Opinião Os carros ficariam melhor sem a chapa de matrícula dianteira

Retângulos indesejados

Os carros ficariam melhor sem a chapa de matrícula dianteira

Ao ver imagens do BMW Série 4 Coupé sem a chapa de matrícula dianteira, fez-me querer que os inestéticos retângulos desaparecessem de vez da face dos automóveis.

BMW Série 4 Coupé

Já muito foi dito sobre o enorme duplo rim do BMW Série 4. É impossível desviar o olhar dele, pois, tal como um buraco negro, parece que nada é capaz de lhe escapar — nem a própria luz. Bem… Quase nada… Já reparaste na chapa de matrícula dianteira e como esta se sobrepõe desajeitadamente ao duplo rim?

Destaca-se… e não pelos melhores motivos. Goste-se ou não deste duplo rim XL do Série 4, a verdade é que a matrícula só atrapalha a sua percepção e estraga o efeito pretendido pelos designers.

Mas o Série 4 não é o único. Haverá algum modelo onde a chapa de matrícula dianteira fique bem?

VÊ TAMBÉM: A minha nova matrícula está legal? Descobre aqui
BMW Série 4 G22 2020
BMW Série 4 Coupé

Podemos apontar o dedo aos designers que se “esquecem” de integrar desde o início do processo de design a chapa de matrícula. Claro está que, quando chega altura de colocar o inestético retângulo metálico, parece algo pensado a posteriori.

Se no Concept 4, que antecedeu o Série 4 de produção, contornaram esta questão com uma irrealista, mas mais atrativa e visualmente menos intrusiva, chapa de matrícula transparente, sabíamos que nunca chegaria à linha de produção, pois é ilegal.

Apesar de na Europa não ser possível abdicar da chapa de matrícula dianteira, é possível noutros sítios. Como ficaria o BMW Série 4 Coupé sem ela? Julguem por vocês próprios, com estas imagens oficiais da BMW:

Como já referi, se acompanharmos o processo de design de um automóvel, a chapa de matrícula dianteira raramente é tida em consideração quando vemos as primeiras propostas para um novo modelo ainda na folha de papel… ou no ecrã do computador — curiosamente, o mesmo não acontece atrás.

É fácil perceber o porquê do “esquecimento”. Há menos área útil na dianteira e, por norma, mais elementos para adicionar — faróis, grelha (sempre a crescer) e entradas de ar (falsas ou não). Considerar logo à partida a necessidade de encaixar uma chapa de matrícula poderá limitar excessivamente o designer que procura novas soluções visuais. Mas talvez não houvessem tantos exemplos “colados a cuspo” como parece haver hoje em dia.

Alfa Romeo 156
Alfa Romeo 156

Será que a Alfa Romeo colocaria à mesma um scudetto tão grande no elegante 156 (e todos os modelos que lhe seguiram) se não pudesse empurrar a chapa de matrícula para o lado? Provavelmente não. Se tivesse ao meio, a perceção do triangular scudetto seria excessivamente prejudicada ou então teria de ser colocada sobre a principal entrada de ar para o motor.

VÊ TAMBÉM: Não gosto das novas matrículas. Será que estou sozinho?

Mesmo assim, não é uma solução que satisfaça totalmente, pois nem sequer escondemos o “lixo debaixo do tapete”, apenas o desviámos para o lado. E lá se foi a simetria da frente…

Que solução então? A ideal seria livramos-nos da dita cuja, como acontece em alguns estados dos EUA. Porque não adotar essa solução?

Vamos enviar missões tripuladas a Marte, mas não encontramos forma de nos livrar destes inestéticos retângulos metálicos — (sarcasticamente) prioridades…

Como solução de compromisso, porque não seguir o exemplo italiano e suíço que recorrem a uma chapa de matrícula dianteira de menores dimensões? Pelo menos não incomoda tanto…

Haverá outras soluções que permitam “limpar” as frentes dos automóveis?