Primeiro Contacto Ford Bronco Raptor. Absurdo e espetacular mas a que custo?

À prova de tudo?

Ford Bronco Raptor. Absurdo e espetacular mas a que custo?

Como se o Bronco “normal” não fosse suficiente, a Ford surge com a versão musculada e absurda do reinventado e icónico TT: este é o Ford Bronco Raptor.

Ford Bronco Raptor

Primeiras impressões

8/10

O Ford Bronco Raptor chega onde quiser, passando por cima daquilo que se lhe atravesse no caminho, mas na estrada não se sente como peixe na água.

Prós

  • Visual agressivo
  • Aptidões TT insuperáveis
  • Acelerações
  • Consumos em TT

Contras

  • Preço
  • Materiais no interior
  • Painéis do tejadilho
  • Travagem sob intensa exigência

Mesmo nos Estados Unidos da América onde é vendido por 86 mil dólares — sensivelmente metade do preço do que custaria em Portugal caso viesse a ser comercializado — pedir essa fortuna por um Bronco requer alguma audácia.

Mas claro, que, para clientes afluentes e com paixão pelo todo o terreno, exibir o logótipo Raptor — e toda a «musculatura» que deixa este Bronco apenas ao alcance do seu «inimigo» natural, o Jeep Wrangler Rubicon Xtreme Recon — é uma questão de estatuto para os que se atrevem a entrar nos trilhos mais difíceis do planeta. Um pouco como entre os esquiadores: uns ficam-se pelas pistas vermelhas, outros entram nas pretas sem sequer pestanejar.

O Raptor é mais selvagem do que o Bronco «normal» logo no seu visual, mas o aumento da largura em 25 cm(!) não foi feito propriamente na carroçaria. Aconteceu porque os guarda-lamas (em materiais compósitos) foram bastante ampliados.

Também as generosas aberturas para ventilação no capô (que não existe na versão «normal») e os ganchos para reboque, dão logo a perceber para aquilo que vem. E nem sequer é preciso optar pelas decorações opcionais que tornam o Bronco Raptor ainda mais… «especial».

Interior não acompanha preço pedido

Houve ainda reforços efetuados — que falarei à frente em mais detalhe —, para aguentar os «abusos» esperados, tendo como consequência uma melhor percepção da qualidade interior, com a redução de vibrações.

Para isso contribuíram também os painéis removíveis do tejadilho, fornecidos pela Webasto, que foram também reforçados — continuam a ser difíceis de bloquear e pouco práticos de manusear. A tarefa de aceder à primeira fila de bancos foi ainda facilitada, havendo novas pegas.

No entanto, o interior continua a ter um aspeto rústico, e é difícil aceitar que num todo o terreno que custará sempre perto de 100 mil euros (ou bem mais do que isso, dependendo do mercado), predominem os materiais de tato duro. E até para a instrumentação digital é necessário pagar à parte.

O mais potente

Em caminhos asfaltados, o Raptor consegue andar com bastante desenvoltura, pelo menos em reta, fruto dos 424 cv (418 hp) do V6 EcoBoost de 3,0 l. É um acréscimo de potência expressivo relativamente ao 2.7 V6 EcoBoost dos outros Bronco, que chegam aos 334 cv (330 hp).

motor v6 ecoboost bronco raptor
© Ford

Este motor EcoBoost biturbo foi alvo de um tratamento por parte dos engenheiros da divisão Ford Performance, para reduzir as perdas na admissão no escape e turbos maiores.

O «disparo» é mais sentido acima das 3000 rpm, depois de um lapso de tempo de entrada em ação dos turbos, mas a velocidade máxima de apenas 160 km/h fica refém dos pneus todo o terreno (TT) montados no Raptor. A caixa automática de 10 velocidades é um componente comum com os restantes Bronco, mas também foi reprogramada, o mesmo se podendo dizer da caixa de transferências com redutoras.

Fugir do asfalto

A sonoridade do V6 de 424 cv é esmagadora, as acelerações bastante eloquentes, mas à medida que as estradas asfaltadas se tornam mais sinuosas, as proporções, peso e pneus TT do Bronco Raptor deixam perceber que não é esse o seu habitat.

Num teste deste tipo (estrada a velocidades mais altas e TT mais exigente) não estranha que os consumos tenham ficado acima dos 20 l/100 km (bem acima dos 15,7 l/100 km oficiais), o que preocupará muito mais os ambientalistas do que o seu afluente proprietário.

Em modo automático, as passagens de caixa sucedem-se com fluidez a suavidade em modo Normal, passando a reter a mesma mudança mais tempo quando passamos a Sport. Já quando mudamos para engrenagem manual percebemos que as patilhas (atrás do volante) poderiam ser mais rápidas.

