Autopédia Mercedes-Benz e Renault. As 6 diferenças do motor 1.5 Diesel partilhado

Técnica

Mercedes-Benz e Renault. As 6 diferenças do motor 1.5 Diesel partilhado

O novo Mercedes-Benz Classe A 180d (geração W177) estreia uma versão revista do já conhecido motor 1.5 Diesel. Uma unidade de origem Renault que assume 6 diferenças nos modelos da Mercedes-Benz. Sabes quais são as diferenças?

Motor Mercedes Renault

No entender da Mercedes-Benz, os motores Diesel estão de boa saúde e recomendam-se. Assumindo sem complexos que os motores a gasolina continuam a ganhar terreno — já para não falar nos elétricos… — a marca alemã acredita no entanto que a tecnologia Diesel continua a ter futuro. Uma profissão de fé que no caso do mercado português faz particularmente mais sentido.

Daí que a marca sediada em Estugarda tenha atualizado o conhecido motor 1.5 Diesel de origem Renault (série K9K) para equipar o seu novo Mercedes-Benz Classe A 180d (geração W177). Este motor com o nome de código OM 608 junta-se assim a uma renovada gama de motores: o OM 654 (do Mercedes-Benz Classe E220d) e o OM 656 (do Mercedes-Benz Classe S 400d). Sem esquecer o novo plug-in Diesel da Mercedes, de que já falámos aqui.

Fizemos este artigo tendo em consideração os pedidos de esclarecimento que nos têm chegado — devido a este artigo que continua a somar milhares de visualizações. NOTA: As próximas linhas vão ser dedicadas às características técnicas do motor OM 608, portanto se quiseres saber apenas quais são as diferenças entre eles faz swipe para o final do artigo.

Motores Renault/Mercedes-Benz. É tudo igual?

A resposta é não. E com isto não estamos a dizer que o motor OM 608 (Mercedes-Benz) é melhor que motor K9K (Renault), ou vice versa. Não é disso que se trata.

Ora por uma questão de economia de escala (recurso a componentes partilháveis dentro da mesma marca), ora pelas diferenças de carácter que cada marca define para os seus motores, há características que mudam de modelo para modelo. Algo que por vezes acontece até dentro do mesmo grupo.

A título de exemplo, o motores do Grupo Volkswagen assumem diferentes mapas de gestão eletrónica consoante a marca — ainda que os números finais não sofram alterações.

Motor Mercedes Renault
Imagem de uma das versões do motor Renault 1.5 dCi (versão K9K 846).

Regressando ao motor que originou este artigo, o seu nome de código é “OM 608”. Trata-se de uma evolução do motor “OM 607” que já conhecíamos da anterior geração do Mercedes-Benz Classe A (W176). Nesta nova versão a potência do bloco 1.5 litros Diesel cresceu 7 cv, sendo agora de 115 cv (85 kW) às 4000 rpm, quanto ao binário máximo situa-se agora nuns interessantes 260 Nm às 1750 rpm.

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Valores suficientes para impulsionar o novo Mercedes-Benz Classe A 180d (W177) dos 0-100 km/h em 10,5s e superar os 200 km/h de velocidade máxima (202 km/h). Em termos de consumos, a marca anuncia 4,1 l/100 km em ciclo combinado e 108 g/km de CO2 — valores já de acordo com o ciclo WLTP.

Como é que a Mercedes-Benz alcançou este valor de emissões? Recorrendo a uma EGR mais próxima do motor (com circuito de alta e baixa pressão). Já o sistema de redução catalítica seletiva dos gases de escape (vulgo SCR) com AdBlue — podes saber mais sobre estes sistemas aqui — manteve as famigeradas emissões NOx sob controlo.

Vamos às diferenças (finalmente!)

Desculpem a longa introdução, mas é importante ir ao fundo da questão. A partilha de motores é na maioria das vezes um «tópico quente🔥» na indústria automóvel e não queremos ficar pela espuma do assunto.

Em comunicado, a Mercedes-Benz avança seis diferenças do OM 608 face à última geração do conhecido K9K da Renault. As diferenças são:

  • Apoios do motor;
  • Caixa de dupla embraiagem 7G-DCT (Mercedes-Benz);
  • Volante bi-massa específico;
  • Sistema Start/Stop;
  • Centralina;
  • Alternador e compressor do ar-condicionado.

Estas são as diferenças assumidas pelas Mercedes-Benz face aos motores que equipam os modelos Renault (e não só…).

Uma aliança estratégica

Com sabem, a parceria estratégica entre a Daimler (Mercedes-Benz) e o Grupo Renault-Nissan-Mitsubishi, não se fica pelos motores Diesel — conhecido por 180d nos alemães e por 1.5 dCi nos franceses. Também o motor M 282, um quatro cilindros a gasolina com 1.33 litros de capacidade, é mais uma face visível desta parceria estratégica. Vou ignorar a produção dos veículos comerciais e o Renault Twingo/Smart ForTwo na esperança que ninguém se lembre deles, ok?

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Produzido na fábrica da Mercedes-Benz em Kölleda (Thuringia, Alemanha), este motor 1.33 litros foi estreado nos Renault Scénic e Grand Scénic, e vai agora equipar também o Mercedes-Benz Classe A200.

Um motor que no Classe A200 desenvolve 163 cv de potência, 250 Nm de binário máximo e que estreia na sua produção um processo de revestimento dos cilindros em tudo semelhante ao usado no motor VR38DETT do Nissan GT-R. Um processo chamado NANOSLIDE. Um pormenor interessante, não achas?

Graças a este processo foi possível reduzir a fricção interna do motor e otimizar a transferência de calor, dois fatores com um impacto muito positivo no rendimento e na eficiência do motor.

Mas vamos dar este artigo por terminado— porque o texto já vai (muito) longo e creio que já deu para entender que há diferenças entre os motores, pese embora as partilha entre as marcas. Falámos do caso da Daimler e da Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi mas não faltam exemplos.

Goste-se ou não, a partilha de componentes tem sido uma constante na indústria automóvel e na maioria das vezes os maiores beneficiados temos sido nós, consumidores. Falo por mim, que durante mais de 400 000 km fui um feliz proprietário de um Volvo V40 1.9d CR (de 2001). Um modelo que como vocês sabem, apesar de ostentar o emblema da Volvo tinha uma plataforma japonesa (Mitsubishi) e um motor francês (Renault).

A partilha de motores é um assunto muito discutido entre os amantes de automóveis, a par da questão dos motores elétricos Vs motores de combustão. Nestes casos em particular, as opiniões têm tendência a extremarem-se e não são raras as vezes em que os argumentos assentam em preconceitos errados. Aqui na Razão Automóvel gostamos de contribuir para desmistificar alguns deles.

Aqui ficam alguns exemplos:

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