Testámos o DS 3 E-Tense. Melhorou em quase tudo mas não no preço

O DS 3 E-Tense foi atualizado, ganhou potência e autonomia, mas o preço roça o proibitivo.

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Sempre associada à cidade de Paris, a DS Automobiles sempre tentou transmitir uma imagem diferenciada e requintada dos seus modelos, e o DS 3 é um excelente exemplo disso.

Além disso, não se ficou pelas aparências e deu ao seu mais pequeno modelo a responsabilidade de ser o primeiro 100% elétrico da marca, a que chamou de E-Tense, e um dos primeiros no seu segmento.

Só que isso já foi em 2019 e mais recentemente, em 2023, a gama foi atualizada por dentro e por fora e o DS 3 E-Tense foi reforçado com um motor elétrico mais potente, acompanhado de uma bateria com mais capacidade.

A atualização trouxe uma secção dianteira com alguns detalhes revistos, tais como o desenho dos grupos óticos e da grelha frontal.

Além disso, as luzes de condução diurna, que a marca designa como DS Wings, são agora dois elementos verticais nas extremidades do para-choques, tal como também já conhecemos com o DS 4 e o DS 7. Lá atrás, o friso que liga os dois grupos óticos inclui agora o nome da marca, por extenso.

Os detalhes mais originais da carroçaria, no entanto, continuam a ser os puxadores das portas que se recolhem para o interior da carroçaria quando o DS 3 está trancado, mas também a linha de cintura mais elevada e com uma «barbatana» entre as duas janelas laterais, a lembrar o primeiro DS 3.

Ainda no que diz respeito à estética, os grupos óticos do DS 3 também são dos que requerem alguns segundos de atenção devido ao seu desenho mais original. No entanto, o todo continua a destacar-se por uma imagem mais original, compactada em pouco mais quatro metros de comprimento.

Ambiente muito exclusivo

Independentemente do patamar de equipamento escolhido, o habitáculo do DS 3 será sempre um espaço muito cativante.

Além dos materiais mais exclusivos que o habitual neste segmento, do equipamento disponível e da tecnologia, há detalhes que parecem ter recebido mais de atenção, apenas com o objetivo de serem diferentes. O que faz com que o DS 3 se torne mais especial desde o momento em que acedemos ao habitáculo.

Sentados ao volante, «descobrimos» o padrão original em losango dos comandos existentes no centro do tabliê. E depois, o seletor dos modos de condução e os comandos dos vidros instalados na consola central seguem a mesma linha de estilo.

No entanto, esta está longe de ser a solução mais prática, pois o hábito faz com que andemos sempre à procura dos comandos dos vidros nas portas e não na consola central.

Há também novos comandos no volante, destinados às funções de assistência à condução ou ao sistema de som. Por fim, há um novo ecrã no topo da consola central, de comando tátil e que já inclui a nova interface de utilizador com diversas hipóteses de personalização. Ainda requer alguma habituação, mas está mais intuitiva.

O espaço necessário para o dia a dia

O DS 3 é o modelo de acesso à marca e também o mais compacto, estando o espaço disponível a bordo de acordo com o seu segmento. Nos lugares traseiros, a presença de apenas duas pessoas continua a ser a ideal, com a desvantagem das mais altas ficarem com a cabeça mais perto do tejadilho.

Tanto em largura como no espaço para as pernas não existem grandes dificuldades e mesmo a bagageira tem para oferecer uns «simpáticos» 350 litros de volumetria.

De calças «arregaçadas»

O visual mais elitista do DS 3 E-Tense revela o seu lado mais «rebelde» com uma altura ao solo mais elevada que a dos utilitários comuns, tal como acontece na maioria dos crossovers e SUV de tamanho compacto com que pretende rivalizar.

O mais interessante é que, mesmo com esta altura ao solo, a suspensão oferece um bom compromisso dinâmico, não se negando a uma passagem pela estrada de traçado mais sinuoso se assim o desejarmos.

Os movimentos da carroçaria são bem controlados pela suspensão e os «abusos» facilmente previsíveis e controláveis, o que nos envolve ainda mais com a condução do DS 3.

Mais potência e autonomia

Como referimos no início, o DS 3 E-Tense ficou mais potente e ganhou uma bateria maior, que lhe dá maior autonomia com esta atualização.

O motor elétrico acrescentou 15 kW (20 cv), totalizando agora 115 kW (156 cv) e a bateria cresceu dos 50 kWh para os 54 kWh de capacidade total. Com esta combinação, o DS 3 E-Tense passa a anunciar uma autonomia ligeiramente acima dos 400 km.

Durante o nosso teste, foi um valor que nos pareceu não ser muito complicado de alcançar com uma utilização mais convencional, daquelas que nem sequer está restringida aos trajetos citadinos.

Para isso, será necessário usar corretamente os três modos de condução disponíveis ­— Eco, Normal e Sport —, aproveitando o modo de maior regeneração de energia (B) sempre que possível. Desta forma, o computador de bordo vai-nos mostrando valores inferiores a 15 kWh/100 km e a autonomia parece demorar mais tempo a desaparecer.

Traje para uma noite de ópera

O nível de equipamento “Opera” é o mais completo dos cinco que estão disponíveis para o DS 3, já incluindo a nova coleção Esprit de Voyage, com elementos mais exclusivos.

Isso faz com que a lista de equipamento de série seja bastante extensa e que o nível de acabamentos seja o mais «aprumado» de toda a gama.

Por um lado, encontramos um habitáculo com estofos em couro, um sistema de navegação conectada, climatização automática, todas as câmaras e sistemas de ajuda ao estacionamento, além da conectividade através de Apple CarPlay e Android Auto sem fios.

Por outro, a unidade ensaiada ainda adicionava a original pintura metalizada Vermelho Diva (1200 €) e com o sistema de iluminação DS Matrix LED Vision (950 €). Estes, tornam o DS 3 ainda mais exclusivo, mas são mais dois elementos que sobrecarregam o preço final desta unidade.

O preço desta versão acaba por roçar o proibitivo, ficando acima dos 50 mil euros. Premium ou não premium, exclusivo ou não, é um preço simplesmente demasiado elevado, ao nível de propostas do segmento acima.

Mesmo não saindo da marca, basta reparar que a distância para o DS 4 híbrido plug-in — com 225 cv, mais espaço e conforto —, com o mesmo nível de equipamento é bastante curta. E isso dá que pensar.