Notícias Carros elétricos tão baratos de fabricar como a gasolina. Quando e como?

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Carros elétricos tão baratos de fabricar como a gasolina. Quando e como?

Tornar os custos de produção dos elétricos iguais aos dos carros com motor de combustão poderá chegar mais depressa do que previsto. Saiba como.

dois citroen e-c3 na estrada, frente 3/4
© Citroën

A pergunta é simples, já a resposta é mais complexa. A discussão de quando os carros elétricos ficarão em paridade ou abaixo dos custos de produção dos carros a combustão já «deu água pela barba».

Afinal, as previsões de que o custo das baterias continuaria a descer muito rapidamente, como aconteceu na década passada, não se concretizaram. A paridade de custo entre o elétrico e o carro a combustão ainda está para acontecer.

bateria lfp BYD-3-2
© BYD Bateria Blade LFP da BYD. O uso cada vez maior da química LFP (fosfato de ferro-lítio) foi um dos principais responsáveis para a redução do custo das baterias em 2023.

Se os fabricantes automóveis não vão poder depender apenas da redução do custo das baterias para atingir esse objetivo, há outras soluções para o conseguir.

É o que diz Pedro Pacheco, vice-presidente de pesquisa da Gartner, uma consultora norte-americana, em declarações à Automotive News.

Baterias Preço das baterias para elétricos foi o mais baixo de sempre em 2023

Ele prevê que a paridade nos custos de produção entre elétricos e combustão possa chegar tão cedo como 2027, devido, sobretudo, a novas técnicas de produção.

Inovação na produção

Aliás, Pedro Pacheco afirma que os custos de produção dos veículos em si vão cair mais depressa do que o custo das baterias. E aponta, especialmente, para uma tecnologia responsável pelo acelerar dessa redução: gigacasting.

A Tesla foi a pioneira no uso desta tecnologia e «cunhou» o termo — os Model Y produzidos na Alemanha e a Cybertruck recorrem ao gigacasting. Não é mais do que moldagem por injeção de metal, mas feito a uma dimensão inédita.

Requer máquinas gigantes — do tamanho de uma casa —, que são capazes de produzir secções inteiras da carroçaria numa peça só, ao invés de serem necessárias dezenas de peças que teriam de ser unidas por métodos diversos (por exemplo, soldadura).

O gigacasting permite eliminar filas de robôs da linha de produção responsáveis por unir essas peças, poupa material, peso e… custos. Pedro Pacheco diz que o custo de uma carroçaria (body in white) pode ser reduzido “pelo menos” em 20%.

Plataforma do Tesla Model Y
Em vez de centenas de peças para formar uma carroçaria temos uma peça para a secção dianteira, outra para traseira, unidas pela bateria, que serve de elemento estrutural.

Tendo em conta estes resultados, talvez não surpreenda saber que outros construtores já tenham decidido recorrer ao gigacasting, como a Volvo (através da casa-mãe Geely), a Mercedes-Benz ou a Toyota.

Outra forma de redução de custos de produção indicada por Pedro Pacheco está no uso da bateria como um elemento estrutural do carro elétrico. Algo que também já vimos na Tesla ou na BYD.

Por último, mas não menos importante, o vice-presidente de pesquisa da Gartner também defende as plataformas exclusivas para veículos elétricos, otimizadas para este tipo de cadeia cinemática.

Ele refere que as plataformas multienergias — como vemos no Grupo BMW ou na Stellantis —, têm limitações. Isto porque precisam de acomodar um motor/transmissão mais volumoso, assim como um depósito de combustível.

“Que ganhe o melhor”

Pacheco acredita que as inovações na linha de produção são cruciais para que os fabricantes automóveis consigam reduzir custos. Se isso se traduzirá em preços mais baixos para o cliente, vai depender do fabricante, adicionou.

Apesar do arrefecimento da procura por elétricos que se tem vindo a registar, é apenas temporário, com o executivo português a prever um crescimento forte na venda de carros elétricos: “metade de todos os carros vendidos em 2030 serão totalmente elétricos”.

No entanto, deixa o alerta: estamos a entrar num período de “sobrevivência do mais forte” ao invés da “corrida ao ouro” dos últimos anos.

“Estamos a mover-nos para uma nova etapa, onde os elétricos a bateria não se vão vender com base nos incentivos ou nos benefícios ambientais. Vão ter de ser um produto globalmente excelente em relação aos carros a combustão.”

Pedro Pacheco, vice presidente de pesquisa da Gartner

Prevê, por isso, que 15% das startups de carros elétricos que surgiram na última década venham a desaparecer, especialmente aquelas que estão dependentes de investimentos externos para continuarem em atividade.

Por fim, em relação, especificamente, ao mercado europeu, Pedro Pacheco diz que vê 2024 como um ano de transição para o mercado dos carros elétricos. Se, por um lado, vemos marcas chinesas como a MG a crescer expressivamente na Europa e a chegada de pesos-pesados como a BYD; por outro os grupos europeus, como o Grupo Renault e a Stellantis estão a colocar no mercado elétricos mais baratos, como o Renault 5 e o Citroën ë-C3.

Fonte: Automotive News

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