Primeiro Contacto Já testámos o Citroën AMI. O derradeiro elétrico para a cidade?

Desde 7350 euros

Já testámos o Citroën AMI. O derradeiro elétrico para a cidade?

A Citroën apresenta-o como uma solução de mobilidade revolucionária, mas será que ele convence em estrada? Eis o Citroën Ami, o quadriciclo elétrico com 75 km de autonomia.

Citroën-AMI
AIFA Jorge Cunha

Já tivemos oportunidade de o conduzir em Berlim, na Alemanha, há cerca de 9 meses, mas só agora, na altura em que arrancam as vendas em Portugal, o conduzimos pelas ruas da cidade de Lisboa. Eis o Citroën Ami, uma proposta que quer revolucionar a mobilidade elétrica em cidade.

A marca do Double Chevron, prestes a completar 102 anos de vida, tem uma história repleta de veículos “fora da caixa”. Este novo Ami quer ser mais um exemplo — bem sucedido! — disso mesmo. Para isso conta com um desenho e uma concepção simples, com dimensões muito compactas e com um preço convidativo, sobretudo quando comparado com outras soluções semelhantes.

A execução e o funcionamento deste Ami até pode ser simples, mas o objetivo da Citroën para ele é, na verdade, bem complexo, já que a marca francesa olha para ele como uma espécie de “arma” para atacar o problema da mobilidade urbana do século XXI.

A NÃO PERDER: Rocks-e. A Opel também vai ter um Citroën Ami
Citroën AMI_4

Talvez por isso a Citroën Portugal o descreva como uma alternativa a soluções de mobilidade elétricas como “bicicletas, scooters e trotrinetas”. Já Rita Caninha, gestora de produto do Ami em Portugal, descreve-o como “um objeto e uma solução de mobilidade para todos”.

Mas afinal como classificamos o Ami? Bem, se quisermos ser rigorosos temos de chamar-lhe “quadriciclo ligeiro”. É esta a designação oficial deste pequeno veículo elétrico, que se enquadra na mesma categoria do eAixam.

Com que idade pode ser conduzido?

Esta é a questão que todos querem saber. Durante este primeiro contacto com o modelo fomos abordados duas vezes por pessoas que queriam saber o enquadramento legal deste elétrico. E a resposta é simples.

citroen_ami_cargo
© Miguel Dias / Razão Automóvel

Uma vez que se trata de um quadriciclo ligeiro (ou L6e, de acordo com a classificação da UE), o Ami pode ser conduzido em Portugal por adolescentes a partir dos 16 anos, bastando para isso ter a carta de condução B1.

E o tamanho?

Bem, as imagens que ilustram este artigo não mentem: o Ami é muito compacto. Com 2,41m de comprimento, é 28 cm mais curto do que o atual Smart ForTwo e 27 cm mais estreito. Mas importa lembrar que esta é apenas uma comparação de tamanhos, já que estes modelos divergem em tudo o resto.

Citroën AMI_4
AIFA Jorge Cunha

Construído a partir de uma estrutura tubular em aço, o Ami conta com uma carroçaria em polipropileno que se destaca por ser totalmente simétrica, pelo que a dianteira é exatamente igual à traseira. Também as duas portas são iguais, com o condutor a “receber” uma porta do estilo “suicida” e o passageiro a contar com uma porta de abertura normal.

LEIAM TAMBÉM: Solução de futuro? O Citroën DS original foi eletrificado

O objetivo de tudo isto é, mais uma vez, muito claro: simplificar. Graças a esta solução a Citroën conseguiu reduzir a lista de peças do Ami a menos de 250 e isso não só simplifica a sua montagem como permite manter os custos controlados.

Podem vê-lo em mais detalhe por fora e por dentro no direto que fizemos para o nosso Instagram durante a apresentação nacional do modelo:

O resultado é um modelo cujo peso total ronda os 485 kg, sendo que 60 kg são da responsabilidade da bateria de iões de lítio de 5,5 kWh, montada na traseira, que nos oferece uma autonomia de 75 km (WTMA, Ciclo de Teste Mundial de Motociclos) e leva  três horas a carregar por completo numa tomada doméstica convencional.

A alimentá-lo está um motor elétrico — montado na dianteira — que produz o equivalente a 8 cv e 40 Nm de binário que nos deixa acelerar até a um limite máximo de 45 km/h.

A NÃO PERDER: Do Alasca à Terra do Fogo. Citroën Traction Avant vai fazer viagem épica de 40 000 km

Como é conduzi-lo?

