Ensaio Consegue fazer tudo? Colocámos a Volkswagen Amarok à prova

Desde 60 573 euros

Consegue fazer tudo? Colocámos a Volkswagen Amarok à prova

A Volkswagen Amarok parece estar de «mangas arregaçadas», pronta para tudo aquilo que nos passar pela cabeça. Fomos explorar esta ideia.

Volkswagen Amarok Style 2.0 TDI 4Motion

7.5/10

Parece um carro de trabalho, mas a Volkswagen Amarok é muito mais do que isso.

Prós

  • Comportamento fora de estrada
  • Equipamento
  • Posição de condução
  • Robustez de todo o conjunto

Contras

  • Alguns ruídos aerodinâmicos
  • Consumos elevados
  • Motor ruidoso
  • Preço

Lembram-se da Volkswagen Amarok? A primeira pick-up da marca alemã chegou ao mercado em 2010 e obrigou muitas das suas rivais a evoluir num segmento que parecia mais ou menos estagnado.

Praticamente 14 anos depois — e mais de 830 mil unidades comercializadas por esse mundo fora — chega finalmente o momento de me sentar ao volante da segunda geração. E que passa a ser produzido na mesma linha de montagem da Ford Ranger, na fábrica de Silverton, na África do Sul, com a qual partilha quase tudo.

Se não olharmos para o formato da moldura das janelas, dificilmente vamos perceber as semelhanças com a sua «irmã gémea» da oval azul. A marca alemã levou este ponto muito a sério, de forma a se perceber imediatamente que se trata de um Volkswagen.

Mesmo sendo uma pick-up de visual mais robusto, a Volkswagen Amarok até consegue ter uma imagem apelativa.

A secção dianteira conta com grupos óticos com uma assinatura visual específica em LED e com o sistema IQ.Light. Atrás, a assinatura visual também é específica e a tampa do compartimento de carga, com as letras Amarok em relevo, não deixam dúvidas sobre de que modelo se trata.

O logótipo da marca tem um tamanho igualmente generoso e consegue esconder a câmara traseira de ajuda ao estacionamento. Na lateral, a inscrição 4Motion identifica a presença do sistema de tração integral.

Pick-up ou automóvel?

Ao volante, o visual também nada tem a ver com a imagem que tinha de uma pick-up. Por norma, estes são modelos mais associados a uma vertente de trabalho, com materiais pensados para durar e não para serem bonitos. Ainda assim, neste caso, o topo do tabliê e dos painéis das portas são forrados em pele e com pespontos num tom contrastante.

A posição de condução está cada vez mais parecida com a de um familiar convencional e muito menos com a de um carro de «trabalho». A coluna da direção e o volante estão no sítio certo e este último serve de moldura a um painel de instrumentos totalmente digital e com animações específicas para cada modo de condução. No caso do “Escorregadio”, até se conseguem ver os pingos da chuva.

Em termos de espaço, nesta carroçaria de Cabine Dupla, com cinco lugares, não existem quaisquer problemas, seja nos lugares da frente ou nos traseiros. Quem viaja atrás, já nem sequer tem os assentos com as costas tão na vertical como acontecia há uns anos, em outros modelos, ficando assim bem mais confortável para viagens mais longas. Além disso, a tomada de 230 V permite ligar carregadores ou outros aparelhos, tal como se estivéssemos em casa.

Por se tratar de uma pick-up, uma das desvantagens continua no facto de não existir uma bagageira convencional e sim uma enorme caixa de carga. A sua capacidade ascende quase a uma tonelada e, em opção, a Volkswagen tem disponíveis algumas soluções que protegem este espaço de olhares mais «curiosos».

Neste capítulo do habitáculo, a Volkswagen Amarok consegue ser confortável e prática, mesmo quando há pequenas famílias a bordo com diversas coisas para transportar.

Venham as intempéries

Entre os assentos dianteiros está o comando da caixa automática de 10 velocidades — idêntico ao da Ford Ranger —, bem como o comando rotativo dos modos de tração disponíveis: traseira, integral automática, integral permanente em altas e integral permanente em baixas (redutoras). Caso seja necessário, está também presente o bloqueio do diferencial traseiro.

Volkswagen Amarok - modos de tração
© Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

Dez relações disponíveis é algo que pode soar a exagero, mas, neste caso, até não é. Desta forma, parece sempre haver uma alternativa com a dose correta de binário para cada situação e o 2.0 TDI de 205 cv aproveita esta situação da melhor forma.

Ao longo de quase todo o ensaio, por ter estado a chover em 99,9% do tempo, optei pela tração integral permanente, mas com gestão automática. A velocidades mais reduzidas, a tração é sempre feita nas quatro rodas, mas à medida que a velocidade aumenta, ficam apenas as traseiras responsáveis por essa função, de forma a poupar combustível.

Volkswagen Amarok - lateral
© Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

Perante os cenários mais adversos «lá fora», a bordo da Volkswagen Amarok o ambiente continua bastante sereno. Mesmo quando as dificuldades do trajeto incluem caminhos por onde já é difícil andar a pé, o sistema de tração integral quase não requer outra posição que não a de gestão automática.

Com as redutoras acionadas, percebi que ia passar algum tempo a descobrir quais as limitações da Volkswagen Amarok.

