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Mercedes-Benz tira «pé do acelerador» dos elétricos. Saiba porquê

Ola Källenius, diretor executivo da Mercedes-Benz, reviu as metas de vendas de elétricos e híbridos plug-in e explica as razões para o fazer.

Mercedes-AMG EQS 53, na estrada, frente 3/4
© Mercedes-AMG

Depois da GM, Ford e JLR, é agora a Mercedes-Benz a tirar o «pé do acelerador» dos 100% elétricos, empurrando mais para à frente no tempo os objetivos de vendas. Ao mesmo tempo, a produção de veículos a combustão vai continuar até “bem dentro da década de 30”, avançou Ola Källenius, o diretor executivo do construtor.

Recorde que em 2022 a Mercedes-Benz anunciou que tinha o objetivo de ser 100% elétrica em 2030 — nos mercados que o permitissem —, e de que 50% das suas vendas fossem de elétricos e híbridos plug-in em 2025.

A Mercedes-Benz espera agora atingir essa meta de 50% das suas vendas apenas na segunda metade desta década, ao invés de até 2025.

Ola Källenius CEO Mercedes-Benz
© Mercedes-Benz Ola Källenius, CEO da Mercedes-Benz.

As razões da desaceleração

Uma das causas deve-se ao «arrefecimento» da procura por 100% elétricos que se tem feito sentir, que está a reduzir o ritmo de adoção deste tipo de veículos pelos principais mercados. A outra causa relaciona-se com os custos.

Recentemente, Ola Källenius, em declarações à Bloomberg Television, disse que a paridade de preço entre os veículos elétricos e a combustão “ainda está a muitos anos de distância”. Por isso alerta que, nos próximos anos, os elétricos vão continuar a ser mais caros do que os modelos equivalentes a combustão.

Esta afirmação vem no seguimento de outra que Källenius fez no final do ano passado «avisando» que a Europa, em 2030, provavelmente não estaria preparada para uma gama Mercedes totalmente elétrica.

O próprio justificou as suas palavras com vários estudos que mostram que os seus clientes estão a tardar a transição para 100% elétricos por várias razões, desde a rede de carregamento que ainda é insuficiente até à falta de apelo dos modelos elétricos em si.

E agora?

Para compensar este «arrefecimento» pelos elétricos, o diretor executivo da Mercedes-Benz vai continuar a apostar nos automóveis a combustão por mais alguns anos, anunciando uma gama atualizada para 2027. Isto fará com que estes permaneçam em produção até praticamente o meio da próxima década.

Contudo, a aposta nos elétricos não vai ser deixada de parte. A marca alemã prepara-se para lançar uma nova geração de elétricos a partir de 2025 para fazer a diferença. Estes vão «atacar» o problema dos custos, com Ola Källenius a falar numa redução destes em 30%.

Vista lateral frontal do Mercedes-Benz CLA Concept
© Mercedes-Benz Mercedes-Benz CLA Concept.

O primeiro desses modelos será a nova geração do Mercedes-Benz CLA, antecipada pelo CLA Concept em 2023, que promete níveis elevados de eficiência (12 kWh/100 km) e autonomias a rondar os 750 km.

Até lá, a marca da estrela prevê um 2024 desafiante, a começar já neste primeiro trimestre, que aponta para resultados inferiores ao período homólogo de 2023. O desacelerar da economia; as tensões comerciais entre a China — onde planeia introduzir 15 novos modelos —, EUA e Europa; e perturbações nas redes de fornecimento são as razões avançadas por Källenius para esse cenário.

Também prevê este ano uma estagnação na evolução da quota dos seus elétricos e híbridos plug-in, que deverá situar-se entre os 19% e os 21%.

Fonte: Automotive News