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Grupo VW pede à UE para suavizar objetivos de CO2. Conheça os motivos

Oliver Blume, CEO do Grupo VW, pede "realismo" e "convicção" aos responsáveis europeus e reafirma compromisso com a eletrificação total.

Oliver Blume, VW Group
Niels Starnick / Bild am Sonntag

O Grupo Volkswagen quer que a União Europeia (UE) recue nos objetivos de emissões de CO2 que estão previstos entrar em vigor no próximo ano. O que está em causa é o pagamento de uma multa de 95 euros por cada veículo registado na UE, caso as marcas não cumpram as metas de emissões estabelecidas pelos reguladores europeus.

Falando do caso concreto do Grupo VW, a JATO Dynamics prevê que a Volkswagen vai precisar de reduzir as emissões dos seus veículos em 15%.

Uma meta que parece cada vez mais difícil de alcançar por dois motivos. Em primeiro lugar, a procura por veículos elétricos não está a crescer de acordo com as expectativas das marcas e dos reguladores europeus. E em segundo lugar, com a entrada em vigor de testes de emissões mais próximos das condições reais de condução, os valores de CO2 vão aumentar.

© VW AG Os fabricantes de automóveis que operam na Europa terão de reduzir as emissões médias de CO2 da frota de novos carros para 93,6 g/km em 2025, com base no ciclo WLTP, em comparação com o padrão de 2021 de 95 g/km, no ciclo NEDC.

O CEO do Grupo Volkswagen, Oliver Blume, mostrou-se preocupado com estes fatores e ontem, durante apresentação de resultados anuais do «gigante alemão», mostrou o seu desagrado:

Não faz sentido que a indústria tenha de pagar multas quando as condições estruturais para o aumento da produção de veículos elétricos ainda não estão estabelecidas.

Oliver Blume, CEO do Grupo VW

O responsável máximo do Grupo Volkswagen pede, por isso, “realismo” aos decisores europeus. “Dependendo das condições estruturais que temos nos diferentes mercados, é importante ajustar os objetivos de CO2 e pensar no que é realista”, afirmou Blume.

Interesse nos elétricos está a arrefecer

A transição dos consumidores para os veículos elétricos (VE) está a ser mais lenta do que o previsto. O desaparecimento dos incentivos fiscais a esta tecnologia, em alguns dos principais mercados, está a diminuir a procura. É certo que as vendas de VE na Europa continuam a aumentar, mas não ao ritmo esperado.

Niels Starnick / Bild am Sonntag Oliver Blume, acumula as funções de CEO do Grupo VW e da Porsche AG.

Recordamos que na Alemanha, o principal mercado europeu, o fim dos incentivos aos carros elétricos resultou numa descida a pique das vendas. No entanto, Oliver Blume voltou a reafirmar o compromisso da marca com a eletrificação, pedindo apenas mais “convicção” aos decisores europeus.

Volkswagen quer mais elétricos

A UE planeia proibir as vendas de carros novos com motor de combustão até 2035, com algumas ressalvas para combustíveis sintéticos. Em 2026, os responsáveis políticos avaliarão o ritmo da transição e a sua viabilidade para os consumidores.

“Sabemos que a transição para os VE será cíclica e não uma linha reta”, disse Blume em declarações à imprensa, acrescentando um compromisso: quer que a UE mantenha o fim das vendas de carros com motor de combustão até 2035. Mas pede algo mais:

Precisamos de certezas no planeamento. Não é útil ter discussões para mudar de rumo à primeira contrariedade.

Oliver Blume, CEO do Grupo VW

Todas as marcas europeias têm neste momento grandes investimentos em curso para a eletrificação dos seus modelos, afirmando que a transição será uma questão sobretudo de tempo. Um eventual revês na eletrificação, provocado por novas normas da UE, significaria a perda de milhares de milhões de euros. O equilíbrio não é simples, afirma Oliver Blume, e estar constantemente a mudar as «regras do jogo» não ajuda.