Ensaio Testámos o Dacia Sandero ECO-G (GPL). Muito mais que um “preço-canhão”

Desde 13 800 euros

Testámos o Dacia Sandero ECO-G (GPL). Muito mais que um “preço-canhão”

O Dacia Sandero ECO-G 100 Bi-Fuel tem no seu "preço-canhão" o principal argumento de vendas. Mas os seus atributos não se ficam por aí…

Dacia Sandero ECO-G 100 Bi-Fuel Comfort
© Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

Pelo preço e novo, nada chega de perto a este Dacia Sandero ECO-G 100 Bi-fuel. A partir de 13 800 euros (linha Comfort) podemos ter um utilitário que facilmente faz o papel de pequeno familiar e que também pode ser muito económico, por funcionar a GPL — o preço por litro, enquanto escrevo estas palavras, é menos de metade do da gasolina 95.

Para mais, não é muito mais caro que a versão só a gasolina. São apenas mais 250 euros, diferença que é abatida em pouco mais de 4000 km de utilização.

Como concluímos no duelo entre os Sandero Stepway de há uns meses — gasolina vs. GPL —, não vemos razão por não optar desde logo pelas versões ECO-G destes modelos, a não ser pela disponibilidade de postos de abastecimento ou, talvez, apenas por uma questão… de gosto.

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Dacia Sandero ECO-G 100
A terceira geração trouxe com ela um aspeto mais maduro e sofisticado. A exagerada largura ajuda imenso à percepção de robustez e estabilidade. © Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

E o Sandero ECO-G em teste, mesmo não conseguindo o mesmo apelo do quase-crossover Sandero Stepway — continua a ser o mais vendido e apetecido dos Sandero — é, por outro lado, mais acessível. E o preço continua a ser um dos argumentos mais esgrimidos na Dacia.

Vamos a contas: à volta de 1700 euros separam estes modelos, com vantagem para a unidade testada (ambos com o nível Comfort, o mais elevado), o que equivale a mais de… 2000 litros (!) de GPL, o que por sua vez se traduz em praticamente 25 mil quilómetros, ou até mais, dependendo dos trajetos e do “peso do pé”. Merece, pelo menos, um olhar mais prolongado…

Mais argumentos para lá do preço?

Sem dúvida. A terceira geração do Dacia Sandero trouxe com ela um nível de maturidade elevado. Pode ainda ser considerado low-cost, mas está muito bem “armado” para enfrentar a restante concorrência no segmento.

Não falta espaço a bordo (é dos que oferece mais espaço) e a mala está entre as maiores do segmento, e o interior, apesar de “forrado” a materiais duros e não muito agradáveis ao toque, tem uma montagem robusta q.b., em linha com muitas das propostas do segmento (há alguns queixumes, por exemplo, em ruas de paralelos, mas não difere de outras propostas na classe).

Além do mais, já vem com uma oferta de equipamento de série bastante completa — não esquecer que se trata da versão Comfort, a mais equipada. Temos desde os obrigatórios Apple CarPlay e Android Auto ao cruise control, passando pelos faróis LED e sensores de luz e chuva, até à presença de vários assistentes à condução. E os poucos opcionais que existem não custam os “olhos da cara”.

O que falta lá dentro é, essencialmente, o “fogo de artifício” ou “espetáculo de luzes” que outras propostas do segmento têm. Se o tabliê do Sandero ECO-G até tem um desenho agradável, a decoração “cinzentona” contribui para um ambiente algo austero.

Neste Comfort, temos alguns revestimentos em tecido mais claro que ajudam a elevar a agradabilidade, mas não deixam de faltar alguns apontamentos de cor como, por exemplo, o Sandero Stepway tem nas saídas de ventilação

E ao volante. Como se comporta?

É talvez onde a terceira geração do Sandero mais evoluiu. As fundações são sólidas — deriva diretamente da CMF-B usada no Renault Clio — e apesar de todo o acerto do carro estar orientado para o conforto, dinamicamente não destoa do restante segmento.

Revelou-se muito estável em autoestrada e nas curvas, apesar de não entreter muito, é previsível e eficaz, sempre com um bom controlo sobre os movimentos da carroçaria.

Bancos dianteiros do Dacia Sandero
Bancos são razoáveis em conforto e suporte. Peca apenas pela inclinação do assento, que deveria ser maior à frente. © Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

O único reparo refere-se ao peso dos comandos que são bastante leves. Pode ser uma benesse numa condução urbana, mas em autoestrada agradecia que a direção, por exemplo, oferecesse mais resistência.

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Também é a velocidades mais elevadas que constatamos para onde foi algum do custo cortado: insonorização. Desde o ruído aerodinâmico (concentrado à frente), ao ruído de rolamento e mecânico (mesmo não sendo o mais desagradável), é onde o Sandero se distancia mais dos rivais.

Dacia Sandero ECO-G
Jantes de 15″ de série, mas há 16″ em opção. O perfil mais elevado do pneu também contribui para o acerto macio no amortecimento sentido ao volante. © Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

Dito isto, o conforto a bordo e o voluntarioso motor fazem do Sandero um estradista bastante competente — viagens longas não são um receio…

Ah… o motor. Apesar de ter apenas 100 cv, o ECO-G é o mais potente dos Sandero à venda; os outros Sandero “só” a gasolina usam o mesmo 1.0 TCe, mas só entregam 90 cv.

