Autopédia Sistema Start/Stop. Qual o impacto a longo prazo no motor do teu carro?

Tecnologia

Sistema Start/Stop. Qual o impacto a longo prazo no motor do teu carro?

A tecnologia Start/Stop foi criada para poupar combustível e reduzir emissões, mas quais os impactos na vida do motor do teu carro?

start/stop

O sistema Start/Stop como o conhecemos surgiu muito antes do que imaginas. Os primeiros surgiram na década de 70, pelas mãos da Toyota, durante uma fase em que os preços do petróleo estavam a aumentar significativamente.

Devido à maior parte dos automóveis daquela época utilizarem carburadores, o sistema não teve sucesso. O tempo que os motores demoravam a ligar e os problemas de funcionamento que apresentavam, assim o ditaram.

A Volkswagen terá sido a primeira a introduzir o sistema em massa em vários modelos como o Polo e o Passat, em versões denominadas de Formel E, na década de 80. Depois disso, aparentemente só em 2004 surgiu uma implementação do sistema, fabricado pela Valeo e aplicado no Citroën C3.

Certo é que atualmente o Start/Stop é transversal a todos os segmentos, e podes encontrá-lo em citadinos, familiares, desportivos, e tudo o que possas imaginar.

sistema start/Stop

Tendo em conta que para um moderno motor a gasolina, o combustível consumido para o arranque a quente é o mesmo que é necessário para 0,7 segundos ao ralenti, facilmente percebemos a utilidade do sistema.

Na prática faz sentido, e é considerado um dos melhores sistemas para poupar combustível, mas a questão coloca-se frequentemente. Será um sistema benéfico a longo prazo para a vida do motor? Vale a pena mais umas linhas para ficares a perceber.

RELACIONADO: Devo esperar que o motor aqueça antes de arrancar. Sim ou não?

Como funciona

O sistema foi concebido para acabar com as situações em que o veículo está imobilizado, mas com o motor em funcionamento, gastando combustível e emitindo gases poluentes. Segundo vários estudos, estas situações representam 30% dos trajetos habituais em cidade.

Assim, sempre que imobilizado, o sistema desliga o motor, mas o automóvel mantém quase todas as outras funções ativas. Como? Já lá vamos…

start/stop

A inserção do Start/Stop não é apenas uma opção que permite desligar o motor. Para poder contar com este sistema são necessários outros componentes, que não só permitem o funcionamento como asseguram que este não gera quaisquer problemas.

Assim, na maioria dos automóveis com sistema Start/Stop contamos com os seguintes items adicionais:

Ciclos de paragem e arranque do motor
Um automóvel sem Start/Stop passa, em média, por 50 mil ciclos de paragem e arranque do motor durante a sua vida. Num automóvel com o sistema Start/Stop, o valor sobe para 500 mil ciclos.
  • Motor de arranque reforçado
  • Bateria de maior capacidade
  • Motor de combustão interna otimizado
  • Sistema elétrico otimizado
  • Alternador mais eficiente
  • Unidades de comando com interfaces adicionais
  • Sensores adicionais

O sistema Start/Stop não desliga o automóvel (ignição), apenas desliga o motor. Este é o motivo que leva a que todas as restantes funções do automóvel permaneçam em funcionamento. Para que isto seja possível, é necessário um sistema elétrico otimizado e uma bateria de maior capacidade, para que aguentem o funcionamento dos sistemas elétricos do automóvel com o motor desligado.

Assim, podemos considerar que o “maior desgaste dos componentes” devido ao sistema de Start/Stop é apenas um mito.

Vantagens

Como vantagens podemos destacar o principal propósito para que foi criado. Poupar Combustível.

Para além deste, a inevitável redução de emissões poluentes quando o carro está imobilizado é mais uma vantagem, até porque daqui poderá advir também uma redução no Imposto de circulação (IUC).

O silêncio e tranquilidade que o sistema permite ao desligar o motor no trânsito sempre que parado, parecendo que não, é também significativo, uma vez que deixamos de ter quaisquer tipos de vibrações e ruídos provocados pelo motor durante o tempo que permanecemos imobilizados.

Desvantagens

É possível considerar que não existem desvantagens no uso do sistema, uma vez que é sempre possível desligar o mesmo. No entanto, quando isso não é feito, podemos ter alguma hesitação no arranque, embora os sistemas estejam cada vez mais evoluídos e permitam arranques de motor cada vez mais suaves e imediatos.

Já na vida útil de um automóvel há a considerar o preço das baterias, que como referido são maiores e com uma capacidade superior para suportar o sistema, sendo também consideravelmente mais caras.

RELACIONADO: ASC, DSC, ESC, TCS, DTC… sabes o que significam todas estas siglas?

Existem exceções

A introdução do sistema Start/Stop obrigou os fabricantes a garantir que o motor é capaz de suportar as diversas e sucessivas paragens quando o sistema entra em funcionamento. Para isso o sistema funciona com diversas condicionantes que uma vez não verificadas, inibem o sistema, ou suspendem-no, nomeadamente:

  • Temperatura do motor
  • Uso do ar condicionado
  • Temperatura exterior
  • Assistência na direção, travões, etc..
  • Voltagem da bateria
  • Inclinações acentuadas

Desligar? Porquê?

Se é verdade que para que o sistema seja ativado é necessário cumprir uma série de requisitos como ter o cinto de segurança colocado, e ter o motor a uma temperatura ideal, entre outros, também é verdade que por vezes o sistema é ativado sem alguns dos requisitos cumpridos.

Um dos requisitos para que o sistema não entre em funcionamento, tem a ver com o facto de garantir a lubrificação, refrigeração e arrefecimento. Ou seja, após uma longa viagem, ou alguns quilómetros a uma velocidade mais elevada, não é de todo conveniente que o motor seja desligado abruptamente.

Esta é uma das situações em que deves desligar o sistema, para que o motor não seja desligado de imediato nas paragens que sucedem a uma longa ou “apressada” viagem. Aplica-se também a qualquer situação de esforço, condução desportiva ou em circuito. Sim, naqueles track-days aconselho-te vivamente a garantires que o sistema está desligado.

Outra situação é em condução fora de estrada, ou por exemplo numa zona alagada na altura de chuvas fortes. Uma vez mais é óbvio. A primeira porque a transposição de obstáculos por vezes é feita a uma velocidade tão reduzida que o sistema vai desligar o motor, quando na verdade nós queremos avançar. A segunda porque na eventualidade do tubo de escape estar debaixo de água, no momento em que se dá o arranque do motor, a água é sugada pelo tubo de escape, causando danos no motor que se podem revelar irreparáveis.

start/stop

Consequências?

Estas situações, que acabamos de referir, sim podem causar alguns eventuais problemas, principalmente em motores sobrealimentados (com turbo) e de elevada potência — os Turbos não só alcançam velocidades de rotação acima das 100 000 rpm, como podem atingir temperaturas de largas centenas de graus centígrados (600 ºC – 750 ºC) — Assim, é fácil perceber o que acontece quando a paragem do motor é feita de uma forma abrupta. A lubrificação deixa de ser feita de forma repentina, e o choque térmico é maior.

No entanto, e na maior parte dos casos nomeadamente no dia-a-dia e durante a condução em cidade, os sistemas de Start/Stop estão desenhados para suportar toda a vida do automóvel, e para isso todos os componentes que poderão sofrer um maior desgaste com este sistema são reforçados.

Sabe esta resposta?
O que significa a sigla SPCCI nos novos motores SKYACTIV-X?
Oops, não acertou!

Pode encontrar a resposta aqui:

Tecnologia SPCCI. A derradeira evolução do motor de combustão?