os tempos

É por isso que as marcas não-europeias quando decidem vencer no velho continente assentam os seus «arraiais» em terras alemãs. Querem exemplos? Ford, Toyota e Hyundai. Marcas não-europeias que escolheram a Alemanha para corresponder às expectativas dos clientes mais exigentes do mundo: os europeus.

Pornografia mecânica.

Dito isto, vamos recordar algumas das mecânicas mais bem nascidas em terras alemãs. Vão faltar motores? Tenho a certeza que sim. Portanto é favor ajudarem-me fazendo uso da caixa de comentários.

Outra nota! Tal como na lista dos melhores motores japoneses, também nesta lista a ordem dos motores é aleatória. Mas posso avançar desde já que no meu TOP 3 deviam figurar os motores Porsche M80, BMW S70/2 e Mercedes-Benz M120.

1. BMW M88

motor bmw m88
Motor bmw m88.

Foi com este motor que a BMW alicerçou a sua reputação no desenvolvimento de motores straight-six. Produzido entre 1978 e 1989, a primeira geração deste motor equipou desde o icónico BMW M1 ao BMW 735i.

No BMW M1 debitava cerca de 270 cv de potência, mas o seu potencial de desenvolvimento era de tal ordem que a versão M88/2 que equipava os Grupo 5 da marca bávara chegava aos 900 cv! Estávamos na década de 80.

2. BMW S50 e S70/2

S70/2
Começou a carreira num M3 e casou-se com outro para animar o McLaren F1.

O motor S50 (spec. B30) era um seis cilindros em linha muito especial, debitava 290 cv de potência, recorria ao sistema de comando de válvulas VANOS (uma espécie de VTEC da BMW) e equipou o BMW M3 (E36). Podíamos parar por aqui, mas a história ainda vai a meio.

BMW S70
Um casamento feliz.

Ainda vai a meio? Então dupliquem. O motor, não a história. A BMW juntou dois motores S50 e criou o S70/2. Resultado? Um motor V12 com 627 cv de potência. O nome S70/2 não vos é estranho? É natural. Foi este motor que equipou o McLaren F1, o modelo com motor atmosférico mais rápido de sempre e uma das mais belas peças de engenharia da história. Sem qualquer exagero.

3. BMW S85

motores alemães
V10 Power

O motor S85 —também conhecido por S85B50 — é eventualmente o motor mais interessante da BMW dos últimos 20 anos. Sem rodeios, trata-se do motor 5.0 V10 atmosférico que equipou o BMW M5 (E60) e M6 (E63). Debitava 507 cv de potência às 7750 rpm e um binário máximo de 520 Nm às 6100 rpm. Redline? Às 8 250 rpm!

Foi a primeira vez que uma berlina desportiva recorreu a um motor com esta arquitetura e resultado foi… inesquecível. O som emanado pelo motor era inebriante e a entrega de potência demolia os pneus do eixo traseiro com a mesma facilidade com que eu derretia moedas de 100 escudos nas salas de arcada quando era puto.

sega rally arcade
O dinheiro que gastei nestas máquinas dava para comprar um Ferrari F40. Ou quase…

Do ponto vista técnico, era uma obra de arte. Cada cilindro tinha um corpo de acelerador com controlo individual, pistões e cambota forjados e fornecidos pela Mahle Motorsport, cárter (quase!) seco com dois injetores de óleo para que lubrificação nunca falhasse em aceleração ou em curvas em apoio.

Enfim, um concentrado de potência que no total pesava apenas 240 kg. Com uma linha de escape à medida o BMW M5 (E60) é das berlinas com o melhor som da história.

4. Mercedes-Benz M178

motor mercedes m178
A nova jóia da coroa da Mercedes-AMG.

É uma motorização muito recente. Lançada pela primeira vez em 2015, a família de motores M177/178 obedece ao princípio de construção da AMG “um homem, um motor”. Isto significa que todos motores desta família têm um técnico responsável pela sua montagem.

Uma excelente forma de garantir a fiabilidade da mecânica mas acima de tudo, mais um detalhe para esfregares na cara do teu amigo. “O motor do meu carro foi montado pelo Sr. Torsten Oelschläger, e o motor do teu? Ah, é verdade… o teu BMW não tem assinatura”.

motor assinatura amg
Detalhes.

