Opinião O meu desejo de ano novo? Ver a Honda correr entre os carros no Dakar

Rali Dakar

O meu desejo de ano novo? Ver a Honda correr entre os carros no Dakar

Bem sei que o ano novo já lá vai, mas deixem-me sonhar. Depois da vitória da Honda no Dakar entre as motos, porque não tentar o mesmo nos carros?

Honda Ridgeline Baja

Seja pelo facto de a equipa ter contado com Rúben Faria e Hélder Rodrigues como “engenheiros” do regresso às vitórias 31 anos depois, ou por esta vitória ter posto fim a um domínio da KTM que se prolongava há já demasiado tempo para bem da competição, a vitória da Honda no Dakar na categoria das duas rodas deixou-me feliz.

Posto isto, na “ressaca” da prova que este ano se realizou pela primeira vez na Arábia Saudita, uma questão assaltou-me o espírito: será que alguma marca conseguiu vencer o Dakar na categoria de carros e motas? Uma visita rápida à Wikipedia revelou-me aquilo que eu já desconfiava: tal nunca aconteceu na história da prova.

À primeira vista, há uma explicação simples para que isto assim seja. Afinal de contas, não são muitas as marcas que produzem automóveis e motos.

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Aliás, tendo em conta as restantes categorias, apenas duas marcas conseguiram acumular vitórias: a Mercedes-Benz, que tem vitórias entre os camiões e os automóveis (em 1983 conseguiu até vencer nas duas categorias em simultâneo) e a Yamaha, que já venceu nos quad e motos.

O exemplo da BMW

Ainda assim, mais uma visita às estatísticas da prova idealizada por Thierry Sabine revelou-me que há duas exceções a essa regra: a BMW e a Honda.

Como bem sabes, até hoje, entre as duas marcas apenas a alemã tentou juntar à glória alcançada nas duas rodas uma vitória na categoria dos automóveis. Por isso mesmo, após a vitória da Honda no Dakar deste ano questionei-me: porque é que a Honda não tenta fazer aquilo que nenhuma marca fez até agora?

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Os prós de uma possível tentativa

Sim, bem sei que os tempos que se vivem na indústria automóvel são pouco propícios a grandes investimentos desportivos. No entanto, acredito que uma possível participação da Honda na categoria dos automóveis poderia trazer mais benefícios do que prejuízos.

Para começar, numa altura em que os SUV/Crossover dominam o mercado, a participação da Honda no Dakar na categoria dos automóveis serviria como uma interessante forma de publicitar os seus modelos mais aventureiros.

Afinal de contas, por muito que a indústria automóvel tenha mudado nos últimos anos, não me parece que uma participação bem sucedida no Dakar seja má publicidade. Para tal, basta ver exemplos recentes como os da Peugeot com os 2008 e 3008 DKR, da MINI com o Countryman e, recuando mais um pouco, da Mitsubishi com os saudosos Pajero.

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Peugeot 3008 DKR
O regresso da Peugeot ao Dakar custou muito dinheiro? Sim, custou. No entanto, penso que as três vitórias consecutivas vieram comprovar que se tratou de uma aposta de sucesso.

Para além disto, a Honda poderia encarar a participação no Dakar como um banco de ensaio de novas tecnologias. Já imaginaram as maravilhas que faria à imagem do sistema híbrido da Honda um modelo equipado com o mesmo alcançar um bom resultado na maior maratona do todo o terreno?

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Honda NXR750 Dakar Africa Twin
A Honda conhece bem as “maravilhas” que bons resultados no Dakar fazem pelas vendas. Veja-se o exemplo da “eterna” Africa Twin.

Por fim, entre as razões por detrás de uma hipotética participação da Honda na categoria de automóveis no Dakar, sobra um motivo mais lírico: o prestígio de fazer história.

Já imaginaram o que seria à sua já longa história de sucessos desportivos (que vão desde o Moto GP até aos Campeonatos de Turismo passando, é claro, pela Fórmula 1) a Honda poder acrescentar uma inédita vitória em duas categorias do Dakar? Melhor só mesmo se as conseguisse alcançar no mesmo ano.

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Os contras dessa possível tentativa

À primeira vista, o principal óbice a esta empreitada da Honda seria, como é óbvio, o custo. Principalmente se tivermos em conta que a indústria vive na era do “Politicamente Correto”, com os contabilistas a ter um peso cada vez maior nas decisões das marcas.

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Honda Ridgeline Baja
Caso não saibas, a Honda corre na Baja 1000 com uma pick-up, a Ridgeline. Porquê não aproveitar o know-how e correr no Dakar?

Posto isto, não imagino que fosse fácil convencer os contabilistas da Honda a aceitarem abrir mão de uma considerável quantia de dinheiro para criar um programa desportivo destinado a correr no deserto.

Ainda assim, acredito que a história da marca (que conta com uma forte tradição no desporto automóvel) poderia vir a ajudar a convencer os responsáveis pelas contas da Honda.

Outro “contra” é a possibilidade de o projeto não correr bem. No entanto, neste aspeto penso que a tendência metódica que por norma caracteriza as marcas japonesas poderia ajudar a reduzir este risco.

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Honda Dakar
Este ano os festejos da Honda foram feitos nas duas rodas. Será que o mesmo poderá vir a acontecer nas quatro rodas?

Para além disso, apesar de ser na categoria das duas rodas, a Honda não é propriamente uma novata nas andanças do Dakar, tendo já a experiência necessária para evitar “erros de juventude”.

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Um sonho (quase) impossível de concretizar

Bem sei que a possibilidade de a Honda tentar uma dobradinha no Dakar é bastante remota. Neste momento, nos automóveis a marca nipónica está envolvida tanto nos Turismos como na Fórmula 1 e, muito honestamente, não me parece que uma partipação na categoria dos automóveis no Dakar faça parte dos seus planos.

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Ainda assim, como fã acérrimo da maior prova de todo o terreno do mundo, tenho de parafrasear o famoso José Torres que, quando foi confrontado acerca das hipóteses da seleção nacional de futebol se apurar para o Mundial de 1986 num jogo contra a Alemanha em Estugarda afirmou: “deixem-me sonhar mais um pouco”.

E sim, eu sonho com um modelo da Honda a rasgar as areias do deserto ao lado de uma mota da marca e, quiçá, a fazer história, conseguindo uma vitória nas duas categorias. Afinal de contas, o Civic Type OveRland de que te falámos há uns tempos parecia ou não apto para o Dakar?

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Ao volante do Honda HR-V Sport. Queimar os últimos cartuchos