Ensaio Para além do duplo rim XXL. Testámos o BMW 745e, o Série 7 híbrido plug-in

Desde 122 280 euros

Para além do duplo rim XXL. Testámos o BMW 745e, o Série 7 híbrido plug-in

Fez com que o meu sobrolho se elevasse ao confrontar o seu imenso duplo rim, mas conquistou-me pelos… tapetes. É impossível não gostar do BMW 745e iPerformance, o híbrido plug-in do Série 7.

BMW 745e iPerformance
© Razão Automóvel

Nunca pensei escrever algo do género num teste automóvel, mas, como se costuma dizer, há uma primeira vez para tudo e por isso aqui vai. Se me perguntassem por aquilo que mais gostei no BMW 745e iPerformance não teria dúvidas nenhumas em responder… os seus tapetes(!).

Sim… Leram bem. Quando me sentei atrás olhei de imediato para baixo — o que é que estou a pisar de tão macio que é? Não foi preciso mais que um breve momento para sentir o tapete com a mão… e outro breve momento depois já me estava a descalçar para apreciar confortavelmente e relaxadamente uma pequena viagem no banco de trás, de pés descalços sobre aqueles maravilhosos e felpudos tapetes.

O Série 7 é um daqueles carros em que estamos tão bem a conduzir como a ser conduzidos. Já repararam bem nas “instalações” dedicadas aos ocupantes traseiros?

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Mesmo sendo esta a carroçaria “curta” o que não falta é espaço atrás — a bagageira, por outro lado, não é muito grande, tendo perdido 95 l de capacidade, devido ao espaço ocupado pela bateria — e estamos rodeados de “mimos”.

São várias as saídas de ventilação, com controlo individual de climatização para cada um dos quatro lugares — tecnicamente são cinco, mas o lugar central traseiro é… indigno —; temos um tablet (7″) à nossa disposição para controlar vários sistemas (multimedia, ar condicionado, até o banco do passageiro dianteiro); os bancos são aquecidos; há cortinas de acionamento elétrico; e claro, há que destacar os confortáveis tapetes…

Verdade seja dita, parte do que referi nem sequer vem de série — a lista de opcionais é extensa e esta unidade nem era full-extras. Salta à vista o interior ser quase todo forrado a pele num tom bem vivo, que origina um ambiente a tender para o sumptuoso, cortesia da BMW Individual, onde a personalização pode ir até onde os nossos desejos (e carteira…) permitem.

BMW Série 7 Carbon Core
A experiência ganha com o i3 e i8 na manipulação da fibra de carbono começam a chegar a mais BMW. A estrutura do Série 7 é um mix de materiais, onde também se inclui a fibra de carbono. © Razão Automóvel

Não que a carteira seja algum tipo de impedimento neste segmento onde o Série 7 habita. Ninguém está à espera que o topo de gama da BMW tenha um valor moderado, mas arregalei instintivamente os olhos quando constatei que este 745e iPerformance em particular incluia mais de 40 mil euros em opcionais (quase metade deste valor referia-se ao “toque” da BMW Individual) — é possível comprar um hot hatch com 300 cv ou quase pelo mesmo valor e ainda ter troco!…

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Aquele duplo rim…

É o elefante na sala… Não é comum a BMW efetuar restylings tão profundos num modelo, mas foi necessário para responder aos anseios do mercado — sobretudo o chinês, que é onde o Série 7 vende mais.

É certo que a integração deste elemento no todo deixa algo a desejar, mas dito isto, numa avaliação geral, as alterações efetuadas pela BMW fizeram com que o Série 7 ganhasse um porte mais estatutário, direi até que mais em consonância com o papel de topo de gama que é (e não só devido ao massivo duplo rim).

E tendo em conta a radical rinoplastia operada, para melhor equilibrar o duplo rim com os restantes volumes, o renovado Série 7 parece só “fazer sentido” na variante longa, precisamente aquela que é a mais vendida — os rumores indicam que na próxima geração o Série 7 só terá mesmo uma carroçaria longa.

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Shhh…

Confortavelmente instalados no lugar do condutor — bancos aquecidos, ventilados, com massagem, bolsas laterais e encostos de cabeça ajustáveis —, destaque para a muito boa posição de condução. Pessoalmente preferiria que o volante, de ajuste elétrico, descesse um pouco mais (obrigou a efetuar alguns reajustes à posição do banco), mas a posição de condução não sofre por isso.

