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Foi há 40 anos que o ABS chegou a um automóvel de produção

Em 1978, o Mercedes-Benz Classe S tornou-se no primeiro automóvel de produção a poder ser equipado com ABS, ou sistema anti-bloqueio de travagem eletrónico.

Foi há 40 anos que o Mercedes-Benz Classe S (W116) tornou-se no primeiro automóvel de produção a poder ser equipado com o sistema de travagem anti-bloqueio eletrónico (do original em alemão Antiblockier-Bremssystem), mais conhecido pelo acrónimo ABS.

Disponível apenas como opcional, a partir do final de 1978, pela nada modesta quantia de 2217,60 marcos alemães (quase 1134 euros), rapidamente expandir-se-ia pela gama da marca alemã — em 1980 como opcional em todos os seus modelos, em 1981 chegava aos comerciais e a partir de 1992 faria parte do equipamento de série de todos os Mercedes-Benz.

Mas o que é o ABS?

Como o nome indica, este sistema evita o bloqueio das rodas quando em travagem — sobretudo em pisos de fraca aderência —, permitindo aplicar o máximo de força de travagem, e manter o controlo direcional do veículo.

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Mercedes-Benz ABS
O sistema de travagem anti-bloqueio eletrónico era uma adição ao sistema de travagem convencional, consistindo em sensores de velocidade nas rodas dianteiras (1) e no eixo traseiro (4); uma unidade de controlo eletrónico (2); e uma unidade hidráulica (3)

Podemos ver os vários componentes do sistema na imagem acima, não diferindo muito para os dias de hoje: unidade de controlo (computador), quatro sensores de velocidade — um por roda —, válvulas hidráulicas (que controlam a pressão no travão), e uma bomba (restaura pressão nos travões). Mas como tudo funciona? Damos a palavra à própria Mercedes-Benz, retirado de uma das suas brochuras da altura:

O sistema de travagem anti-bloqueio usa um computador para detetar alterações na velocidade de rotação de cada roda durante a travagem. Se a velocidade diminui demasiado depressa (como quando se trava numa superfície escorregadia) e existe o risco da roda bloquear, o computador automaticamente reduz a pressão no travão. A roda volta a acelerar e a pressão do travão é novamente incrementada, travando assim a roda. Este processo é repetido diversas vezes numa questão de segundos.

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Há 40 anos…

Foi entre os dias 22 e 25 de agosto de 1978 que a Mercedes-Benz e a Bosch apresentaram o ABS em Untertürkheim, em Estugarda, na Alemanha. Mas não seria a primeira vez que demonstrava o uso de tal sistema. 

A história do desenvolvimento ABS na Mercedes-Benz prolonga-se no tempo, com a primeira candidatura a patente do sistema conhecida em 1953, através de Hans Scherenberg, na altura diretor de design na Mercedes-Benz e mais tarde seu diretor de desenvolvimento.

Mercedes-Benz W116 Classe S, teste ABS
Demonstração da eficácia do sistema em 1978. O veículo da esquerda sem ABS não conseguiu evitar os obstáculos, numa situação de travagem de emergência numa superfície molhada.

Sistemas semelhantes já eram conhecidos, fosse em aviões (anti-skid) ou em comboios (anti-slip), mas num automóvel revelava-se uma tarefa extremamente complexa, com muito maiores exigências ao nível dos sensores, processamento de dados e controlo. O desenvolvimento intensivo entre o próprio departamento de Pesquisa e Desenvolvimento e vários parceiros industriais acabaria derradeiramente por ser bem sucedido, com o ponto de viragem a acontecer em 1963, quando se começou a trabalhar, de forma concreta, num sistema de controlo eletrónico-hidráulico.

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Em 1966, a Daimler-Benz iniciaria uma colaboração com a especialista eletrónica Teldix (adquirida posteriormente pela Bosch), culminando numa primeira demonstração do “Mercedes-Benz/Teldix Anti-Block System” aos média em 1970, liderada ainda por Hans Scherenberg. Este sistema recorria a circuitos analógicos, mas para a produção em massa do sistema, a equipa de desenvolvimento olhou para os circuitos digitais como o caminho a seguir — uma solução mais fiável, mais simples e mais poderosa.

Mercedes-Benz W116, ABS

Jürgen Paul, engenheiro e responsável pelo projeto ABS na Mercedes-Benz, mais tarde afirmaria que a decisão de seguir a via digital foi o momento chave para o desenvolvimento do ABS. Juntamente com a Bosch — responsável pela unidade de controlo digital —, a Mercedes-Benz daria a conhecer a segunda geração do ABS na pista de testes da sua fábrica em Untertürkheim.

ABS foi apenas o início

Não só o ABS acabaria por se tornar num dos equipamentos de segurança ativa do automóvel mais comuns, como também marcou o início do desenvolvimento de sistemas de assistência digitais nos automóveis da marca alemã, e não só.

O desenvolvimento dos sensores para o ABS, entre outros componentes, seriam também usados, na marca alemã, para o ASR ou sistema de controlo anti-patinagem (1985); o ESP ou controlo de estabilidade (1995); o BAS ou sistema de assistência à travagem (1996); e o cruise control adaptativo (1998), com a adição de outros sensores e componentes.

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