O três cilindros turbo foi uma agradável surpresa, mostrando um grande à vontade em qualquer regime, mesmo quando decidimos explorar o regime de potência máxima (5000 rpm). Não vamos ganhar “corridas de semáforo”, mas vigor não falta para mover de forma competente o Sandero.

Caixa de velocidades JT 4
Caixa manual de seis velocidades, quando a maior parte dos rivais apenas têm cinco. Precisa quanto baste, mas a sua ação podia ser mais “oleada”. Curiosidade: esta caixa, JT 4, é produzida na Renault Cacia, em Aveiro. © Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

Por outro lado, mostrou ter um apetite de gente grande. Sendo a GPL, os consumos vão ser sempre mais elevados que a gasolina (10-15%), mas no caso deste Sandero ECO-G, os mais de 9,0 l registados em muitos dos contextos de condução são exagerados e inesperados. Quando o Sandero Stepway ECO-G (usado no duelo) passou pela Razão Automóvel, por exemplo, registava facilmente menos um 1-1,5 litros por cada 100 km.

Talvez a razão pelos elevados números esteja na falta de rodagem da unidade ensaiada — chegou às minhas mãos com pouco mais de 200 km no odómetro. Dado a vivacidade do motor, ninguém diria que tivesse tão poucos quilómetros, mas seriam necessários mais dias de testes e muitos mais quilómetros para tirar todas as dúvidas sobre este tópico em particular e não houve oportunidade para tal.

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Torna-se difícil não recomendar o Dacia Sandero ECO-G para quem procura um utilitário — é, sem dúvida, o modelo que mais faz jus ao nome na classe — que até “disfarça bem” como pequeno familiar.

Pode não conseguir apelar subjetivamente tanto como outros rivais, mas tendo em consideração o que oferece e o desempenho demonstrado, está objetivamente mais perto deles (em vários aspetos é tão bom ou melhor) do que os milhares de euros que os separam deixariam adivinhar.

A opção GPL continua a ser a “escolha certa” no Sandero (sempre que possível). Não só garante uma conta reduzida de combustível, como até consegue prestações (ligeiramente) melhores, cortesia dos 10 cv adicionais de potência, o que até casa bem com as suas muito decentes qualidades como estradista.

Atualizado a 19 de agosto às 20h33: foi corrigida a informação relativa à capacidade do depósito de GPL de 32 l para 40 l.

Testámos o Dacia Sandero ECO-G (GPL). Muito mais que um “preço-canhão”

Dacia Sandero ECO-G 100 Bi-Fuel

8/10

Nesta terceira geração do Dacia Sandero, o preço não é o único argumento para o considerar como uma opção. É certo que lhe falta algum "fogo de artifício" que outras propostas do segmento têm. Mas que não haja dúvidas: o Sandero é uma proposta válida e competente, alinhando com o restante segmento em várias áreas de avaliação, desde a habitabilidade (um dos mais espaçosos) à dinâmica. Junte-se as mais que razoáveis prestações, a economia de utilização por ser GPL e um preço de combate, e é difícil não recomendá-lo.

Prós

  • Preço de combate
  • Custos de utilização (GPL)
  • Espaço a bordo
  • Conforto

Contras

  • Refinamento (insonorização abaixo da média)
  • Materiais pouco agradáveis

Versão base:€13.800

IUC: €103

Classificação Euro NCAP: 2/5

€14.950

Preço unidade ensaiada

  • Arquitectura:3 cilindros em linha
  • Capacidade: 999 cm3 cm³
  • Posição:Dianteira transversal
  • Carregamento: Injeção indireta, Turbo, Intercooler
  • Distribuição: 2 a.c.c.; 4 válv. por cilindro (12 válv.)
  • Potência: 101 cv entre as 4600-5000 rpm
  • Binário: 170 Nm às 2000 rpm

  • Tracção: Dianteira
  • Caixa de velocidades:  Manual de 6 velocidades

  • Largura: 4088 mm
  • Comprimento: 1848 mm
  • Altura: 1499 mm
  • Distância entre os eixos: 2604 mm
  • Bagageira: 328-1108 l
  • Jantes / Pneus: 185/65 R15
  • Peso: 1182–1205 kg

  • Média de consumo: 7,1-7,0 l/100 km
  • Emissões CO2: 112–106 g/km
  • Velocidade máxima: 183 km/h
  • Aceleração máxima: >11,6s

    Tem:

    • Faróis de nevoeiro
    • Sistema de ajuda ao estacionamento traseiro
    • Retrovisores exteriores elétricos com sistema de desembaciamento
    • Sensores de luminosidade e chuva
    • Faróis Full LED
    • Regulador e limitador de velocidade
    • Sistema de controlo de pressão dos pneus
    • Ar condicionado manual
    • Vidros elétricos frente e trás
    • Assistência à travagem de urgência (AFU)
    • Sistema de travagem de emergência ativa (AEBS)
    • Media Display: ecrã tátil 8”, rádio DAB, replicação de smartphone por cabo, Bluetooth®
    • Volante em couro
    • Volante regulável em altura e profundidade
    • Banco do condutor regulável em altura com apoio de braço

Pack Hands-Free (Cartão mãos-livres + Consola central semi-elevada com apoio de braços e local de arrumação + Travão de estacionamento assistido) — 450 €
Media NAV: navegação, rádio DAB, replicação de smartphone por Wi-Fi, Bluetooth®, ecrã tátil de 8" e suporte amovível para telefone (inclui Cartografia País) — 300 €
Vermelho Fusion — 400 €

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