Ensaio BMW 330e. Melhorou em quase tudo menos onde mais importa

Desde 56 600 euros

BMW 330e. Melhorou em quase tudo menos onde mais importa

O BMW 330e foi renovado e ganhou argumentos, por dentro e por fora, mas o sistema híbrido ficou na mesma. É a escolha mais acertada da gama?

BMW 330e

8/10

Casa performance e economia como poucos, mas o BMW 330e pode não ser o Série 3 a ter

Prós

  • Disponibilidade do sistema híbrido
  • Comportamento dinâmico
  • Acabamentos
  • Conforto

Contras

  • Autonomia elétrica
  • Preço de alguns opcionais
  • Capacidade da bagageira face às versões «não híbridas»

O BMW Série 3 dispensa qualquer tipo de apresentação. Já anda por cá desde 1975 e agora, na sétima geração, está na melhor forma de sempre.

Mas num segmento tão concorrido quanto o das berlinas de segmento D, é necessário manter-se na melhor forma possível.

Por isso mesmo, quatro anos após o lançamento, a geração atual do Série 3 (G20) recebeu a habitual atualização de meio ciclo de vida, que lhe dá novos argumentos para a reta final da sua carreira.

BMW Série 3 frente
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel Um duplo-rim estreito, mais comprido que alto, algo que já não vemos muito no catálogo da BMW

A imagem exterior foi ligeiramente retocada, a lista de equipamento de série cresceu e o interior foi melhorado, ficando mais em linha com as propostas recentes da BMW.

Curiosamente, não há qualquer evolução mecânica a destacar. Será que a nova «maquilhagem» é suficiente para deixar o BMW Série 3, aqui como o híbrido plug-in 330e, ainda mais apetecível?

Desde logo, talvez o que salta mais à vista é o facto do BMW Série 3 continuar a resistir à tendência do duplo rim dianteiro vertical (exceto nas versões M3 e M3 Touring, naturalmente), como temos visto em quase todos os novos modelos da marca.

A meu ver, é um ponto positivo, uma vez que este Série 3 continua a pautar-se por uma certa elegância que contrasta de forma clara com aquilo que temos, por exemplo, no Série 4, com uma postura bem mais agressiva.

Interior deu salto importante

No interior, as alterações são maiores e, acima de tudo, mais importantes. Isto porque o Série 3 agora adota a mesma solução de painel curvo que encontramos em modelos como o BMW i4 ou iX.

Curiosamente, ao contrário do que o senso comum podia deixar antecipar, a integração deste painel curvo, de aspeto moderno, «casou» muito bem com o restante tabliê que já conhecíamos do Série 3 e que poucas ou nenhumas alterações sofreu.

Interior BMW 330e
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel O Série 3 recebeu o mesmo painel curvo que encontramos — um ecrã para a instrumentação de 12,3” e um ecrã multimédia central de 14,9″ —, por exemplo, nos BMW i4 e iX

Botões físicos para a climatização desapareceram

Porém, desapareceram os comandos físicos dedicados à climatização logo abaixo do ecrã, com a BMW a optar por colocar esses controlos diretamente no ecrã.

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É uma mudança grande e uma decisão que já critiquei várias vezes e em diversos modelos. Dificilmente o utilizador sai a ganhar. Aqui a minha opinião não foi diferente.

Mesmo assim, importa realçar que os controlos da climatização estão sempre visíveis no ecrã, o que facilita a sua operação, fazendo com que não seja preciso explorar menus e submenus até chegar a eles. Ao menos isso.

Mais abaixo, a consola central foi ligeiramente redesenhada, mas não perdeu o comando rotativo iDrive, que, confesso, continuo a apreciar.

Mesmo assim, reconheço que a melhor maneira de operar o sistema operativo OS 8 (o mais recente da BMW) é mesmo através dos comandos táteis.

Comando rotativo iDrive BMW
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel A tradicional alavanca da caixa automática desapareceu e deu lugar a um pequeno seletor

Outra novidade do renovado Série 3 é o facto de agora contarmos com mais equipamento de série, com particular destaque para o ar condicionado automático de três zonas, bem como um leque maior de ajudas à condução.

Quanto ao espaço, nada mudou deste a última vez que testámos o BMW Série 3.

Se o lugar central traseiro é de evitar, quem viaja nos dois lugares dianteiros e nos dois lugares traseiros (das extremidades) pode fazê-lo em grande conforto. Os materiais escolhidos dão nas vistas pela positiva e a qualidade de montagem não merece nenhum reparo.

Sistema PHEV devia ter sido atualizado?

Como já referi, a versão testada do renovado BMW Série 3 foi a híbrida plug-in 330e. Junta um motor a gasolina turbo de quatro cilindros e 2,0 l de capacidade a um motor elétrico (80 kW ou 109 cv) — montado na dianteira —, e a uma bateria com 12 kWh de capacidade.

