Ensaio Testámos o 600e que resolve dois problemas à Fiat de uma só vez

Desde 36 350 euros

Testámos o 600e que resolve dois problemas à Fiat de uma só vez

Após vários anos que pareceram uma travessia no deserto, a Fiat precisava de uma proposta como o 600e. Está à altura das expetativas?

Fiat 600e Red

7/10

O 600e marca o regresso da Fiat a um segmento que já foi seu e atributos não lhe faltam para o reconquistar, mas talvez não como elétrico.

Prós

  • Ambiente a bordo
  • Habitabilidade
  • Experiência de condução simples

Contras

  • Comandos da caixa pouco práticos
  • Demasiados materiais rígidos
  • Equipamento de série comedido

Sou um grande fã do Fiat 500e e do seu estilo, confesso, e a opinião na restante redação da Razão Automóvel vai no mesmo sentido. A chegada da versão 100% elétrica representou um momento de enorme evolução para este modelo.

Porém, o 500e não é compatível com a família e faltava à Fiat um outro modelo que cativasse como o icónico citadino, mas que preenchesse essas necessidades. Bem, o Fiat 600e parece ser essa solução.

Ou seja, com apenas um modelo, a Fiat resolve dois «problemas» de uma só vez. Por um lado, regressa ao «núcleo duro» do segmento B que já liderou — desde o final de produção do Punto que a marca não estava presente. Por outro lado, dá aos fãs do pequeno 500 uma alternativa mais espaçosa e versátil, mas com estilo semelhante e até um toque de charme. Para mais, além deste elétrico, está também disponível com uma versão Hybrid, muito mais acessível.

A nova proposta da Fiat é baseada na mesma plataforma (e-CMP2) do Jeep Avenger e do Alfa Romeo Milano… perdão, Junior. Com um comprimento de 4,17 m e uma largura de 1,78 m, o novo Fiat 600e é mais pequeno que o 500X (ainda que não seja o seu substituto direto) e assim mantém-se perfeitamente adaptado aos ambientes urbanos.

No capítulo da estética, são diversos os elementos estreados com o 500 e que foram adaptados para este Fiat 600. Mas não o suficiente para os confundirmos, bem pelo contrário. Agora, no seguimento da ideia do “Made in Italy”, que a marca tanto promove, as cores aborrecidas são raras e nem sequer falta uma discreta bandeira italiana no para-choques traseiro.

Um característico tom “RED”

A unidade ensaiada era a RED, que mantém a ligação da Fiat à organização com o mesmo nome, determinada a oferecer ajuda no combate a doenças como a SIDA, entre outras.

Por este motivo, a cor da carroçaria não poderia ser outra que não a vermelha — ainda que também estejam disponíveis o branco e o preto —, que está também bem presente no habitáculo. Além da enorme faixa vermelha horizontal no tabliê, há ainda costuras vermelhas nos assentos e nos logótipos cozidos nas costas destes.

Ainda ao volante, a posição de condução é boa e fácil de encontrar, com assentos suficientemente envolventes e regulações amplas. Na fila traseira, o espaço disponível também é bastante amplo, tanto em altura como para as pernas. O lugar central será o menos desejável, ficando apenas como uma solução de recurso.

Um pouco por todo o interior, mas especialmente nos lugares da frente, são diversos os espaços de arrumação. Ainda assim, o maior de todos, como é fácil de adivinhar, é mesmo a bagageira, com uma volumetria de 360 litros.

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Comandos físicos, mas…

Ainda antes de iniciarmos a condução, recordamos a boa decisão de manter os comandos físicos para a climatização. No entanto, foi tomada a decisão de ter botões para os comandos da caixa, só que aqui, esta solução já não parece tão prática.

Ensaio Fiat 600e RED - comandos físicos
© André Mendes / Razão Automóvel

Durante as manobras, por exemplo, é quase sempre obrigatório olhar para estes quatro botões, para verificar se estamos a premir o correto. Não nos atrasa em nada, mas acho que o comando da caixa devia ter mais destaque e estar mais próximo das mãos do condutor.

Os mais apaixonados por tecnologia poderão achar o tamanho do painel de instrumentos demasiado compacto. Mas quando perceberem que o podem configurar ao seu gosto, o tamanho acaba por não ser uma condicionante.

Além deste, está também presente um ecrã central de comando tátil, onde estão concentrados todos os controlos e configurações, mas também a visualização do conteúdo dos smartphones, através de Apple CarPlay ou Android Auto.

Vontade de conduzir o 600e

Logo desde os primeiros quilómetros, este Fiat 600e agradou e fez com que gostasse de o conduzir. A empatia com a posição ao volante e o ambiente a bordo ficou acima da média e, em estrada, a presença das jantes de 16” e pneus de perfil generoso mantêm um ambiente a bordo tranquilo e silencioso, sem ruídos indesejáveis a assinalar e com uma excelente tolerância a pisos mais degradados.