Se este argumento — um pouco bazófia, é verdade… — não colocar um ponto final na vossa amizade, podes sempre ligar o motor e dar vida aos oito cilindros em V alimentados por dois turbocompressores com 1,2 bar de pressão, que dependendo da versão pode debitar entre 475 cv (C63) e 612 cv (E63 S 4Matic+). O som é estupendo. #sambandonacaradasinimigas

Outro ponto muito interessante neste motor é o sistema de desativação de cilindros que permite reduzir os consumos e as emissões em velocidade de cruzeiro. Potência e eficiência de mãos dadas, blá, blá, blá… who cares!

Mas chega de escrever sobre neste motor. Vamos passar para coisas (ainda!) mais sérias…

5. Mercedes-Benz M120

motor mercedes m120
Ou os motores estão mais feios ou fotografavam melhor naquela época.

Declaração de interesses: sou um grande adepto deste motor. O motor M120 da Mercedes-Benz é uma espécie de James Bond das motorizações. Sabe ter classe e elegância e também sabe uma ou duas coisas sobre ação «pura e dura».

Nascido no início da década de 90, trata-se de um bloco V12 em alumínio forjado que começou a sua carreira ao serviço de magnatas do petróleo, presidentes da república, corpos diplomáticos e empresários bem sucedidos (espero um dia inserir-me neste último grupo) ao animar o massivo Mercedes-Benz S600. Em 1997 pediram-lhe para deixar-se de mordomias e alinhar no Campeonato FIA GT animando o Mercedes-Benz CLK GTR.

Mercedes-Benz CLK GTR
Mercedes-Benz CLK GTR. Vamos passear?

Por questões de regulamento, foram produzidas 25 unidades de homologação com matricula, piscas… enfim, todos os dispositivos necessários para poder ser possível ir ao supermercado num carro de competição sem nos preocuparmos com as autoridades policiais. O mundo é hoje um lugar melhor por isso.

Mas a derradeira interpretação deste motor surgiu pelas mãos da Pagani. O Sr. Horácio Pagani viu no M120 o motor ideal para equipar os seus superdesportivos por dois motivos: fiabilidade e potência. Há uns três anos escrevi sobre um Pagani que já tinha mais de um milhão de quilómetros — recorda aqui (a formatação do artigo está péssima!).

Horacio Pagani
Horacio Pagani junto de uma das suas criações.

Se quiseres saber todos os detalhes deste empréstimo de motores entre a Pagani e a Mercedes-Benz tens de visitar obrigatoriamente este artigo — sabes que nós vivemos das tuas visualizações não sabes? ENTÃO CLICA!

6. Volkswagen VR (AAA)

Nascido na década de 90, parece ter sete vidas a família VR.

Vamos falar de modelos tão distintos como o Golf e o Chiron. Já vão perceber porquê…

O termo VR deriva da combinação do V (que diz respeito à arquitetura do motor) e Reihenmotor (que em português significa motor em linha). Numa tradução algo grosseira podemos traduzir o termo VR como “motor V6 em linha”. A Volkswagen desenvolveu originalmente este motor com o propósito de o montar transversalmente em modelos de tração dianteira, portanto tinha de ser compacto.

Em termos de funcionamento, o motor VR da Volkswagen tinha um funcionamento em tudo igual a um V6 tradicional — até a ordem de ignição era a mesma. A grande diferença face aos V6 tradicionais residia no ângulo do “V” de apenas 10.6°, longe dos ângulos tradicionais de 45°, 60°, ou 90°. Graças a este ângulo estreito entre os cilindros, era possível usar apenas uma cabeça e duas árvores de cames para comandar todas as válvulas. Isto simplificava a construção do motor e reduzia custos.

Ok… então tirando o facto de a Volkswagen ter conseguido reduzir o tamanho do motor, quais são os méritos deste motor? Fiabilidade. Era um motor extremamente fácil de preparar, aguentando valores de potência superiores a 400 cv. O comando de válvulas único e o ângulo das mesmas era a grande limitação deste motor.

Foi da tecnologia empregue neste motor que derivaram as motorizações W8, W12 e W16 do Grupo Volkswagen. Isso mesmo! Na base do motor do Bugatti Chiron está o motor de um… Golf! E não há mal nenhum nisso. É simplesmente fantástico que na base de um dos carros mais exclusivos e potentes da história esteja um pacato Golf. Tudo tem um princípio.

motor bugatti
Um motor francês com sotaque alemão. Muito sotaque alemão…

7. Audi 3B 20VT

motor audi b3
Motor B3 na versão que equipou A Audi RS2.