Asfalto, lama, areia ou… qualquer coisa

Seja em asfalto ou fora dele, os pneus que equipam a unidade ensaiada parecem ser uma escolha perfeita para a maioria das situações, relembrando que a meteorologia não foi «simpática» durante este ensaio. Algo que me fez gostar ainda mais da Amarok.

Volkswagen Amarok - andamento com lama frente
© Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

Em estrada, o tradicional «saltitar» da suspensão traseira continua presente em pisos mais degradados, revelando que se trata de uma solução (molas de lâmina) preparada para receber cargas mais pesadas e que estou a circular sem nada na caixa de carga. Ainda assim, pouco ou nada tem a ver com a ideia que tinha, demonstrando que, neste ponto, a Volkswagen Amarok também conseguiu evoluir bastante.

Já em ambiente urbano ou em garagens mais apertadas, conduzir algo que mede 5,36 m de comprimento, quase 1,92 m de largura e que tem a antena do tejadilho a mais de dois metros do piso nunca será uma tarefa fácil.

Ainda assim, a Volkswagen Amarok consegue dar uma ajuda que se revela fundamental e torna as manobras mais simples, graças à presença de sensores dianteiros e traseiros, assim como uma câmara traseira.

Tendo em conta o tamanho e o peso da Volkswagen Amarok, que fica acima das 2,3 toneladas, o motor 2.0 TDI mostrou-se mais ruidoso e guloso do que seria desejado. Em autoestrada «compete» com os ruídos aerodinâmicos deste enorme conjunto e em percurso misto acaba por precisar de quase 10 litros de combustível para cada 100 quilómetros percorridos.

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Muito mais do que um SUV

A Volkswagen Amarok testada vinha com o equipamento Style, precisamente posicionado entre os Life e Aventura que estão disponíveis no mercado nacional.

Equipada com o motor 2.0 TDI de 205 cv e tendo cabine dupla (quatro portas e cinco lugares), o preço tem como ponto de partida nos 60 573 euros. Com os opcionais presentes nesta unidade, na sua maioria destinados a simplificar a sua utilização, o preço final «salta» para os 64 074 euros.

É um valor algo elevado, mas é necessário considerar que a Volkswagen Amarok consegue ser uma espécie de canivete suíço em termos de funcionalidades e responder à grande maioria dos desafios que lhe propomos.

Alguns desses desafios revelam ser cruciais, como o de salvar vidas:

Para ficar perfeita, no entanto, resta escolher uma das soluções destinadas a proteger o compartimento de carga. E depois, resta planear cada trajeto considerando que a Volkswagen Amarok paga Classe 2 nas portagens.

Veredito

Volkswagen Amarok Style 2.0 TDI 4Motion

7.5/10

Equipada com um motor Diesel competente e «dona» de um habitáculo espaçoso, a Volkswagen Amarok parece conseguir fazer quase tudo o que é exigido por uma família: desde o dia a dia às férias, passando pelas «escapadelas» de fim de semana. E é capaz de ultrapassar os cenários mais desafiantes que a natureza nos pode proporcionar enquanto estamos ao volante. Só mesmo o capítulo dos custos nos obriga a fazer contas.

Prós

  • Comportamento fora de estrada
  • Equipamento
  • Posição de condução
  • Robustez de todo o conjunto

Contras

  • Alguns ruídos aerodinâmicos
  • Consumos elevados
  • Motor ruidoso
  • Preço

Especificações técnicas

Versão base:60.573€

IUC: 447€

Classificação Euro NCAP: 5/5

64.074€

Preço unidade ensaiada

  • Arquitectura: 4 cilindros em linha
  • Capacidade: 1996 cm³
  • Posição: Dianteira, longitudinal
  • Carregamento: Injeção direta com turbo e intercooler
  • Distribuição: 2 a.c.c., 4 válv./cil. (16 válv.)
  • Potência: 205 cv às 3750 rpm
  • Binário: 500 Nm

  • Tracção: Integral
  • Caixa de velocidades:  Automática de 10 relações

  • Comprimento: 5362 mm
  • Largura: 1917 mm
  • Altura: 1884 mm
  • Distância entre os eixos: 3270 mm
  • Jantes / Pneus: 255/65 R18
  • Peso: 2321 kg

  • Média de consumo: 8,9 l/100 km
  • Emissões CO2: 234 g/km
  • Velocidade máxima: 180 km/h
  • Aceleração máxima: >10,5s

    Tem:

    • ABS e ESP com controlo de descida
    • App-Connect, Bluetooth e VW Connect Basic
    • Ar Condicionado automático bi-zona
    • Bloqueio do diferencial do eixo traseiro
    • Câmara traseira de estacionamento
    • Cockpit digital de 12″ com ecrã a cores
    • Cruise Control Adaptativo
    • Faróis de LED matrix “IQ.LIGHT”
    • Iluminação na caixa de carga
    • Infoentretenimento com ecrã tátil a cores de 12″
    • Jantes liga leve 18″
    • Pacote bancos ArtVelours
    • Proteção inferior do motor e caixa de velocidades
    • Sensores de estacionamento dianteiros e traseiros com Rear Traffic Alert
    • Vidros elétricos à frente e atrás
    • Volante multifunções em couro

Pintura metalizada: 704,45 €
Barras de tejadilho longitudinais cromadas: 275,45 €
Estribos laterais com degrau, cromados: 918,15 €
Forro interior do tejadilho em tom escuro: 245,37 €
Tapetes de borracha à frente e atrás: 25,33 €