Paris quer expulsar os SUV das ruas e tem uma solução de peso

Da mesma forma que França já está a taxar o peso dos automóveis novos, a capital Paris pode estar a ver nesta medida uma solução para combater o excesso de SUV nas ruas da cidade.

A proposta da Câmara de Paris é um reflexo do sucesso que os SUV têm tido em todo o país. Nos últimos 10 anos a procura por esta tipologia aumentou sete vezes em França, representando atualmente 40% das vendas de veículos novos.

Uma tendência que aparenta ter tudo para crescer, mas que Anne Hidalgo, Presidente da Câmara de Paris, quer travar.

Hidalgo afirma que os SUV são 20% mais poluentes do que os carros equivalentes, o que se explica pelas suas dimensões e peso acrescidos; mas também diz serem mais perigosos para os peões — um estudo do Insurance Institute for Highway Safety (EUA) diz que, em caso de atropelamento, as lesões corporais são até 50% mais graves.

A solução para tirar os SUV da cidade

A solução proposta pela Presidente da Câmara de Paris passa, assim, por aumentar fortemente as tarifas de estacionamento para veículos de grande porte ou SUV especificamente designados, usando o peso do veículo como fator diferenciador.

Como é que se sabe que o veículo estacionado está dentro dos parâmetros? Pela leitura das matrículas através de um scanner, que permite saber de que marca e modelo se trata, logo, também o seu peso.

A proposta da Câmara de Paris estabelece como limite 1600 kg para os que tenham veículos a combustão ou híbridos plug-in, e 2000 kg para os elétricos. Veículos acima destes valores serão penalizados. A L’Automobile Magazine esclarece quais serão os principais veículos afetados:

• Proprietários de carros de combustão ou híbridos recarregáveis de 1,6 toneladas ou mais;
• Proprietários de veículos elétricos de duas toneladas ou mais;
• Visitantes não parisienses com um SUV que exceda o peso regulamentar;
• Residentes parisienses e profissionais com um SUV que exceda o peso regulamentar, fora da sua área de estacionamento residencial.

Vozes contra

A proposta vai ser votada em referendo local no próximo dia 4 de fevereiro de 2024, mas são várias as vozes contra.

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A Ligue de Défense des Conducteurs (associação de automobilistas), por exemplo, denuncia este projeto como “pouco realista”. A Associação afirma que tanto o tamanho, como o peso crescente dos veículos se devem, principalmente, às evoluções gerais do automóvel a vários níveis, dando como exemplos a segurança e o conforto.

Argumentos contestados por David Belliard, vice-presidente da Câmara de Paris, que diz querer que os construtores de automóveis parem de construir SUV, alegando que são demasiado caros, poluidores e pouco indicados para os apertados centros urbanos.

A Ligue de Défense des Conducteurs declara ainda que os principais prejudicados com esta medida vão ser as famílias, uma vez que a procura por este modelo se deve ao facto de ele responder, principalmente, às suas necessidades de espaço.

Esta medida, no entanto, é ressalvada pela Câmara de Paris que não irá impactar residentes parisienses e profissionais que se encontrem estacionados na sua área residencial, motoristas de táxi estacionados nos lugares a si destinados, artesãos, profissionais de saúde elegíveis; e os veículos com dístico de estacionamento para pessoas com deficiência.

Previsivelmente, os veículos a combustão ou híbridos plug-in com menos de 1,6 toneladas ou os elétricos com menos de duas toneladas também não serão afetados.

Fonte: Le Point, Automotive News

Mariana Teles

O universo das «quatro rodas» entrou na sua vida por intermédio da Razão Automóvel. É a sua primeira volta no mundo do jornalismo e promete não parar.

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