Crónicas Também tirei a carta de condução num Opel Corsa

Condução

Também tirei a carta de condução num Opel Corsa

É possível que mais de um milhão de portugueses tenham aprendido a conduzir ao volante de um Opel Corsa. Ninguém esquece o carro da instrução, pois não?

Opel Corsa B frente
© Opel

Ontem pediram-me a carta de condução para o preenchimento de um formulário. Só enquanto ditava os dados é que me apercebi da passagem do tempo. Olhei para a data de emissão da categoria B e reparei que tenho carta de condução há quase 20 anos.

Caramba, o tempo passou a voar. E foi precisamente enquanto esperava para ser novamente atendido (num serviço público o tempo demora mais tempo a passar, o que comprova a Teoria da Relatividade de Einstein) que recordei o carro que habilitou-me a conduzir — não é esse que estão a pensar.

É o carro que, muito provavelmente, ensinou mais portugueses a conduzir: o Opel Corsa B (1993-2000). Um modelo que hoje vamos recordar.

O motor Isuzu 1.5 TD do Opel Corsa

Ajuste o banco, ajuste os espelhos, verifique se a caixa está em ponto morto e ligue a ignição. Para quem está a tirar a carta, estas ordens assemelham-se ao protocolo de lançamento de um foguetão — eu já tinha chumbado porque esqueci-me de mencionar o cinto de segurança. Mas era assim que sentia o pequeno Opel Corsa: um foguete cheio de potência.

Opel Corsa B de traseira
© GM

Na verdade estava longe de ser rápido ou potente, mas o binário em baixas era impressionante — hoje confesso que é mais difícil impressionar-me. Bastava largar a embraiagem suavemente (mesmo em segunda velocidade) que o pequeno Opel Corsa B cumpria a sua parte: avançava sem queixumes.

Esta disponibilidade era fruto dos serviços do motor 1.5 turbo Diesel que morava debaixo do capô do Opel Corsa. Um motor japonês — nome de código X15DT (T4EC1) — fornecido pela Isuzu, cuja reputação ainda hoje é reconhecida.

Estamos a falar de apenas 67 cv de potência. Mas com pouco mais de 900 kg para puxar, eram suficientes.

Nas unidades mais recentes do Opel Corsa encontrávamos outro motor, também fornecido pela Isuzu, com 1,7 l de capacidade, nas versões turbo e naturalmente aspirado. Fosse qual fosse a versão, havia uma constante: a fiabilidade.

Opel Corsa A ao lado do Opel Corsa B na estrada
© Opel De uma geração para a outra, foi assim que o Opel Corsa evoluiu ao longo do tempo.

Uma mecânica a toda a prova

Quando tirei a carta de condução, no já longínquo ano de 2004, o Opel Corsa B da minha escola de condução já contava com uns bons anos de serviço. Mantinha-se «vivo», apesar das torturas perpetradas por várias gerações de jovens condutores.

Opel Corsa B frente 3/4
© Opel

Naturalmente, as mazelas faziam sentir-se. Já não me recordo, mas tinha seguramente mais de 300 mil quilómetros. A caixa vaga, a embraiagem dura, os barulhos da suspensão e a coleção de riscos nas jantes mostravam que estávamos na presença de um guerreiro.

Alias, foi esta capacidade de aguentar «pancada» e continuar a arrepiar caminho que fez das várias gerações do Opel Corsa o modelo de eleição das escolas de condução em Portugal.

Um modelo que merece um lugar especial no coração de milhares de portugueses — talvez milhões… — por ter sido para muitos o primeiro ponto de contacto com o mundo automóvel. Há um antes e um depois de tirar a carta. E o Opel Corsa foi, em muitos casos, a ferramenta que permitiu essa transição.

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