Testes Manta GSe ElektroMOD. Ao volante do “restomod” elétrico e de caixa manual da Opel

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Manta GSe ElektroMOD. Ao volante do “restomod” elétrico e de caixa manual da Opel

A Opel aderiu à «moda» restomod com o Manta GSe ElektroMOD, que recupera um nome e forma do passado para gerar a emoção que falta à eletromobilidade do futuro.

Opel Manta GSe ElektroMOD

O Opel Manta GSe ElektroMOD é o primeiro exercício de restomod da marca alemã e é o mais próximo que teremos de um regresso do histórico coupé da Opel.

Tal como aconteceu com o coupé de luxo Monza — o protótipo mostrado pela Opel em 2013, não o coupé dos anos 70 e 80 — não esperem que este restomod antecipe um regresso da marca alemã aos coupés de duas portas.

Afinal de contas, a Stellantis investe, sobretudo, em soluções financeiramente muito eficazes e os carros de duas portas não estão propriamente na linha da frente das preferências dos consumidores nos tempos que correm.

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Opel Manta GSe ElektroMOD

Aquilo para que o Manta GSe ElektroMOD serve é, acima de tudo, para mostrar que não só se continua a sonhar em Rüsselsheim, como para revitalizar um nome que já sabemos que irá ser recuperado para um crossover elétrico em 2025.

Fusão de passado e presente

As cores fortes, amarelo e negro, causam impacto quando moldadas com aquelas linhas bem conhecidas que tornaram famoso o Manta A na década de 70.

Os para-choques cromados do carro original foram apagados, no que pode ser considerado uma espécie de purismo analógico da moderna «era digital».

 Opel Manta GSe ElektroMOD
O Manta GSe ElektroMOD e um Manta A original.

O mesmo aconteceu com a grelha de radiador — os elétricos «respiram» muito menos — e com os faróis dianteiros, que foram substituídos por sofisticadas linhas LED — «emprestadas» pelo Mokka-e.

Estes novos faróis proporcionam mais luz, ocupam menos espaço e combinam bem melhor com os faróis traseiros de efeito tridimensional do que os faróis originais redondos.

Ainda na dianteira, ao meio, o visor digital pode apresentar o famoso relâmpago da Opel, mas também frases bem dispostas como “o meu coração alemão foi eletrificado” ou “estou numa missão com zero emissões”.

Passamos para o interior do Opel Manta GSe ElektroMOD e, tal como no exterior, descobrimos uma combinação de elementos do passado e do presente.

 Opel Manta GSe ElektroMOD
Os dois ecrãs trazem o interior para o século XXI.

Por um lado temos os bancos do último Opel Adam S; por outro encontramos um volante de três braços que remete para os tempos em que os automóveis pouco mais tinham de elétrico do que os sistemas luzes e o desembaciador do óculo traseiro.

Ao contrário do exterior, no interior predominam os tons escuros que combinam bem com a aura desportiva do Manta. Tal fica patente no painel de bordo e nas portas, mas também no teto forrado a Alcantara.

 Opel Manta GSe ElektroMOD
O volante é «à moda antiga»

A instrumentação digital foi cedida pelo Mokka-e tem a intenção de prolongar a fusão entre eras. Contudo, subsiste a ideia de que uns mostradores analógicos, em vez destes ecrãs digitais de 12” e 10”, poderiam ter muito mais charme.

O mesmo se pode dizer em relação às imagens digitais à esquerda do painel de instrumentos, que não conseguem cativar tanto como se aí tivesse sido colocado um rádio com um look dos anos 70.

Elétrico, mas com caixa manual

A versão mais potente do Manta A, o GT/E, contava com um quatro cilindros naturalmente aspirado com 1.9 l que não ia além dos 105 cv, rendimento facilmente ultrapassado pelo motor elétrico com 108 kW (147 cv) de potência e 255 Nm de binário máximo.

A alimentar o motor elétrico encontramos uma bateria com apenas 31 kWh que foi colocada dentro da bagageira do carro (o mais à frente possível para ajudar a baixar o centro de gravidade e a equilibrar a repartição de massas frente/traseira).

 Opel Manta GSe ElektroMOD

A autonomia é de apenas 200 km por carga e uma vez esgotada a bateria, são necessárias quatro horas para voltar a ter a carga completa, cortesia de um carregador de bordo de 9 kW.

Ao contrário do que conhecemos hoje em qualquer elétrico moderno, o Manta GSe ElektroMOD não só dispõe de caixa manual como também conta com um pedal de embraiagem, herdados do modelo original.

