Crónicas Aquela pequena magia que são os vídeos dos “barn finds”

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Aquela pequena magia que são os vídeos dos “barn finds”

Os carros descobertos em armazéns, celeiros ou garagens costumam dar origem às melhores histórias que nunca me vou cansar de descobrir.

Saab abandonado
© Nathan van Egmond / Unsplash

Se há vídeos que não me dão vontade nenhuma de desligar e passar para o próximo são os dos barn finds (traduzindo diretamente, encontrados no celeiro).

Em qualquer localidade de qualquer estado americano ou numa esquecida vila do interior da Europa, parece sempre haver um modelo original e com características únicas que foi esquecido e fechado num barracão durante décadas.

Chega a haver até diversos automóveis num barracão e em casos mais raros, estes até se «espalham» por vários barracões. Há casos que, confesso, até me custam a acreditar, especialmente quando não é contado o motivo do seu «abandono».

Noutros casos surgem histórias de alguém que foi comprando automóveis e que, entretanto, faleceu, desapareceu ou simplesmente deixou de fazer ideia de quantos e quais os automóveis que tinha.

No início parecem histórias que até provocam alguma tristeza, devido ao estado de degradação a que chegam alguns automóveis. Por outro, o facto de estarem (em muitos casos) a ser recuperados, acaba por como compensar.

Cada barn find é um misto de viagem ao passado com uma história que merece ser (bem) contada, seja as que têm um final feliz ou as que nem por isso. E nem sequer é preciso ser um carro de sonho. Muitas vezes, as melhores histórias até incluem carros perfeitamente convencionais.

No entanto, “esta versão comprada em determinado ano pelo pai do Sr. «Tal», e que acabou por passar para o filho de…”, é o suficiente para continuar a ver o vídeo até ao fim.

Em busca de um barn find mais pessoal

Se há carro que eu sempre desejei encontrar, seja ou não num barn find, foi mesmo o meu primeiro carro. Mas estou cada vez mais convencido que nunca o irei voltar a ver. Além de não ter seguro, a matrícula também já não existe, pelo que apenas consigo imaginar um cubo de metal prensado.

Comprada nova no final da década de 70, a minha Opel 1204 S Caravan de cor branca sempre fez parte da família. Participou em inúmeras férias, tinha um cheiro único a bordo e milhares de histórias. Foi o carro em que aprendi a conduzir e acabou mesmo por ser o meu primeiro carro.

André Mendes - Opel 1204 S
© André Mendes

Um dia, numa manobra mais azarada em cima de empedrado molhado, teve um acidente — e eu nem sequer ia lá dentro. Durante o arranjo, surgiu um comprador interessado e eu, com um carro mais recente já em utilização, acabei por concordar com a venda. Uma daquelas decisões de que me arrependo até hoje.

Soube que foi para o interior e que «viveu» alguns anos numa quinta. Por isso, se por acaso alguém passar por um barracão onde esteja uma carrinha Opel 1204 S branca com a matrícula FV-96-69, por favor, contactem-me.