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Toyota dá «murro» na mesa. 1500 km de autonomia elétrica em 10 minutos

A marca japonesa tem em marcha um plano de transformação ambicioso. As baterias de estado sólido é apenas um dos seus «cavalos de batalha».

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© Toyota

Esta semana em Tóquio, Japão, alguns dos principais responsáveis da Toyota responderam às questões de acionistas de referência da marca.

Uma das questões mais debatidas foi o atraso da Toyota no seu processo de eletrificação — o anterior diretor executivo da gigante japonesa, Akio Toyoda, não era conhecido por ser um adepto desta tecnologia. Entre outras questões, os acionistas quiseram saber qual é «estado de arte» dos elétricos no seio da Toyota.

Toyota bZ4X frente
© Toyota O bZ4X foi o primeiro de uma nova geração de elétricos da Toyota. Mas tal é o passo da indústria que a Toyota já trabalha nas próximas gerações de modelos e tecnologias.

Uma das respostas mais efusivas veio de Takero Kato, responsável pela fábrica de veículos elétricos a bateria (BEV) da Toyota.

Adoro elétricos. Através dos elétricos, podemos mudar o futuro dos automóveis, da produção e do método de trabalho. Quanto aos automóveis em si, pretendemos que os elétricos ofereçam a mesma autonomia dos nossos híbridos. Vai ser uma tarefa árdua.

Takero Kato, Presidente da produção BEV da Toyota

Um dos passos mais significativos para alcançar este objetivo é, segundo a Toyota, as baterias de estado sólido. Uma tecnologia que de acordo com a marca, deverá chegar ao mercado em 2027.

A promessa das baterias de estado sólido

A Toyota refere que conseguiu “um avanço tecnológico que ultrapassa o desafio de longa data da durabilidade” com as baterias de estado sólido, o que permite considerar a sua introdução em veículos elétricos e híbridos.

As primeiras projeções da Toyota apontam para um incremento da autonomia em 20%, quando comparado com as baterias de iões de lítio, com um tempo de carregamento de 10 minutos ou menos (10-80%).

Apesar das baterias de estado sólido ainda não estarem no mercado, a Toyota já está a trabalhar na segunda geração das baterias de estado sólido.

Segundo as previsões da marca, em conjunto com melhorias na eficiência do veículo (relacionadas com a aerodinâmica e massa), a autonomia máxima poderá aumentar em 50%, comparativamente às baterias atuais. Ou seja, um valor previsto em torno dos 1500 km.

Convém referir que estes 1500 km são uma projeção baseada no otimista ciclo chinês (CLTC), mas que se traduzem, realisticamente, em mais (confortavelmente) de 1000 km com uma carga de bateria só.

Para já, tudo isto não passa de anúncios. Mas o gigante japonês não é conhecido por fazer anúncios que não pode cumprir.

Os desafios da produção

Um dos acionistas interpelou os responsáveis executivos da marca de forma categórica: será a Toyota capaz de bater a Tesla? A marca que é olhada como a referência na produção de carros elétricos.

toyota carros elétricos bz
© Toyota Estes podem ser os futuros membros da família bZ, a gama de carros elétricos da marca japonesa.

Akio Toyoda, anterior CEO e atual chairman (presidente) do construtor, respondeu de forma algo poética, como sempre foi o seu estilo: “Não sei se o amor à indústria automóvel pode bater a Tesla. Mas sei que a paixão dos nossos engenheiros mobilizará as pessoas”.

Takero Kato, Presidente da produção BEV da Toyota, foi mais objetivo e apontou metas.

Já falei dos automóveis. Agora quer falar de monozukuri (palavra japonesa para produção ou método). Queremos mudar a estrutura dos nossos veículos e cortar para metade o tamanho das nossas linhas de produção. Queremos fábricas mais eficientes e amigas dos funcionários.

Takero Kato, Presidente da produção BEV da Toyota

Este é o maior desafio da marca, segundo os seus responsáveis. Adaptar as suas linhas de produção, reduzir custos e simultaneamente, conseguir superar os desafios da produção em série das baterias de estado sólido.

Uma revolução em marcha

Novos produtos, novos métodos de trabalho e novos modelos. A Toyota está a transformar-se a uma velocidade acelerada, é o que podemos retirar das palavras dos seus responsáveis.

Entre as novidades mais importantes, o destaque vai para uma nova geração de modelos 100% elétricos, que começará a chegar em 2026.

lexus elétrico
Este esboço pode ser uma antevisão do futuro 100% elétrico de alta performance da Lexus.

Esta nova geração de elétricos será a primeira a equipar uma evolução da bateria de iões de lítio NMC (níquel, manganês e cobalto) do bZ4X, a que a Toyota chama de Performance. E promete autonomias até 1000 km (no ciclo chinês CLTC).

A maior densidade energética desta bateria será acompanhada por custos 20% inferiores e a possibilidade de carregar a bateria em 20 minutos ou menos (10-80%).

A Toyota está também a desenvolver uma nova geração de baterias de iões de lítio LFP (fosfato de ferro-lítio). Destinada aos modelos mais acessíveis, começarão a ser produzidas em massa entre 2026 e 2027.

Toyota não está sozinha

Como vimos, esta estratégia de médio prazo culminará com o lançamento das baterias de estado sólido em 2027. A primeira marca a receber esta tecnologia da Toyota será a Lexus.

Recordamos que além da Toyota, StellantisBMWNissanBYDHyundai — a lista podia continuar… —, são outros dos grupos e construtores que têm investido centenas de milhões de euros nas baterias de estado sólido.

As promessas desta tecnologia são tentadoras: não viciam, duram mais tempo e permitem cumprir maiores distâncias entre cargas.