Crónicas O Stance morreu, longa vida ao movimento Overland

Cultura automóvel

O Stance morreu, longa vida ao movimento Overland

Após anos e anos de suspensões rebaixadas e jantes arruinadas por passeios, a cultura automóvel fartou-se: deem as boas vindas ao movimento Overland.

Mercedes W123 Overland de frente, num terreno
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel

Ok, talvez tenha exagerado no título. O movimento Stance — que se destaca pelos automóveis rebaixados e pela personalização geral das carroçarias — está longe de estar morto.

Ainda que a legislação portuguesa não dê descanso ao gosto pessoal dos proprietários — penalizando até as modificações mais ligeiras — este movimento tem proliferado e sobrevivido às inspeções, passeios e buracos das nossas estradas. Isto diz muito da paixão dos portugueses pelo automóvel.

“Não é um estilo, é um modo de vida”, disse-me há uns anos um fiel praticante do Stance, enquanto olhava para a «postura» do seu Golf IV. Acredito muito nesta afirmação até porque, efetivamente, é preciso uma vontade férrea para gostar e modificar automóveis em Portugal.

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Mercedes-Benz W 123 parado em baixo de árvore
W 123 “Overland Edition”. © Thom V. Esveld / Razão Automóvel

No entanto, após vários anos de prevalência no panorama das modificações, parece que o movimento Stance está a dar lugar ao movimento oposto.

Os carros rebaixados e com pneus de baixo perfil estão a dar lugar a carros cuja preparação vai precisamente no sentido oposto: suspensões mais altas, pneus de alto perfil, proteções para todo o terreno e equipamento para sobreviver longe da civilização.

Mercedes W123 em estrada de terra
Enquanto o Stance atrai a atenção de multidões o movimento Overland quer distância… de tudo. © Thom V. Esveld / Razão Automóvel
Talvez motivado pelos anos em que o «maldito vírus» trancou pessoas em casa e carros na garagem, agora queiramos — mais do que nunca — evasão, aventura e liberdade.

O Overlanding promete ganhar ainda mais força em 2023.

Um movimento que, tanto quanto é possível documentar movimentos espontâneos, começou na Austrália e tem feito escola em todo o mundo.

Não confundam o Overlanding com campismo, todo o terreno ou caravanismo. O Overlanding é mais do que isso, juntando um pouco de tudo o que acabei de mencionar.

Mercedes W123 em caminho de gravilha, a ser ultrapassado por quads e motas
Não há veículos certos nem errados para Overlanding. A fiabilidade e resistência são talvez os pressupostos mais valorizados. © Thom V. Esveld / Razão Automóvel
É partir à aventura dependendo apenas do nosso veículo. E para isso, não é preciso hipotecar a casa e comprar o «todo o terreno» da moda, com os acessórios mais caros. É mais do que isso. É sobre explorar, descobrir e fazer do carro a nossa «nau» rumo à descoberta.

Nota-se muito que tenho planos ambiciosos para o meu Renault Twingo em 2023? Não se riam. Pode acontecer.

Aqui na Razão Automóvel estou constantemente a ser desafiado pelo nosso fotógrafo, o Thom V. Esveld, a embarcar nestas viagens com um grupo de «loucos» iguais a ele — e quero acreditar «iguais» a mim.

Todas as fotografias que acompanham este artigo são suas. O Mercedes-Benz W 123 também. E vamos deixar o nosso Mercedes-Benz 190 D fora da equação, ok?

Mercedes-Benz W123 com tenda montada no tejadilho
Menos é mais. É nesta simplicidade que muitos dizem encontrar o verdadeiro encanto do movimento Overland. Numa sociedade cada vez mais complexa, o Overlanding é um oásis de simplicidade. © Thom V. Esveld / Razão Automóvel
Desde que ando a pensar nisto, as minhas redes sociais fazem questão de me mostrar imagens magnificas de praticantes desta vertente da cultura automóvel.

Bem sei que nem tudo é um «mar de rosas», mas até isso faz parte da aventura. As avarias, os furos, os atascansos, as despesas inesperadas, as modificações que nunca mais acabam… digam-me alguém que tenha começado um projeto — seja stance, track-day ou overlanding — que tenha chegado a um momento em que disse: “pronto, já não há nada mais a fazer”. Isso simplesmente não existe…

E por falar em veículos modificados para aventuras, vejam um Cayenne muito especial que apareceu no «Especial de Natal» da Razão Automóvel.

Seja qual for a vossa «tribo», espero que tenham um excelente 2023.

Sabe esta resposta?
Qual foi o primeiro automóvel de produção a poder ser equipado com ABS?
Oops, não acertou!

Pode encontrar a resposta aqui:

Foi há 40 anos que o ABS chegou a um automóvel de produção