A direção pode ser demasiado leve e o pedal de travão bastante filtrado. Em diversos momentos, a suspensão também fica mais macia que o desejado. Ainda assim, nada disto chega sequer perto de ser desagradável, bem pelo contrário, mas mostra que este não é um elétrico com aspirações de desportivo.

Para ajustar o desempenho dinâmico, há três modos de condução disponíveis (Eco, Normal e Sport), sendo que apenas no Sport estão disponíveis os 115 kW (156 cv) de potência deste sistema. Ainda assim, na grande maioria do tempo acabei por circular no intermédio, o normal, usando, em alguns contextos, apenas o modo “B” da transmissão de forma a potenciar a recuperação de energia para a bateria.

Fiat 600 no reino das tomadas

Para dar energia ao motor do Fiat 600e temos uma bateria de 54 kWh, que a marca diz ser suficiente para 400 km de autonomia. A média de consumo energético oficial é de 15,1 kWh/100 km, mas, ainda assim, pelo meio da confusão de entradas e saídas da cidade à hora de ponta, o 600e não se coibiu de nos mostrar valores como 13,3 kWh/100 km.

No final, o valor acabou por não ficar muito longe do declarado, com 15,6 kWh/100 km, mas os 400 km de autonomia ainda ficaram longe de alcançar.

Mais à «nossa» medida

Atualmente, a grande maioria dos automóveis 100% elétricos são adquiridos por empresas. No entanto, esta versão RED do Fiat 600e tem uma configuração que já permite a alguns clientes particulares equacionarem se vale ou não a pena integrar um automóvel que não precisa de combustíveis fósseis na sua rotina diária.

No capítulo do equipamento encontramos elementos como o painel de instrumentos digital ou o ecrã central de comando tátil para o sistema de infoentretenimento, entre muitos outros. Ainda assim, ficam a faltar outros, como a câmara traseira de ajuda ao estacionamento e o acesso ao habitáculo sem a necessidade de usar a chave. As jantes são de 16”, mas não são em liga leve, ainda que seja quase necessário estar perto delas para reconhecer que, a decorá-las, estão tampões de plástico.

A grande vantagem é que, desta forma, o Fiat 600e RED consegue ficar com um preço de tabela de 36 350 euros. Aos quais acrescem, na unidade testada que vê nas imagens… zero euros em extras.

Para tornar esta versão ainda mais apetecível, a Fiat tem a decorrer uma campanha destinada a clientes particulares, que ainda desce este valor para os 35 325 euros.

Pode não ser um preço tão apetecível como o da versão com motor de combustão — equipada com uma motorização mild-hybrid de 48 V com 100 cv e que custa 23 944 euros —, mas já dá que pensar, caso esteja a ponderar a aquisição de um carro 100% elétrico.

Veredito

Fiat 600e Red

7/10

O regresso da Fiat ao segmento B faz-se com uma proposta que cativa a vários níveis, onde destaco o interior. No caso deste 600e, sendo elétrico, o preço ainda é elevado, mas entre os outros elétricos até consegue ser competitivo. Para mais, mostrou ter um apetite comedido.

Prós

  • Ambiente a bordo
  • Habitabilidade
  • Experiência de condução simples

Contras

  • Comandos da caixa pouco práticos
  • Demasiados materiais rígidos
  • Equipamento de série comedido

Especificações técnicas

Versão base:36.350€

Classificação Euro NCAP: 0/5

36.350€

Preço unidade ensaiada

  • Arquitectura: Um motor elétrico
  • Posição: Dianteira, transversal
  • Carregamento: Bateria: 54 kWh (50,8 kWh utilizáveis)
  • Potência: 115 kW (156 cv)
  • Binário: 260 Nm

  • Tracção: Dianteira
  • Caixa de velocidades:  Caixa redutora (uma relação)

  • Largura: 4171 mm
  • Comprimento: 1781 mm
  • Altura: 1523 mm
  • Distância entre os eixos: 2562 mm
  • Bagageira: 360-1231 litros
  • Jantes / Pneus: 215/65 R16 98H
  • Peso: 1595 kg

  • Média de consumo: 15,1 kWh/100 km; Autonomia: 409 km
  • Velocidade máxima: 150 km/h
  • Aceleração máxima: >9s

    Tem:

    • Apple CarPlay e Android Auto
    • Ar condicionado automático
    • Bancos traseiros rebatíveis assimetricamente 40/60
    • Capas dos retrovisores em preto
    • Estofos em tecido reciclado
    • Faróis de nevoeiro em LED com função de ajuste do feixe de luz em curva
    • Faróis Full LED
    • Jantes de ferro 16” 215/65 R16
    • Keyless Go
    • Luz ambiente com 8 opções de cor
    • Painel de instrumentos digital
    • Sensor de chuva e luz
    • Sensores de estacionamento traseiros
    • Volante com controlos de áudio
    • Volante em pele sintética

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Pode encontrar a resposta aqui:

Este era o sucessor do Fiat Punto em 2013. Porque nunca aconteceu?