Os motores de cinco cilindros em linha estão para a Audi como os flat-six estão para a Porsche ou os straight-six estão para a BMW. Foi com esta arquitetura que a Audi escreveu algumas das mais belas páginas da sua história no desporto motorizado.

O motor 3B 20VT não foi o primeiro motor da Audi com esta configuração, mas foi o primeiro motor de produção «à séria» com 20 válvulas e Turbo. Uma das versões mais conhecidas equipada com este motor é a Audi RS2. Na versão ADU — que equipava a RS2 — este motor teve uma «mãozinha» da Porsche e debitava uns saudáveis 315 cv, que podiam transformar-se em 380 cv com apenas uns “toques”.

Há muito mais para dizer sobre este motor, mas tenho mais oito motores para escrever. A história continua com o CEPA 2.5 TFSI…

8. Audi BUH 5.0 TFSI

motor audi BUH 5.0 TFSI
There is no replacement for… vocês sabem o resto.

Quem é que nunca sonhou com uma RS6? Se nunca sonhaste com uma, é porque no lugar do coração tens uma máquina de calcular fria e cinzenta, preocupada com os consumos e com o preço da gasolina. Se já sonhaste junta-te a nós, estás do lado certo da força. E por falar em força, força era o que não faltava a este motor.

RELACIONADO: As carrinhas desportivas mais radicais de sempre: Audi RS6 V10 (geração C6-Typ 4F)

No centro da ação da Audi RS6 (geração C6) estava precisamente este motor BUH 5.0 TFSI bi-turbo com 580 cv de potência, bloco em alumínio, sistema de injeção duplo, dois turbocompressores a 1.6 bar (IHI RHF55), sistema de injeção de alta pressão (FSI) e peças internas dignas da mais alta relojoaria. Saibam que a Audi aplicou neste motor todo o seu «know-how» na manipulação do alumínio, seja através da fundição ou da maquinação de peças.

Conta-se pelas dedos de uma mão os proprietários que com esta base não aproveitaram para subir a potência para os 800 cv de potência. Eu faria o mesmo…

9. Audi CEPA 2.5 TFSI

Motor Audi CEPA TFSI
Tradição Audi

É a derradeira interpretação do motor de cinco cilindros em linha da Audi. Tal como vimos no BUH 5.0 TFSI, também neste motor a Audi recorreu ao melhor que existe no mercado.

No novo Audi RS3 este motor atingiu pela primeira vez a cifra dos 400 cv de potência. As versões deste motor equipadas com o turbocompressor BorgWarner K16 consegue comprimir até 290 litros de ar por segundo! Para processar esta quantidade de ar e gasolina, o CEPA 2.5 TFSI conta com uma centralina Bosch MED 9.1.2. Gostaram deste motor? Vejam isto.

10. Audi BXA V10

O derradeiro FSI da Audi.

Nasceu alemão mas naturalizou-se em Itália. Podemos encontrar este motor em modelos da Audi (R8 V10) e em modelos da Lamborghini (Gallardo e Huracán) num derivativo próprio da marca italiana, mas que partilha toda a tecnologia com a Audi.

As potências variam consoante a versão, podendo superar os 600 cv. Mas o grande destaque deste motor é a fiabilidade e capacidade de fazer rotação. De tal modo que este modelo, a par com o Nissan GT-R tem sido um dos prediletos para bater recordes nas corridas de drag-race com automóveis de produção.

11. Porsche 959.50

Porsche 959 motor
É lindo não é? Talvez este motor tenha a elegância que faltava ao Porsche 959.

Com apenas 2.8 litros de capacidade este motor flat-six alimentado por dois turbocompressores desenvolvia 450 cv de potência. Isto na década de 80!

Incorporava todas as tecnologias e inovações que a Porsche dispunha na altura. Nasceu com o propósito de fazer a Porsche regressar ao Mundial de Ralis, porém a extinção do Grupo B trocou as voltas à marca alemã. Sem Grupo B, este motor acabou por alinhar no Dakar e vencer.