Claro que quando nos queremos mover mais depressa por estradas serpenteadas, começam a manifestar-se as naturais limitações de um veículo com estas dimensões. Se o tratamento for mais intenso os travões, mesmo que reforçados, podem começar a chiar em forma de protesto pelas altas exigências que lhes são feitas (são os mesmos da pick-up F-150). 

Felizmente surge o primeiro caminho de terra, que poucos quilómetros mais à frente, se iria transformar num terreno de obstáculos bastante delicados, com subidas íngremes, desníveis enormes, cursos de água e rochas com o aspeto de sólidas cataratas.

Enquanto o caminho é mais regular, mesmo estando coberto por terra e gravilha, percebe-se que se ouvem menos vibrações na estrutura da carroçaria, graças à inclusão de novas vigas no interior dos pilares central (em alumínio) e traseiro (em materiais compósitos). Os engenheiros da Ford dizem que incrementa a rigidez do Bronco Raptor nuns impressionantes 50%.

© Ford É audível a gravilha a bater contra a proteção inferior em todo o piso do Ford

Atributos TT reforçados

Quando o troço começa a ser mais desafiante, o Ford Bronco Raptor responde à altura. O sistema 4×4 pode ser apenas acionado apenas quando existe necessidade, mas os diferenciais em ambos os eixos podem ser eletronicamente bloqueados.

Além disso, fazem parte do equipamento de série um sistema de ajuda às descidas com forte inclinação e arranque em pendentes íngremes, um sistema GOAT (Go Over All Terrains que é como quem diz, «passa por cima de tudo») com modo Baja, em que o V6 se torna bastante mais audível; sistema de Controlo de Atrelado, Assistência à Viragem do Atrelado; e uma barra estabilizadora desconectável para otimizar a articulação dos eixos nestes terrenos especialmente desnivelados e exigentes.

A capacidade de reboque ascende a 2040 kg (mais 440 kg do que no Bronco «normal»), a capacidade de vau sobe de 85 cm para 94 cm, e a altura ao solo eleva-se de 253 mm para 333 mm. Nestes momentos de maior dificuldade causada pelo terreno o apurado controlo permitido pelas redutoras faz toda a diferença para continuar a marcha em segurança.

O chassis de longarinas foi imprescindível à medida que se tornou mais exigente a condução off road, devidamente coadjuvado pelas suspensões desenvolvidas para esse efeito.

O eixo traseiro normal foi substituído por um mais profissional Dana 50 Heavy Duty AdvanTEK com engrenagem anelar de 235 mm, enquanto à frente o eixo Dana 44 AdvanTEK recebeu semi-eixos reforçados e engrenagem anelar 210 mm, existindo novos amortecedores nas quatro rodas.

É por essa razão que a largura das vias também aumentou uns impressionantes 22 cm, para 1,87 m.

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Veredito

Ford Bronco Raptor

Primeiras impressões

8/10
Não está em causa a competência nas funções para as quais foi desenvolvido, que cumpre com um brilhantismo provavelmente impossível de igualar por parte de qualquer outro rival. Dá que pensar, contudo, que custaria mais de 150 mil euros em Portugal (caso fosse comercializado), valor que o Bronco Raptor não consegue corresponder em vários aspetos.

Prós

  • Visual agressivo
  • Aptidões TT insuperáveis
  • Acelerações
  • Consumos em TT

Contras

  • Preço
  • Materiais no interior
  • Painéis do tejadilho
  • Travagem sob intensa exigência

Especificações técnicas

Ford Bronco Raptor
Motor
PosiçãoDianteira, longitudinal
ArquiteturaV6
Cilindrada2950 cm3
Distribuição4 válv. por cilindro (24 válv.)
AlimentaçãoInj. direta, turbo, intercooler
Potência424 cv às 5750 rpm
Binário596 Nm às 3250 rpm
Transmissão
TraçãoÀs 4 rodas
Caixa de velocidadesAuto. de 10 vel. (com redutoras)
Chassis
SuspensãoFR: Independente, braços alumínio em A; TR: eixo rígido.
Bloqueios eletrónicos dos diferenciais Dana 44 (à frente) e Dana 50 (atrás)
TravõesFR: Discos ventilados; TR: Discos ventilados
Direção/Diâmetro de viragemPinhão e cremalheira, assistida
Dimensões e Capacidades
Comp. x Larg. x Alt.4851 mm x 2177 mm x 1976 mm
Distância entre eixos2959 mm
Capacidade da caixa de carga546-1804 l
Capacidade do depósito79 l
Rodas37” x 12,5” R17
Peso2250 kg
Aptidões TT
ÂngulosAtaque: 47,2º; Saída: 40,5º; Ventral: 30,8º
Altura ao solo333 mm
Capacidade de vau940 mm
Prestações e consumos
Velocidade máxima160 km/h (limitada pelos pneus)
0-100 km/h5,7s
Consumo combinado15,7 l/100 km
Emissões CO2235 g/km

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