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Gigante acordou. Toyota desenvolve novas baterias para mais de 1000 km

Tardou a chegar, mas a gigante Toyota vai acelerar a fundo a eletrificação, com uma nova geração de modelos e novas baterias.

Toyota bZ4x

Não foi preciso esperar muito tempo após a entrada de Koji Sato para o cargo mais elevado da Toyota, para a revisão profunda dos planos de eletrificação do construtor japonês.

Acusada por muitos de estar a «perder o comboio» da eletrificação (mesmo tendo sido uma das pioneiras) e, sobretudo, dos automóveis elétricos — apesar de ser uma decisão sempre muito bem fundamentada por parte da Toyota —, a missão de Sato é a de agora colocar o pé no acelerador.

toyota bz4x traseira 3/4
© André Mendes / Razão Automóvel O Toyota bZ4X é o primeiro elétrico da família bZ, mas as suas características prometem ser superadas em muito pela nova geração de baterias e modelos que serão introduzidos a partir de 2026

Ficámos a conhecer agora os planos «elétricos» deste gigante para os próximos anos. O foco está, em grande parte, nas baterias, tendo a Toyota revelado três novas tecnologias de bateria de eletrólito líquido e a ansiada bateria de estado sólido (eletrólito sólido), cujos desafios da produção em massa parecem ter sido ultrapassados.

As novas baterias vão equipar uma nova geração de automóveis elétricos a começar em 2026. Estes também se vão distinguir dos Toyota atuais pela sua concepção e construção, com o objetivo de reduzir custos e peso.

O presidente da Fábrica de BEV (battery electric vehicle) da Toyota, Takero Kato, espera estar a vender em 2030 cerca de 3,5 milhões de elétricos por ano, sendo que 1,7 milhões deverão pertencer a essa nova geração de modelos.

A nova geração de baterias da Toyota

Se antes o foco estava na diversidade de motorizações a combustão, futuramente veremos igual diversidade, mas nas baterias.

“Precisaremos de várias opções de baterias, assim como temos diferentes variações de motores. É importante oferecer soluções de bateria compatíveis com uma variedade de modelos e necessidades dos clientes”.

Takero Kato, presidente da Fábrica de BEV da Toyota

A tecnologia dominante hoje é a das baterias de iões de lítio (eletrólitos líquidos) e assim continuará a ser, mas haverá espaço para diferentes «abordagens». O objetivo, contudo, é o mesmo para todas: maior densidade energética, carregamentos mais rápidos e, crucialmente, maior competitividade de custos.

A Toyota separou em três tecnologias o desenvolvimento das baterias de eletrólito líquido: “Popularização”, “Desempenho” e “Alto Desempenho”.

Popularização

Apoiada na tecnologia LFP (baterias de fosfato de ferro-lítio), estas serão as mais baratas. Vão recorrer à tecnologia pioneira bipolar da Toyota, que já é oferecida nas baterias de Hidretos Metálicos de Níquel (NiMh) que equipam alguns dos seus híbridos.

© Toyota A diferença entre as baterias monopolares e bipolares da Toyota

A bateria “Popularização” (Popularisation) deverá oferecer, comparativamente à usada pelo bZ4X:

  • Aumento de 20% na autonomia (+600 km)
  • Redução de 40% no custo
  • Tempo de recarga rápida de 30 minutos ou menos (10-80%)
  • Prazo: previsto para 2026-27

Desempenho

A bateria “Desempenho” (Performance) deverá ser a primeira a chegar ao mercado. Ao contrário da bateria “Popularização” assenta ainda sobre a tecnologia monopolar.

O salto previsto em autonomia resulta também da combinação com a aerodinâmica otimizada e menor peso previstos para a nova geração de automóveis elétricos. Mais uma vez, o bZ4X é usado como ponto de referência para as comparações:

  • Aumento de 60% na autonomia (+800 km)
  • Redução de 20% no custo
  • Tempo de carga rápida de 20 minutos ou menos (10-80%)
  • Prazo: previsto para 2026

Alto Desempenho

Mais tarde veremos chegar a bateria de “Alto Desempenho” (High Performance) que combina a estrutura bipolar com a química de iões de lítio e um cátodo de alto teor de níquel.

  • Aumento de 100% na autonomia (+1000 km)
  • Redução adicional de 10% no custo em comparação com a bateria “Desempenho”
  • Tempo de carregamento rápido de 20 minutos ou menos (10-80%)
  • Prazo: previsto para 2027-28

Avanços nas baterias de estado sólido

Além das baterias de iões de lítio com eletrólito líquido, a Toyota também quer estar na linha da frente na introdução das baterias de estado sólido — vistas como uma espécie de revolução para os elétricos —, prevendo a sua introdução em 2027-28.

Baterias Estado Sólido Toyota
© Toyota Protótipo de bateria de estado sólido

Sem indicar detalhes, a Toyota anuncia vários avanços para as baterias de estado sólido que está a desenvolver. Entre eles o aumento da durabilidade — vida útil era mais curta que as atuais —, e a sua produção em massa, pois estas têm requisitos distintos das de eletrólitos líquidos.

Revolução nos elétricos? Baterias de estado sólido. Como funcionam e quais as vantagens?

Estava previsto que fossem os modelos híbridos da Toyota os primeiros a receber as baterias de estado sólido, mas o foco passou para os futuros modelos elétricos. Promete oferecer:

  • Aumento de 20% na autonomia em comparação com a bateria Performance (aprox. 1000 km)
  • Tempo de carregamento rápido de 10 minutos ou menos (10-80%)
  • Prazo: 2027-28

A Toyota já está a desenvolver uma segunda bateria de estado sólido que promete melhorar os «números» desta primeira, com promessa de uma autonomia superior a 1200 km.

mapa da Toyota para a introdução das novas baterias
© Toyota Mapa tecnológico que nos deixa ver resumidamente o calendário e algumas promessas para as novas baterias. As comparações são feitas sempre em relação ao bZ4X, o único elétrico da marca disponível no momento.

Reduzir a altura das baterias é fundamental

O tema das baterias não podia ficar completo sem falar da sua altura física. Isto porque este fator acaba por influenciar a aerodinâmica do veículo, um fator crucial para se atingir autonomias mais elevadas num automóvel elétrico.

As baterias, por norma, estão posicionadas no chão da plataforma, entre os eixos. A sua altura obriga a elevar a altura ao solo do piso do habitáculo, obrigando a elevar a altura total do veículo.

O que é mau para a aerodinâmica, porque aumenta a área frontal do veículo — além do Cx (coeficiente de resistência aerodinâmica), temos sempre de considerar a superfície frontal para um bom desempenho aerodinâmico. Quanto maior é a área, pior é.

No Toyota bZ4X, a bateria mais a caixa onde se encontram têm 150 mm de altura. O objetivo para as novas baterias é o de reduzir a sua altura para 120 mm. E no caso de desportivos de alta performance, como o supercarro elétrico da Lexus, é o de ter baterias de apenas 100 mm de altura.