Gostava de ver o Ferrari F40 a fazer isto.

Foi comercializado com o Porsche 959, o derradeiro rival do Ferrari F40, e dispunha de uma panóplia de tecnologias que ainda hoje não envergonham frente a um automóvel moderno. A potência e a tração integral do Porsche 959 ainda hoje é capaz de meter muitos carros em sentido. Como curiosidade tinha uma mudança todo-o-terreno, que na verdade não era todo-o-terreno coisa nenhuma — sabe mais aqui.

12. Porsche M96/97

motor porsche m96
O primeiro 911 liquid-cooled.

Se hoje o Porsche 911 ainda existe, agradeçam a este motor nas versões M96/97. Foi o primeiro motor flat-six refrigerado a água a equipar o 911. Ditou o fim da era «aircooled» mas garantiu a sobrevivência da Porsche e mais concretamente do 911.

Motivos mais que suficientes para constar desta lista. A primeira geração do M96 padecia de alguns problemas, sobretudo ao nível do bloco, que apresentava fragilidades em algumas unidades. A Porsche depressa reagiu e as versões subsequentes voltaram a apresentar a fiabilidade reconhecida à marca de Estugarda.

13. Porsche M80

motor porsche m80 carrera gt
A besta na sua jaula.

A história deste motor é rocambolesca mas merece uma leitura atenta! Mistura-se com a história da Porsche na F1 e nas 24 Horas de Le Mans. É demasiado extensa para reescrever neste artigo, mas poder ler tudo aqui.

Além de potente, o barulho deste motor é simplesmente sublime. Este motor M80 e o motor do Lexus LFA estão no meu TOP 5 pessoal de motores com melhor som.

14. Porsche 911/83 RS-spec

Obrigado à Sportclasse pela cedência desta imagem. Se virem bem conseguem ver o módulo Bosch MFI.

Tinha obrigatoriamente de falar no motor que deu início a história dos Rennsport (RS) na Porsche. Leve, rotativo e muito fiável, assim podemos descrever este flat-six da década de 60.

Uma das suas particularidades residia no sistema de injeção mecânica (MFI) da Bosch, que dava a este motor uma rapidez de resposta e sensibilidade notável. Os seus 210 cv de potência podem parecer pouco aos dias de hoje, mas catapultava o levíssimo 911 Carrera RS dos 0-100 km/h em apenas 5,5 segundos.

A NÃO PERDER: A primeira vez ao volante de um «air-cooled»

E já que estamos a falar de motores Porsche tenho de assumir uma falha. Nunca escrevi uma linha sobre Hans Mezger. Prometo que isto não fica assim!

15. Opel C20XE/LET

opel c20xe
German.

Não acredito. Ainda estão a ler este artigo? Espero bem que sim. Podem «varrer» toda a internet e respetivos motores de busca, eu não encontrei nenhum artigo tão extenso quanto este sobre os melhores motores alemães de sempre. Portanto vou fechar com chave de ouro! Um Opel…

Quando era puto, um dos meus heróis de quatro rodas era o Opel Calibra. Tinha sensivelmente seis anos quando avistei pela primeira vez o Opel Calibra na versão Turbo 4X4. Era vermelho, tinha uma carroçaria elegantíssima e matricula estrangeira (hoje sei que era suíça).

Depois descobri o FIAT Coupé e lá se foi a paixão pelo Calibra.

Foi um dos desportivos mais bem nascidos da história da Opel e vinha equipado com um motor C20LET, que na prática era um C20XE com alguns upgrades. Nomeadamente um turbocompressor KKK-16, pistões forjados da Mahle, gestão eletrónica da Bosch. De origem debitava apenas 204 cv de potência, mas a qualidade de construção de todos os componentes permitia outros voos.

Esta família de motores foi tão bem nascida que ainda hoje muitos fórmulas de iniciação recorrem à versão C20XE deste motor. Um motor que com facilidade atinge os 250 cv de potência sem recurso a turbo.


Chegou finalmente ao fim este TOP 15 dos motores alemães. Ficaram muitos motores de fora? Eu sei que sim (e nem entrei nos motores de competição!). Diz-me quais é que acrescentavas na caixa de comentários e pode ser que haja uma “parte 2”. Próxima lista? Motores italianos. Estou mortinho por escrever sobre o Busso V6.

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