BMW 745e iPerfomance
© Razão Automóvel

O BMW 745e iPerformance não é pequeno, mas ao volante não é de todo intimidante. Mesmo em cidade, é fácil de conduzir, em muito ajudado pela direção precisa, de resposta imediata, e leve no tato. Essa leveza agradece-se na cidade e manobras mais apertadas, mas senti que um pouco de peso extra era bem vindo noutros contextos a outras velocidades.

Já em andamento o silêncio a bordo é… ensurdecedor — não difere muito de alguns elétricos que já me passaram pelas mãos. Só quando carregamos com mais convicção no pedal da direita e puxamos pelo seis cilindros em linha posicionado à nossa frente, é que o “sossego” é interrompido. As medidas anunciadas pela BMW para melhorar a insonorização a bordo parecem ter surtido o efeito desejado.

Mesmo a velocidades de cruzeiro elevadas, (bem) acima dos 120 km/h, quanto muito ouve-se e de forma bem discreta, o ar a passar pela carroçaria — o 745e é um excelente cruzador de autoestrada, ou autobahn, se preferirem. Isola-nos tão eficazmente que a 120-130 km/h parece ir a metade da velocidade sempre com uma estabilidade soberba, transmitindo enorme confiança ao seu volante.

Mas… e nas curvas?

Não podemos esperar que uma criatura com mais de 5,0 m de comprimento, 3,0 m de distância entre eixos e mais de 2000 kg, se comporte como um hot hatch, mas o BMW 745e iPerformance também surpreende, pela positiva, neste contexto.

Até merece usar o cliché “parece encolher à nossa volta”. Ao ter quase 400 cv de potência máxima combinada e 600 Nm de binário máximo combinado (parte dele disponível instantaneamente, cortesia do motor elétrico), o BMW 745e faz pouco da sua generosa massa, o que em conjunto com a direção leve e uma frente responsiva, ajudam a criar a ilusão de que se trata de uma criatura mais ligeira e compacta.

Manípulo da caixa automática BMW Série 7
Transmissão automática de 8 velocidades revelou-se uma ótima companheira. No entanto, em retomas de aceleração mais impetuosas, é percetível a demora em efetuar o kickdown. © Razão Automóvel

Com as ajudas desligadas (controlo de tração e estabilidade) o vasto e pesado 745e é um… “menino”. Tem uma atitude neutra e sendo tração traseira, é o eixo traseiro que, em último caso, cede. Mas é tão progressivo e civilizado na forma como o faz, que não o podemos classificar mais do que apenas uma correção de trajetória (ou seja, apontar a frente para o sítio correto).

O BMW 745e iPerformance é uma berlina de luxo, pelo que não seria de esperar que fosse a mais acutilante das experiências dinâmicas — a sua orientação para o conforto é evidente. Tal pode-se constatar no movimento da carroçaria, sobretudo entre a frente e traseira, apesar de termos uma suspensão adaptativa, que mesmo no modo Sport é algo “soft”.

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Quase me esquecia… o BMW 745e iPerformance é um híbrido plug-in

Infelizmente as oportunidades foram escassas para carregar a bateria de 12 kWh e aproveitar mais o modo elétrico do 745e, mas no modo híbrido a harmonia entre os hidrocarbonetos e os eletrões quase que nos faz esquecer de que existem duas motorizações distintas que têm como missão colocar o grande sedã em movimento.

Porta de carregamento do BMW 745e iPerfomance
© Razão Automóvel

Culpe-se (também) a excelente insonorização e a ausência de vibrações, mas a entrada do 3.0 straight six em cena para auxiliar o motor elétrico é praticamente imperceptível — apenas temos uma enérgica e linear entrega de força e potência como se tratasse de uma motorização só, capaz de transformar a mais desafiadora das encostas numa planície… Pulmão não lhe falta.

O que também “descobri” foi o quanta energia é possível recuperar em desacelerações e travagens. Durante a exploração dos dotes dinâmicos do BMW 745e iPerformance, com acelerações e travagens mais vigorosas, em poucas dezenas de quilómetros (nem sempre apressados) deu para enviar “sumo” suficiente para a bateria para ganhar 4-5 km de autonomia elétrica.

O resultado de andar praticamente sempre em modo híbrido e nem sempre com muita carga na bateria, refletiu-se nos consumos, com uma média geral aproximada de 8,0 l/100 km.

BMW 745e iPerfomance
© Razão Automóvel

Com possibilidade de carregar o BMW 745e iPerformance regularmente, os consumos certamente decrescerão, e não seria difícil apontá-lo como uma alternativa válida ao 740d. A possibilidade de fazer à volta de 40 km em modo elétrico, deverá permitir cobrir uma grande parte das necessidades de deslocação diárias.

