Conduzimos o BYD Han. O que vale o rival chinês do Tesla Model S?

Conseguirá o BYD Han quebrar o estigma de ser um topo de gama «Made in China»?

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A chegada da BYD ao mercado português dificilmente podia ter sido feita de forma mais afirmativa, com a marca chinesa a garantir de imediato uma gama que abrange os principais segmentos do mercado.

O Dolphin é a aposta nos utilitários (seg. B), o Atto 3 quer vingar na classe dos SUV compactos (seg. C), enquanto o recém-chegado Seal é o «ponta de lança» da marca nas berlinas executivas (seg. D).

Acima destes, como uma espécie de navio-almirante da BYD, surge o Han, uma berlina executiva de grandes dimensões para o segmento E que rivaliza com propostas como o Tesla Model S, o Mercedes-Benz EQE e o BMW i5.

Mas será que este elétrico chinês, que custa mais de 70 000 euros, tem o que é preciso para dar cartas num segmento tão difícil? Levámo-lo para a estrada e fomos descobrir. Veja o vídeo:

Ao bom estilo europeu

Com 4,995 m de comprimento, o Han dificilmente passa despercebido. Mas nem só de tamanho se conta a história deste modelo. Afinal as suas linhas foram concebidas sob a alçada de Wolfgang Egger, alemão que assinou o desenho do Alfa Romeo 8C Competizione e que esteve à frente do design de marcas como a Audi ou a Lamborghini.

O resultado é uma berlina de linhas elegantes e fluídas, que combinam na perfeição com uma assinatura luminosa rasgada e com um desenho mais futurista.

Falta-lhe uma identidade mais forte, é certo, mas o BYD Han não se afasta muito do estilo europeu, estando muito bem resolvido e sem os exageros típicos de alguns modelos que chegam do oriente. Por isso mesmo, é fácil apreciá-lo.

Qualidade dos materiais salta à vista

Dentro do habitáculo, o que salta de imediato à vista são os materiais, quase todos de grande qualidade, bem como a montagem, que se mostra bastante sólida.

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É certo que o desenho é algo conservador e que temos detalhes que já se sentem algo datados — as condutas de ar ou os frisos cromados —, mas tudo o resto surge em bom plano.

Suportado por uma oferta tecnológica muito interessante, que assenta num enorme ecrã multimédia central e numa instrumentação 100% digital, o interior do BYD Han destaca-se ainda pelo espaço generoso que oferece nos lugares traseiros.

Há espaço de sobra para as pernas e para a cabeça, sendo que é ainda possível reclinar (de forma elétrica) as costas dos bancos para encontrar uma posição mais confortável para as viagens mais longas.

Quanto à bagageira, oferece 410 litros de capacidade de carga, um valor que fica abaixo dos principais concorrentes, ainda que não comprometa.

Mas se quiserem conhecer em detalhe o BYD Han por dentro, o melhor mesmo é verem o vídeo em destaque:

Mais de 500 cv e mais de 500 km de autonomia

O BYD Han está disponível no mercado português com apenas uma motorização, que junta dois motores elétricos, oferecendo tração às quatro rodas.

O motor da frente entrega 180 kW (245 cv) e o traseiro disponibiliza 200 kW (272 cv), para uma potência total combinada de 380 kW (517 cv) e um binário máximo de 700 Nm.

Graças a estes números o BYD Han é capaz de acelerar dos 0 aos 100 km/h em 3,9s e de atingir os 180 km/h de velocidade máxima.

Mais de 500 km de autonomia

A alimentar tudo isto está uma bateria LFP com 85,4 kWh de capacidade, fabricada pela própria BYD. Esta permite que o Han anuncie uma autonomia em ciclo combinado WLTP de 521 km — no ciclo urbano sobe para os 662 km.

Contudo, durante este teste de vários dias, em utilização mista, não foi além dos 445 km possíveis com uma carga, considerando o consumo médio de 19,2 kWh registado.

Quanto aos carregamentos, podem ser feitos a uma potência máxima de 120 kW em corrente contínua (DC), o que permite passar dos 0 aos 80% de carga em 48 minutos. Já em corrente alternada (AC) estamos limitados a velocidades de 11 kW.

Conforto é palavra de ordem

Ao volante do BYD Han, o que salta mais à vista é o conforto de rolamento com que somos brindados. Tudo neste berlina 100% elétrica está orientado para o conforto, a começar na suspensão e a acabar nos bancos, que são do melhor que experimentei nos últimos tempos.

Esta atitude mais branda «paga fatura» quando subimos o ritmo, uma vez que quando exigimos uma atitude mais desportiva, saímos da zona de conforto do Han.

Os movimentos laterais da carroçaria podiam estar mais bem controlados e a direção podia ser ligeiramente menos assistida. Porém, o doseamento do pedal do travão merece todos os meus elogios, até porque costuma ser uma crítica recorrente nas propostas 100% elétricas.

No vídeo em destaque explico em mais detalhe como é conduzir este elétrico com quase cinco metros de comprimento.

Mais barato do que todos os rivais

Com um preço que começa nos 72 570 euros, o Han é — a par do Tang, o SUV — o modelo mais caro da BYD no nosso país.

Não é acessível, é certo, mas é um preço dezenas de milhares de euros mais baixo do que os principais concorrentes. Como escrevi no início, só faz sentido apontar a modelos como o Tesla Model S, o BMW i5 e o Mercedes-Benz EQE.

Além do mais, o BYD Han conta de série com uma lista de equipamento impressionante, onde saltam à vista os assistentes de condução que garantem condução autónoma de nível 2, os bancos aquecidos e refrigerados (à frente e atrás) e o sistema de som Dynaudio com 12 altifalantes e subwoofer. Há muito pouca coisa que este elétrico não tenha.