Curiosamente, conduzir um Ami pode ser uma experiência bastante… divertida. Sim, foi exatamente isto que eu quis escrever.

citroen_ami_cargo
© Miguel Dias / Razão Automóvel

Se o virmos por aquilo que ele é — um quadriciclo ligeiro para a cidade — e nos focarmos naquilo que ele promete, rapidamente percebemos que ele cumpre com o que anuncia. E isso é algo de que poucos veículos se podem gabar.

Mas dito isto, importa lembrar que o Ami não conta com equipamento de segurança, com ABS ou com direção assistida. Muito menos oferece o conforto que se espera de um automóvel novo. Mas mais uma vez, o Ami não é um carro.

Citroën Ami

A “suspensão” quase não tem capacidade de amortecimento e os bancos, feitos a partir de uma estrutura de plástico e que contam apenas com duas almofadas (uma no assento e outra nas costas), estão longe de ser confortáveis.

E já que falamos nos bancos convém lembrar que o banco do condutor “anda” para a frente e para trás, o que permite encontrar uma posição de condução favorável, ainda que a coluna da direção seja fixa. Já o passageiro não tem a mesma sorte e conta apenas com um banco fixo que está chegado o mais atrás possível para “libertar” espaço para a bagagem.

É certo que não existe bagageira, mas existem diversos espaços de arrumação no habitáculo, incluindo um espaço que foi especialmente pensado para acomodar uma mala de cabine de avião.

Mas… e na estrada?

Não são precisos muitos quilómetros para percebermos que mesmo sendo elétrico, o Ami está longe de ser silencioso. E isso explica-se pelo facto de a Citroën ter dispensado qualquer isolamento acústico. Ouvimos o vento, o motor e os pneus. E se formos com as janelas laterais abertas, que nos remetem para o saudoso Citroën 2 CV, tudo isso é amplificado.

Citroën Ami

Mas indo além disso, o Ami consegue ser bem mais equilibrado do que podíamos antecipar. E certamente que a configuração de “motor à frente e bateria atrás” não é alheia a isso. Curvar não é, por isso, um problema para o Ami, que também se despacha bem em reta… até atingirmos os 45 km/h de velocidade máxima.

LEIAM TAMBÉM: Jipes para quê? Esta Citroën C15 Dangel alterada até envergonha os “puros e duros”

A baixa potência e o baixo binário não permitem que as rodas do Ami patinem quando “pisamos a fundo” — como temos que andar sempre neste Ami! — e conseguimos acelerar dos 0 aos 45 km/h em cerca de 10s. Parece mais do que na verdade é e permite sair muitas vezes “na frente” à saída dos semáforos.

Citroën Ami

Já a direção é muito básica e não nos transmite qualquer sensação sobre o que está a acontecer. Mas encaminha o Ami para onde queremos e mesmo não sendo assistida, isso nunca chega a ser problema, muito por culpa dos pneus muito finos que equipam este elétrico. E verdade seja dita, o Ami consegue ser bastante ágil: tem uma brecagem de apenas 7,2m.

A NÃO PERDER: Citroën Xantia Activa volta a fazer o teste do alce. Ainda o melhor?

Ao volante do Ami, nunca ficamos com a sensação de que “somos o elo mais frágil” do trânsito. É certo que os 45 km/h por vezes são “curtos” e que numa estrada de paralelos as nossas costas sofrem, mas há muitos aspetos positivos a destacar.

Descubra o seu próximo carro

 

O para-brisas vertical e as janelas muito amplas permitem que o habitáculo fique inundado com luz e acabam com qualquer sensação de claustrofobia. E aqui, o teto panorâmico também oferece um importante contributo. Contudo, será interessante perceber como tudo isto será num dia de calor abrasador, já que este Ami não tem — naturalmente — ar condicionado.

Citroën Ami

Simples… mas conectado

O Ami dispensa “mordomias” como rádio, sistema de som ou ecrã central mas “convida” a que os utilizadores usem o seu smartphone para contornar tudo isto, bem como uma coluna de som Bluetooth (que até pode ser “arrumada” no tabliê do Ami).

E aqui, importa falar da app móvel My Citroën, acessível a partir do smartphone através do compartimento conectado DAT@MI. Isto permite ao condutor saber sempre, em tempo real, a autonomia do seu Ami, consultar o estado da carga e o tempo restante para um carregamento a 100%. Esta app permite ainda consultar a localização dos postos de carregamento públicos nas proximidades.

My Ami Cargo, o profissional!

