Autopédia Motores Diesel. Como evitar problemas no filtro de partículas, EGR e AdBlue

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Motores Diesel. Como evitar problemas no filtro de partículas, EGR e AdBlue

Os principais receios nos automóveis Diesel estão relacionados com potenciais e caras avarias nos sistemas anti-poluição. Como evitá-las?

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© Razão Automóvel

As apertadas leis anti-poluição continuam a fechar o cerco aos motores Diesel e os sistemas anti-poluição — válvula EGR, filtros de partículas e redução catalítica seletiva — têm sido os principais aliados para cumprir as exigentes metas.

Tecnologias que têm os seus benefícios, mas também os seus inconvenientes, nomeadamente quando variam ou não sabemos lidar com elas.

diesel GPL
Tecnologia

É possível converter um motor Diesel para funcionar a GPL?

Com o preço do gasóleo já próximo ao da gasolina, coloca-se a questão: é possível converter um motor Diesel para que consuma GPL?

João Delfim Tomé

O artigo é extenso, mas vai valer a pena para ajudar prolongar a vida dos componentes do teu carro a gasóleo, e poupar alguns trocos na carteira. Além disso, fica a conhecer cada um dos sistemas.

Válvula EGR (Exhaust Gas Recirculation)

Como o nome indica, a válvula EGR (válvula de recirculação dos gases de escape) — uma tecnologia que remonta à década de 70 — faz com que uma porção dos gases de escape gerados durante a combustão regressem à câmara de combustão para incinerar as partículas poluentes.

É um dos mecanismos que permite controlar as emissões NOx (óxidos de azoto), que são geradas num reduzido intervalo de altas temperaturas e pressões no interior do cilindro. O NOx é um dos poluentes mais prejudiciais à saúde humana.

Válvula EGR
Válvula EGR.

Os gases são reconduzidos para a admissão, onde são novamente queimados na câmara de combustão, o que permite baixar a temperatura no interior da câmara durante a combustão, reduzindo assim a geração de NOx e, ao mesmo tempo, queimando os NOx já gerados e presentes nesses mesmos gases de escape.

Causas e consequências

A válvula EGR está posicionada entre o coletor de escape e o coletor de admissão, e também tem desvantagens.

A principal é precisamente o retorno dos gases de escape, fazendo com que o coletor e todo o circuito de admissão acumulem sujidade, podendo restringir a potência e a eficiência do motor. O que faz com que possa receber um alerta na forma do acender da luz do motor. Isto pode significar que a válvula EGR não está a funcionar a 100%.

Fiquem a conhecer outros sintomas de que a válvula EGR possa precisar de uma limpeza ou substituição:

  • Temperatura do motor ligeiramente acima do normal;
  • Consumos acima do normal;
  • Trabalhar instável do ralenti;
  • Falhas na resposta do motor em baixos e médios regimes

Em caso de anomalia, antes da substituição da válvula EGR, deve-se começar sempre por fazer uma limpeza da válvula. É bastante simples e costuma dar bons resultados, tanto no andamento do automóvel, como… na carteira.

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© Driving Line

Como prevenção e mesmo que não tenha problemas de maior, deve-se efetuar a limpeza da EGR nas revisões. Para mitigar este problema, é não esforçar o motor Diesel quando está frio e evitar conduzir sempre a baixa rotação.

Filtro de partículas (FAP)

O filtro de partículas ou FAP está concebido para eliminar as partículas de fuligem dos gases de escape, e está localizado no sistema de escape.

É uma tecnologia mais recente que a tecnologia EGR e passou a ser obrigatório a partir de 2010, com a entrada das normas Euro 5. E além dos motores Diesel também passou a equipar, mais recentemente, os motores a gasolina.

fap filtro de partículas

Ao contrário de um catalisador em que os gases passam por canais abertos nos monólitos cerâmicos ou metálicos, no filtro de partículas isso não acontece. A finalidade destes filtros é prender a fuligem e a seguir eliminá-la, incinerando-as a altas temperaturas.

Como qualquer filtro, estes sistemas também precisam de ser limpos regularmente, de forma a poderem manter a sua função. O processo de regeneração é periódico, despoletado após a fuligem acumulada atingir um certo nível. É possível eliminar, durante este processo, até 85% da fuligem e em algumas situações quase 100%.

