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Volvo e Stellantis vão sair da Associação Europeia de Construtores Automóveis. Porquê?

No espaço de poucas semanas vimos a Stellantis, composta por 14 marcas automóveis, e a Volvo abandonarem a ACEA (Associação Europeia de Construtores Automóveis).

Volvo e Peugeot

Primeiro foi a Stellantis a anunciar a saída da ACEA (Associação Europeia de Construtores Automóveis) — grupo que visa proteger os interesses dos fabricantes automóveis europeus — até ao final de 2022 e agora a Volvo anuncia a mesma decisão.

No caso da Stellantis, a decisão de sair da ACEA foi justificada pelo objetivo de perseguir uma nova abordagem para os problemas e desafios da mobilidade do futuro, que inclui também deixar de fazer lóbi de forma tradicional.

Nesse sentido, a Stellantis não perdeu tempo a anunciar a realização do “Freedom of Mobility” (Liberdade da Mobilidade), um novo evento anual, com o primeiro a estar agendado para o início de 2023. “Como trazer a liberdade da mobilidade para a sociedade que seja limpa, segura e acessível face às implicações do aquecimento global” é, nas palavras da Stellantis, o objetivo deste evento.

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Volvo C40 e XC40 Recharge
Volvo C40 Recharge e XC40 Recharge.

Objetivos da Volvo e da ACEA não estão alinhados

No caso da Volvo, a decisão de sair da ACEA também no final deste ano, prende-se com o posicionamento distinto e a abordagem de ambas em relação à futura estratégia de sustentabilidade. “Acreditamos, portanto, que é melhor seguir um caminho diferente por agora”, anuncia o comunicado da Volvo.

A decisão da Volvo poderá estar relacionada, de forma ainda mais direta, com a reação e posição da ACEA sobre a aprovação da proposta de redução das emissões de CO2 em 100% para os automóveis novos a partir de 2035 — que, efetivamente, é uma sentença de morte aos motores de combustão interna — pelo Parlamento Europeu e União Europeia.

Se a Volvo, que já tinha anunciado que queria ser 100% elétrica a partir de 2030, e outros como a Ford, deram o seu apoio total a esta medida, a ACEA por outro lado, apoiava outra, que propunha uma redução das emissões de CO2 de 90%, o que permitiria a continuação da venda de automóveis novos com motores de combustão interna.

A ACEA, formada em 1991, tem entre os seus membros o Grupo Volkswagen, o Groupe Renault, assim como a Toyota e a Hyundai, e defende os interesses comuns dos fabricantes automóveis europeus. Contudo, a eletrificação do automóvel tem sido um tópico fraturante entre os membros da ACEA e as saídas da Stellantis e Volvo são o sinal mais claro de que a associação passa pelo seu período mais conturbado.