A par do Ami, a Citroën também acaba de lançar o My Ami Cargo, uma solução pensada para profissionais e que combina os atributos do Ami convencional com um volume de carga útil superior a 400 litros e uma capacidade de carga útil de 140 kg.

citroeen_ami_cargo-3
© Miguel Dias / Razão Automóvel

Nesta variante, a área do passageiro é convertida num espaço de armazenamento de 260 litros com uma caixa modular protegida por sete divisórias em polipropileno.

Citroen My Ami Cargo

Experiência de compra digital

A Citroën gaba-se de oferecer um processo de compra 100% digital para o Ami, permitindo que os clientes o possam conhecer, configurar, marcar um test-drive (caso pretendam), encomendar e pagar online. Tudo isto em ambiente digital.

LEIAM TAMBÉM: O Citroën C4 elétrico faz esquecer as versões a combustão?

Depois, segue-se a entrega, que pode ser agendada no domicílio ou noutro local acordado. A entrega em casa ou num local à escolha tem um custo de 200€. A entrega num concessionário Citroën é totalmente gratuita.

Citroën AMI_4
AIFA Jorge Cunha

Disponível em 27 dos 29 concessionários da Citroën no nosso país, o Ami pode ser ainda comprado nas lojas FNAC, mas sempre com a entrega a ser assegurada pela Citroën. O Ami estará ainda exposto nas lojas FNAC do Amoreiras (Lisboa), de Santa Catarina (Porto), de Viseu e de Braga.

E os preços?

  • Ami Ami — 7350 €
  • My Ami Orange, My Ami Khaki, My Ami Grey e My Ami Blue — 7750 €
  • My Ami Pop — 8250 €
  • My Ami Vibe — 8710 €
  • My Ami Cargo — 7750 €

Nas variantes My Ami Orange, My Ami Khaki, My Ami Grey e My Ami Blue a aplicação dos kits de personalização pode ser feita pelo cliente, num processo que a Citroën apelida de “Faça Você Mesmo”. Qualquer um tem um custo de 400 €.

Já os kits para as versões mais equipadas (My Ami Pop e My Ami Vibe), que incluem, entre outras coisas, um spoiler traseiro (sim, leram bem!), são sempre aplicados num concessionário.

Especificações técnicas

Citroën Ami
Motor elétrico
Posição Dianteira transversal
Tipo Síncrono (imã permanente)
Potência 8 cv (6 kW)
Binário 40 Nm
Bateria
Tipo Iões de lítio
Capacidade 5,5 kWh
Peso 60 kg
Transmissão
Tração Traseira
Caixa de velocidades Caixa redutora (1 vel.)
Chassis
Suspensão FR: Independente, MacPherson; TR: Eixo de torção
Travões FR: Discos; TR: Tambores
Direção Não assistida
Diâmetro de viragem 7,2 m
Dimensões e Capacidades
Comp. x Larg. x Alt. 2410 mm x 1395 mm x 1520 mm
Distância entre eixos N.D.
Capacidade da mala Não tem
Rodas 155/65 R14
Peso 485 kg (DIN)
Prestações e consumos
Velocidade máxima 45 km/h (limitada)
0-45 km/h 10s
Consumo combinado N.D.
Emissões CO2 0 g/km
Autonomia combinada 75 km (ciclo WMTA)

Já testámos o Citroën AMI. O derradeiro elétrico para a cidade?

Primeiras impressões

5/10
Este é um veículo com um tipo de utilização muito específica e isso também se reflete na avaliação, que também ela precisa de ser muito… específica. E se é verdade que o Citroën Ami perde em praticamente tudo quando o comparamos com um automóvel, também é verdade que legalmente nem sequer o podemos considerar como tal: é um quadriciclo ligeiro. E nesse capítulo, o Ami cumpre com tudo aquilo que promete e apresenta-se como uma boa alternativa aos transportes públicos ou até a vários meios de transporte individuais, como as scooter, trotinetes ou bicicletas elétricas. Oferece uma condução muito ágil, é muito fácil de estacionar e afirma-se pela simplicidade. Quer de utilização quer de fabrico, o que naturalmente apresenta as suas vantagens e desvantagens. A vantagem óbvia é o preço, bem mais em conta do que outras propostas com a mesma classificação (L6e). Já as desvantagens fazem-se sentir ao nível do conforto e da escassez de equipamento.

Data de comercialização: Setembro 2021

Prós

  • Agilidade
  • Imagem divertida
  • Habitáculo bem iluminado
  • Preço

Contras

  • Conforto
  • Velocidade limitada (45 km/h)
  • Equipamento muito escasso
Sabe esta resposta?
Em que ano foi apresentado o Citroën XM Multimedia?