Testes Ao volante do Porsche 718 Spyder PONTO FINAL!

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Ao volante do Porsche 718 Spyder PONTO FINAL!

Tração traseira, motor central, seis cilindros atmosférico, caixa manual. A frase que acabaram de ler é cada vez mais rara, mas é a fórmula do Porsche 718 Spyder que nós testámos na Angeles Crest Highway.

Porsche 718 Spyder

Normalmente, o título dos nossos ensaios são compostos pelo nome do modelo e algo mais. Esse «algo mais» normalmente pretende acrescentar apelo ao texto ou enaltecer uma determinada qualidade do modelo em causa. Pois bem, o Porsche 718 Spyder vale por si. Ponto final.

Estamos à beira de um nova década. Dia sim, dia sim, decreta-se a morte dos motores de combustão nas suas mais diversas variantes — notícias, de resto, por vezes exageradas… — e os poucos que sobrevivem, conseguem-no à custa de tecnologias cujos sistemas de tratamento de gases de escape fazem inveja a muitos laboratórios. Falo dos filtros, das sondas, conversores catalíticos, etc.

No meio deste quadro de restrições, surge o Porsche 718 Spyder. Uma espécie Coca Cola Zero da indústria automóvel. Porque oferece o sabor de outros tempos com metade das calorias… perdão, das emissões.

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Tirei esta fotografia em frente ao City Hall da simpática localidade de Pasadena. Podiam entregar-me as chaves da cidade, que eu continuaria a preferir as chaves do Porsche 718 Spyder. @ Guilherme Costa / Razão Automóvel

Porsche 718 Spyder. Que máquina!

Motor seis cilindros boxer, naturalmente aspirado e caixa manual de seis velocidades. Não é preciso dizer muito mais para ficar rendido ao Porsche 718 Spyder. Mas há mais. E não é pouco. Bastante. Alguém percebeu esta referência?

São 420 cv às 7600 rpm e 420 Nm de binário máximo disponível entre as 5000 rpm e as 6800 rpm.

Números que impressionam ainda mais quando sabemos que o novo motor 4.0 litros — que deriva do bloco do Porsche 911 Carrera —  grita até às 8000 rpm! Um motor «à antiga» que não esqueceu a eficiência, ou as normas de emissões — um filtro de partículas encontra-se presente, e em carga parcial, pode “desligar” uma das bancadas de cilindros.

Porsche 718 Spyder
Um volante sem botões. A última vez que vi isto foi num… Citroën AX. @ Guilherme Costa / Razão Automóvel

A acompanhar este motor, encontramos o chassis do 718 Cayman GT4, um desportivo que tem merecido elogios rasgados de toda imprensa. Mas não é apenas o conjunto chassis/motor que brilha. É que nada foi deixado ao acaso.

O recurso a rótulas em ambos os eixos oferece uma ligação mais rígida e direta entre chassis e carroçaria, aumentando a precisão dinâmica. Equipado de série com PASM (Porsche Active Suspension Management), a distância ao solo foi reduzida em 30 mm, e integram também o PTV (Porsche Torque Vectoring) — ou se preferirem, vetorização do binário — contando com um diferencial autoblocante mecânico.

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Feitas as contas, vamos para a estrada.

Quis o destino que o meu primeiro contacto com o Porsche 718 Spyder fosse nos EUA. Mais concretamente na Angeles Crest Highway, a propósito da ronda de testes dos World Car Awards em solo americano.

Porsche 718 Spyder
Ver o ponteiro do conta-rotações a subir podia ser um passatempo. @ Guilherme Costa / Razão Automóvel

Uma estrada fantástica, com curvas para todos os gostos e com um asfalto fantástico. Local de eleição do conhecido apresentador de TV e colecionador de carros Jay Leno e de tantos outros petrolheads para explorar as máquinas mais exóticas.

Nas zonas mais fechadas, em que as escarpas Floresta Nacional de Angeles parece querer engolir o asfalto, o som do motor flat-six entoava nas paredes com uma violência que nem o Porsche 911 (992) — que nós conduzimos momentos antes — conseguiu igualar.

Porsche 718 Spyder
Não é todos os dias que podemos saltar de um Porsche 911 diretamente para um 718 Spyder. Tenho pena de não vos poder contar mais sobre este «tango» por estradas norte-americanas. @ Guilherme Costa / Razão Automóvel

Felizmente, este Porsche 718 Spyder não se resume ao motor. A resposta do chassis, o tato da direção, as reações da suspensão, são tudo elementos que se encontram em plena sintonia com o ato de conduzir.

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O único elemento que destoa nesta sinfonia de peças mecânicas — e é com imensa pena que o escrevo — são as relações da caixa manual de seis velocidades. Tinha tudo para ser uma caixa manual quase perfeita, mas a 3ª relação é excessivamente longa. Resultado? Há curvas em que a 2ª relação perturba excessivamente o equilíbrio do 718 Spyder, e que a 3ª relação é demasiado longa, fazendo cair demasiado a rotação.

Porsche 718 Spyder
Repitam comigo: não passar das 40 milhas por hora! Do que é que estava mesmo a falar? @ Guilherme Costa / Razão Automóvel

O motor de seis cilindros opostos é elástico o suficiente. Mas sentimos que fica alguma motricidade por explorar. Podíamos espremer um pouco mais do eixo traseiro mas relação da caixa não permite.

De resto, é um modelo que parece ter sido pensado para ser explorado assim: travar tarde, apontar a frente de forma decidida, levar apoio para o interior da curva, preservar o momento e esboçar um sorriso rasgado à medida que somos empurrados para fora da curva na companhia do frenético ponteiro das rotações e do magnifico som do motor 4.0 litros atmosférico.

Em Portugal, o Porsche 718 Spyder custa cerca de 133 000 euros. Justificam-se plenamente. Nos dias que correm, não é fácil encontrar um desportivo com tanto pedigree e uma fórmula que nos é tão querida: tração traseira, motor central e atmosférico, e caixa manual. Além do mais, é de esperar que o valor residual do Porsche 718 Spyder se mantenha elevado durante muitos anos.

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