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Para que as mudanças pudessem ser engrenadas — deixando a condução mais próxima à do modelo original — foi necessário usar um adaptador especial e um veio de transmissão mais comprido (descoberto no armazém de clássicos da Opel).

Opel Manta GSe ElektroMOD 8
O carregador de 9 kW permite recarregar a bateria em quatro horas.

O objetivo passou por compatibilizar o motor dianteiro com a tração às rodas traseiras. Assim, engrena-se a primeira velocidade, solta-se a embraiagem e, só depois de se carregar no acelerador é que lá vamos nós, depressa e silenciosamente.

Se o condutor preferir pode sempre deixar engrenadas a terceira ou quarta velocidades e conduzir como se de um elétrico «normal» se tratasse.

Dinâmica melhorada

Em andamento, rapidamente nos habituamos a algumas queixas da estrutura do carro ao passar no degradado pavimento da cidade industrial de Rüsselsheim, ficando evidente que não há quaisquer reforços estruturais na carroçaria ou no chassis.

Apesar da eletrificação, a direção é pesada como a do carro dos anos 70. Pesada e bastante «vaga» junto ao ponto central, sendo um pouco mais «comunicativa» à medida que rodamos o volante e nos aproximamos dos extremos.

Opel Manta GSe ElektroMOD 8

O binário instantâneo de 255 Nm (muito superior aos 152 Nm do 1,9 l original) faz com que os arranques sejam muito rápidos: 8,9s de 0 a 100 km/h deixam para trás o ilustre antepassado, que precisava de 11,5s.

Por outro lado e curiosamente, os 188 km/h de velocidade máxima do Manta GT/E original são bem superiores aos 150 km/h eletronicamente limitados deste restomod (a poupança da carga da bateria a isso obriga).

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O chassis confirma uma afinação mais firme à frente do que atrás, mas sem ser excessivamente dura. Já a combinação de pneus 195/40 R17 à frente e 205/40 R17 atrás é invulgar, mas resulta.

Opel Manta GSe ElektroMOD 8

Esta solução de pneumáticos não só tempera os instintos mais bruscos que pudessem advir da tração traseira e do binário mais elevado e instantâneo, como também tem um bom efeito visual nesta unidade única do Manta elétrico.

A travagem sai amplamente beneficiada com a adoção de discos de maior diâmetro à frente e discos traseiros (em vez dos tambores originais), sendo ainda auxiliada pela massa de apenas 1137 kg — ainda assim, superior aos 980 kg do Manta GT/E.

É até possível recuperar alguma energia pela desaceleração/travagem, sendo necessário ativar a função por meio de um interruptor que existe no… porta-luvas.

Motivo de boa disposição

Neste primeiro contacto com este exemplar único, na estrada para Mainz, o Manta elétrico foi somando sorrisos e polegares levantados à sua silenciosa passagem.

Estes parecem dever-se não tanto ao facto de contar com propulsão elétrica, mas mais às suas formas saudosistas e às cores chamativas.

Opel Manta GSe ElektroMOD 8
Os espelhos tradicionais continuam presentes, não tendo sido substituídos por câmaras.

Os mais atentos notam até que este estranho Opel tem toda a legitimidade para rodar em estradas públicas. Afinal de contas exibe orgulhosamente uma placa de matrícula da Alemanha.

Provavelmente, nos dias de calor até se está melhor fora do carro, a vê-lo a passar, do que lá dentro, onde lamentamos, e muito, a inexistência de ar condicionado. Mesmo que seja uma boa maneira de aproximar as sensações ao volante do que eram há 50 anos…

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A canícula dentro do carro, mais do que a limitação causada pela autonomia, levou a que o passeio fosse mais breve do que poderia ser num dia de temperatura mais moderada.

Altura de devolver este Manta GSe ElektroMOD ao seu lugar, deixado vago, no desfile de carros únicos ou históricos da Opel, ao lado de «personagens» como o Ascona Rallye ou o Diplomat V8.

Contudo, o sonho de um Manta elétrico não tem que ficar por aqui. Qualquer proprietário de um destes modelos clássicos pode pedir à Opel para fazer a conversão para propulsão elétrica.

Mesmo que os mais puristas considerem tal ato como uma espécie de heresia, por um custo a rondar os 30 000 euros, o Manta A pode ficar apto para mais 50 anos de peripécias em estradas públicas.

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