O resultado é uma potência total combinada de 292 cv e um binário máximo de 420 Nm, números que são enviados em exclusivo às rodas traseiras através de uma caixa automática de oito velocidades (integra o motor elétrico que toma o lugar do conversor de binário).

Números que permitem o BMW 330e acelerar dos 0 aos 100 km/h em 5,8s e chegar aos 230 km/h de velocidade máxima.

BMW 330e motor
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel Com 292 cv de potência máxima combinada, esta é a versão híbrida plug-in mais potente do catálogo do BMW Série 3

Dinâmica continua em bom nível

São prestações muito respeitáveis para uma proposta como esta, que pode ser tão desportiva quanto o condutor quiser: a condução é envolvente, a direção é fácil de ler e o sistema motriz está sempre muito disponível.

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A primeira coisa que reparamos é na precisão dos comandos, sobretudo no modo Sport. A direção é rápida e precisa, tal como a BMW já nos habituou, mas sem nunca parecer demasiado nervosa. Tudo acontece de forma progressiva.

Depois, a sensação de estabilidade é grande, com as massas a mostrarem-se sempre muito bem controladas, mesmo nas mudanças de direção mais rápidas.

Volante M BMW
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel O Pack M Pro adiciona ainda bancos dianteiros desportivos e volante desportivo M em pele

Naturalmente, quando exageramos e carregamos no acelerador de forma mais incisiva, ou quando resolvemos desligar o ESC (controlo de estabilidade), o 330e perde alguma precisão e acusa o facto de contar com uma suspensão com muitas responsabilidades ao nível do conforto. E claro, não consegue esconder tão bem os 1845 kg que tem.

Apesar de tudo, este Série 3 respeita o ADN do logótipo que carrega e continua a exibir um comportamento dinâmico de referência.

Este é acentuado pelo funcionamento exímio da caixa Steptronic, que parece ler sempre muito bem o que lhe estamos a pedir. E nunca nos «corta» sempre que resolvemos intervir e fazemos uma passagem de caixa através das patilhas do volante.

BMW Série 3
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel

Depois, impressiona a disponibilidade do sistema híbrido, que é muito cheio logo desde os regimes mais baixos, com o motor elétrico a revelar-se uma ajuda importante.

Mesmo assim, não há milagres. Numa estrada secundária mais revirada, por exemplo, em situações de aceleração contínua e de travagens mais curtas, podemos começar a sentir a falta de «eletrões».

O modo Sport ajuda a mitigar isso, uma vez que aumenta a regeneração assistida e «força» o motor elétrico, sempre que possível, a servir de gerador para carregar a bateria (e assim manter um nível que possa ser usado).

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E depois temos a outra faceta do BMW 330e…

Se do ponto de vista dinâmico o BMW 330e se exibe em muito bom nível, também revela competência quando lhe pedimos «apenas» para ser um híbrido plug-in.

Em modo 100% elétrico, a reposta é sempre imediata e muito suave, o que acaba por tornar a condução em cidade muito agradável.

BMW ecrã central modos de condução
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel Numa wallbox de 3,7 kW são necessárias 3,6 horas para carregar totalmente a bateria deste 330e

Importa abrir um parênteses para dizer que mesmo estando equipado com jantes de 19” e não tendo, por exemplo, uma suspensão com amortecimento ajustável, o BMW 330e surpreendeu-me bastante ao nível do conforto.

A suspensão é muito eficaz a filtrar todas as irregularidades do asfalto e só mesmo numa estrada com um piso muito degradado é que revela dificuldades.

BMW Série 3 perfil
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel O Série 3 continua a ser um estradista de excelência

E os consumos?

Voltando ao sistema híbrido, a BMW anuncia 62 km em modo 100% elétrico, mas nos dias que passei com o 330e percebi que é difícil ir além da barreira dos 50 km. E neste capítulo já há mais marcas a fazer melhor.

330e ecrã central
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel A funcionalidade Battery Hold permite «guardar» uma determinada percentagem da carga da bateria para usar mais tarde

Com a bateria descarregada e alterando entre os modo Hybrid e Hybrid Eco Pro, consegui fazer consumos em torno dos 7 l/100 km.

No final deste ensaio, e percorridos 720 km (cerca de 400 km em autoestrada), registei um consumo médio de 6,7 l/100 km, o que não deixa de ser um número interessante para um PHEV com estas características e peso.

Quanto custa?

Com um preço base de 56 705 euros, o BMW 330e surge cerca de 9300 euros acima do 320i (só a gasolina e com apenas 184 cv) e 1300 euros acima do 320d (Diesel e com 190 cv).

Face ao 320e (híbrido plug-in com 204 cv de potência máxima combinada), que testámos antes deste restyling, é cerca de 3000 euros mais caro.

É fácil perceber que neste modelo, a BMW tem soluções para quase todos os gostos, desde os híbridos plug-in aos puramente a gasolina, passando pelos Diesel. E por isso, não consigo dizer de caras que este 330e é o Série 3 que faz mais sentido comprar.