Causas e consequências

A forma de fazer a regeneração do filtro varia consoante a tecnologia usada pelos fabricantes automóveis. No entanto pressupõem sempre uma determinada temperatura do motor, dos gases de escape (entre 650 ºC e 1000 ºC) e um certo período de tempo. Pelo que a forma como usamos o carro determina e muito a saúde e longevidade deste componente.

Os percursos citadinos frequentes (normalmente curtos) ou o uso pouco frequente do automóvel, faz com que os filtros não atinjam a temperatura ideal para conseguir efetuar a regeneração e queimar as partículas.

Estas ficam acumuladas no filtro, aumentando a contrapressão no escape, fazendo com que o automóvel vá perdendo rendimento e aumente o consumo de combustível. Caso a regeneração não aconteça, poderá acender a luz de avaria no painel de instrumentos a informar que algo está mal com o filtro de partículas.

É possível iniciar-se um processo de regeneração se conduzirmos por mais ou menos 10 minutos, a velocidades superiores a 70 km/h, obrigando o motor a circular a regimes um pouco mais elevados que o normal.

Ignorando o aviso outro tipo de avarias podem surgir. O carro pode entrar em modo de segurança. Se isto acontecer a resolução já poderá exigir a deslocação a uma oficina para ser feita a regeneração.

Caso a regeneração já não seja possível, pois o nível de partículas existentes no filtro é muito elevado, será necessário a sua substituição, o que acarreta custos avultados.

A vida útil dos filtros de partículas varia muito, dependendo tanto do automóvel, como da condução que é feita. Pode ir dos 80 mil quilómetros, aos 200 mil quilómetros (até mais).

A substituição também pode ser feita quando se deteta que o mesmo já não consegue regenerar, ou por alguma situação no motor ou sensores que tenham danificado irremediavelmente o filtro.

SCR e AdBlue

Este aditivo que faz parte dos motores Diesel mais modernos chegou até nós mais recentemente, em 2015. E não é um aditivo de combustível, como insistem em referir.

Foi criado para que o motor Diesel conseguisse atingir os níveis de emissões exigidos pela norma Euro 6, sobretudo ao nível dos óxidos de azoto (NOx). Até então era usado apenas nos veículos pesados.

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A solução passa pelo sistema SCR — Redução Catalítica Seletiva —, cujo funcionamento ocorre através da utilização do líquido AdBlue. 

O sistema SCR é essencialmente uma espécie de catalisador, instalado no sistema de escape, que injeta o líquido chamado AdBlue no sistema de escape. Este provoca uma reação química que desagrega os gases provenientes da combustão e neutraliza-os, separando os óxidos de azoto (NOx) dos restantes. E ao fazê-lo transforma-os em gases inofensivos como vapor de água e azoto (N).

O que o AdBlue?
O AdBlue é uma solução aquosa de ureia — 32,5% de ureia pura, 67,5% de água desmineralizada — que é injetada no sistema de escape, provocando uma reação química quando em contacto com os gases de escape, neutralizando gases como o NOx.

A solução não é tóxica, mas é altamente corrosiva, motivo pelo qual o abastecimento é normalmente feito na oficina. E os fabricantes desenvolvem o sistema de forma a que a autonomia do depósito seja suficiente para percorrer os quilómetros entre revisões.

O sistema é totalmente independente e não interfere com a combustão no interior do motor, conseguindo eliminar até 80% das emissões de óxido de azoto, sem afetar performances e consumos.

Causas e consequências

São raras as avarias conhecidas neste sistema. No entanto, tal como nos filtros de partículas, pode gerar problemas idênticos, como a limitação de potência e até mesmo a impossibilidade de arrancar com o veículo. Isto pode acontecer por falta de AdBlue ou algum outro tipo de anomalia no sistema, e que esteja a impossibilitar o processo do sistema SCR.

Veja nesta galeria as recomendações para o bom funcionamento de um sistema AdBlue:

Neste caso, os percursos urbanos e a pouca utilização do carro, apenas vai levar a um maior consumo de AdBlue, devido às condições pouco favoráveis.

Nem todos os automóveis que recorrem a este sistema têm um indicador do nível de AdBlue, mas todos estão preparados para alertar o condutor quando o nível de AdBlue está baixo, altura em que ainda é possível percorrer alguns milhares de quilómetros até abastecer.

Os depósitos de AdBlue são pequenos, uma vez que o consumo é de aproximadamente dois litros para cada mil quilómetros.

adblue

Aqui a prevenção é feita apenas com o cuidado de não deixar o líquido AdBlue terminar.

Bons quilómetros!

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