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É o carro certo para mim?

Se és um dos que tem possibilidade de almejar a um Série 7, certamente não ficarás arrependido. O BMW 745e iPerformance faz muito para defender a causa dos híbridos plug-in, não só possuindo um excelente e harmonioso grupo motriz, como é capaz de entreter ao nível das prestações e aptidões dinâmicas.

Caso sejam conduzidos, também ficarão muito bem servidos — chegar ao fim de um dia intenso de trabalho, instalarmos-nos confortavelmente no banco de trás, tirar os sapatos e pisar aqueles fantásticos tapetes, é sinónimo de relaxamento. E para mais, podem também encontrar na extensa lista de opcionais bancos traseiros com massagem (que esta unidade não trazia) — a tentação é grande…

Estes “mimos” não saem definitivamente baratos, mas este é também o topo de gama da marca do (massivo) duplo rim.

Para além do duplo rim XXL. Testámos o BMW 745e, o Série 7 híbrido plug-in

BMW 745e iPerformance

8/10

Temos de olhar para lá do massivo duplo rim que o renovado Série 7 ostenta. É impossível não apreciar o que o BMW 745e iPerformance oferece. Não é só o conforto ou a qualidade do ambiente a bordo; esta versão híbrida plug-in oferece um muito bom mix de refinamento motriz, com prestações elevadas e consumos moderados. É previsivelmente caro, mas mesmo assim, mais de 40 mil euros em opcionais custa a aceitar. E já falei nos tapetes e quão excelentes são ao toque?

Prós

  • Grupo motriz
  • Conforto
  • Comportamento dinâmico
  • Os tapetes, aqueles maravilhosos tapetes…

Contras

  • Bateria rouba 95 l à bagageira
  • Mais de 40 mil euros em opcionais

Versão base:€122.280

IUC: €533

Classificação Euro NCAP: 0/5

€162.841

Preço unidade ensaiada

  • Arquitectura:6 cil. em linha
  • Capacidade: 2998 cm3 cm³
  • Posição:Dianteira Longitudinal
  • Carregamento: Inj. Dir., Turbo, Intercooler
  • Distribuição: 2 a.c.c., 4 válv. por cil.
  • Potência:
    Máxima combinada: 394 CV (290 kW) entre as 5000 e 6000 rpm
    Motor de combustão: 286 cv (210 kW)
    Motor elétrico: 113 cv (83 kW)
  • Binário:
    Máximo combinado: 600 Nm. Motor de combustão: 450 Nm entre as 1500 rpm e 3500 rpm
    Motor elétrico: 265 Nm às 2700 rpm

  • Tracção: Traseira
  • Caixa de velocidades:  Automática 8 vel. (Conversor de Binário)

  • Largura: 5120 mm
  • Comprimento: 1902 mm
  • Altura: 1467 mm
  • Distância entre os eixos: 3070 mm
  • Bagageira: 420 l
  • Jantes / Pneus: Fr.: 245/40 R20; Tr.: 275/35 R20
  • Peso: 2070 kg

  • Média de consumo: 2,2 l/100 km; 18 kWh/100 km; 46 km de autonomia elétrica
  • Emissões CO2: 51 g/km
  • Velocidade máxima: 250 km/h
  • Aceleração máxima: >5,2s

Pintura metalizada Cinza Dravit — 2490 €
JLL 628M 20" — 3050 €
Pele Integral "Merino" BMW Individual — 9930 €
Pack de fumadores — 370 €
Pack Ambient Air — 420 €
Forro do teto antracite BMW Individual — 480 €
Bancos dianteiros e traseiros aquecidos — 520 €
Controlo Touch BMW — 550 €
Vidros com proteção solar — 550 €
Assistente de Estacionamento PLUS — 630 €
Controlos com detalhes em cerâmica — 920 €
Ventilação ativa dos bancos dianteiros — 1090 €
Ar condicionado automático com controlo de 4 zonas — 1100 €
Bancos dianteiros Comfort ajustáveis electricamente — 1190 €
Cortinas dos vidros laterais traseiros — 1270 €
Função de massagem nos bancos dianteiros — 1380 €
Vidros laminados de conforto climático — 1530 €
Direção ativa integral — 1580 €
Teto abrir elétrico — 1810 €
BMW Laserlight — 1930 €
Assistente condução Profissional — 5930 €
Sistema de som Surround Bowers & Wilkins Diamond — 5930 €.