Pagaram uma fortuna por este Ferrari destruído num incêndio

Este Ferrari 500 Mondial Spider pode não passar (neste momento) de uma carcaça de metal, mas foi vendido em leilão por uns impressionantes 1,875 milhões de dólares, qualquer coisa como 1,72 milhões de euros.

Era o Ferrari em pior estado do lote que a RM Sotheby’s levou ao leilão “Lost & Found Collection” na Monterey Car Week, na Califórnia (EUA), mas era, ao mesmo tempo, um dos mais apetecíveis. E não lhe faltam motivos para isso.

Foi o segundo Mondial a ser construído (chassis número 0406 MD) e é um dos 13 exemplares que receberam uma carroçaria com assinatura Pinin Farina, o que só por si já atesta a sua exclusividade.

A somar a isto, tem um passado de competição, já que foi conduzido em 1954 pelo italiano Franco Cortese, na época piloto oficial da Scuderia Ferrari, ao mesmo tempo que conta com participações em prova míticas como o Grande Prémio de Imola, a Targa Florio e a Mille Miglia.

E esta associação a Franco Cortese não pode ser ignorada, uma vez que Cortese é um nome que estará para sempre associado à Ferrari: em 1947, no Grande Prémio de Roma, deu a primeira vitória de sempre à Ferrari com o primeiro carro de sempre da marca, o 125 S.

Um Ferrari com ADN português

Em 1955, durante o Grande Prémio de Imola, os caminhos deste Ferrari 500 Mondial Spider ainda se cruzaram com Portugal, isto porque Franco Cornacchia, o proprietário original do carro, emprestou-o a João Rezende dos Santos, um piloto que nasceu em Portugal mas que emigrou para a Venezuela, acabando por correr com as cores daquele país durante toda a sua carreira.

Contudo, o 500 Mondial Spider nem chegaria a alinhar nesta prova, uma vez que acabou por abandonar ainda durante a volta de formação, por culpa de um problema mecânico.

Em 1958, este 500 Mondial foi exportado para os Estados Unidos da América e algum tempo depois viu o seu motor original — um bloco de 2.0 litros com quatro cilindros — dar lugar a um potente motor V8 americano, uma prática bastante comum naquela época.

A carreira de competição deste Cavallino Rampante acabaria por volta de 1965, altura em que sofreu um acidente e foi destruído pelas chamas, ficando no estado em que agora o vemos.

Preservado no tempo

Seguiram-se muitas trocas de propriedade até este Ferrari «aterrar» na coleção privada de Walter Medlin, que o preservou — juntamente com vários modelos da marca de Maranello — no estado em que ele ficou depois do incêndio durante cerca de 45 anos.

Já não tem o motor de 2.0 litros original nem mesmo o motor V8 americano, mas faz-se acompanhar por um motor 3.0 com quatro cilindros em linha Tipo 119 Lampredi, semelhante ao que era usado no Ferrari 750 Monza. Mas mantêm a placa de chassis de fábrica e a respetiva caixa de velocidades.

Superou as expectativas

Por ser uma peça de coleção rara e por ter um pedigree desportivo invejável, não foi surpresa para ninguém que este Ferrari 500 Mondial Spider tenha atraído muitos interessados durante o leilão “Lost & Found Collection” que a RM Sotheby’s organizou em Monterrey.

Mas mesmo assim, este Cavallino Rampante superou as expectativas que a própria leiloeira tinha para ele: a RM Sotheby’s apontava para uma venda em torno dos 1,5 milhões de euros e esta carcaça de metal foi vendida por 1,72 milhões de euros.

Resta agora saber se o novo proprietário o vai manter neste estado ou se vai tentar restaurá-lo e devolver-lhe a glória de outros tempos. E se fossem vocês, o que faziam?

Fonte: RM Sotheby’s

Miguel Dias

Futebol e automóveis, duas paixões que o perseguem. Começou por trabalhar na primeira mas acabou a perceber que aquilo que o fazia mesmo feliz era a segunda.

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