BMW 330e
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel Emblema comemorativo (opcional) dos 50 anos da BMW M não passa despercebido

Para empresas, com os benefícios fiscais existentes (redução do IUC, redução no ISV e uma taxa de tributação autónoma reduzida), esta é a proposta a ter em conta juntamente com o 320e.

BMW 330e faz sentido para particulares?

Já para particulares, a decisão pode não ser assim tão simples, caso tenhamos de escolher com base nos custos de utilização.

BMW 330e perfil
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel Se o Série 4 oferece uma silhueta mais agressiva e desportiva, a imagem do Série 3 continua a pautar pela elegância

No que toca aos custos de utilização de um híbrido plug-in, eles só serão tão baixos como prometem se houver possibilidade de carregar de forma frequente em casa ou no trabalho. E, claro, se os percursos durante a semana forem citadinos ou mistos (as viagens de fim de semana não devem influenciar muito a escolha).

Só assim é possível tirar proveito dos cerca de 50 km em modo 100% elétrico que vão conseguir arrancar a esta bateria. Se esse for o vosso caso, então sim, acredito mesmo que este BMW 330e é o Série 3 a comprar.

Veredito

BMW 330e

8/10

Quando a «conversa» são berlinas capazes de entusiasmar quem gosta de uma condução desportiva, a BMW tem muito pouco a aprender com a concorrência. E nem mesmo as versões híbridas plug-in abdicam desse ADN. Com uma imagem elegante e com um interior com novos argumentos, este 330e está em grande forma. Mas a meu ver, exigia-se uma atualização ao sistema híbrido — quando olhamos para o lado, estes cerca de 50 km em modo 100 % elétrico já começam a ser curtos.

Prós

  • Disponibilidade do sistema híbrido
  • Comportamento dinâmico
  • Acabamentos
  • Conforto

Contras

  • Autonomia elétrica
  • Preço de alguns opcionais
  • Capacidade da bagageira face às versões «não híbridas»

Especificações técnicas

Versão base:56.600€

IUC: 215€

Classificação Euro NCAP: 5/5

70.299€

Preço unidade ensaiada

  • Arquitectura:4 cilindros em linha; motor elétrico
  • Capacidade: 1998 cm³
  • Posição:Motor combustão: Dianteira Longitudinal; Motor elétrico: Dianteira Longitudinal
  • Carregamento: Motor combustão: Injeção direta, turbo e intercooler. Motor elétrico: bateria de iões de lítio de 12 kWh
  • Distribuição: 2 a.c.c., 4 válv. por cil. (16 válv.)
  • Potência:
    Motor combustão: 184 cv
    Motor elétrico: 80 kW (109 cv) às 3140 rpm
    Potência máxima combinada: 292 cv
  • Binário: Binário máximo combinado: 420 Nm

  • Tracção: Traseira
  • Caixa de velocidades:  Automática de 8 velocidades

  • Largura: 4713 mm
  • Comprimento: 1827 mm
  • Altura: 1444 mm
  • Distância entre os eixos: 2851 mm
  • Bagageira: 375 litros
  • Jantes / Pneus: 225/50 R17
  • Peso: 1845 kg

  • Média de consumo: 1,3 l/100 km; Autonomia: 62 km
  • Emissões CO2: 30 g/km
  • Velocidade máxima: 230 km/h
  • Aceleração máxima: >5,8s

    Tem:

    • Frisos exteriores M Shadow Line, brilhante
    • Faróis dianteiros e traseiros LED
    • Jantes de liga leve de 17”
    • BMW Live Cockpit Plus com visor curvo BMW
    • BMW Operating System 8 com navegação
    • Volante desportivo em pele
    • Ar condicionado automático com controlo de 3 zonas
    • Transmissão automática Steptronic com patilhas de mudança de velocidade
    • Cruise Control com função de travagem
    • Sensores de estacionamento (PDC) dianteiros e traseiros
    • Espelho retrovisor interior com função automática antiencandeamento
    • Pack de espelhos interior e exterior
    • Monitorização da pressão dos pneus
    • Pintura Branco Alpine
    • Tecido ‘Hevelius’ em Anthracite/Preto
    • Frisos interiores Quartz prata mate
    • Bancos traseiros rebatíveis assimetricamente

Pintura BMW M Azul Portimão metalizada — 1000 €
Alarme antirroubo — 430 €
Sistema de acesso Comfort — 548 €
Pack desportivo M Pro — 1810 €
Jantes M 19” raios duplos bicolores — 943 €
Pack desportivo M (Faróis BMW M Shadow Line e Bancos dianteiros desportivos) — 3109 €
Encosto do banco do condutor com ajuste de largura — 101 €
Capas Espelhos em Preto — 93 €
Símbolos BMW 50 anos M — 170 €
Sistema de som HiFi — 319 €
Carregamento sem fios — 170 €
Pack Innovation (BMW Live Cockpit Professional) — 2650 €