Ensaio Racionalidade extrema? Passámos uns dias com o Citroën ë-C4 X

Desde 40 735 euros

Racionalidade extrema? Passámos uns dias com o Citroën ë-C4 X

O Citroën ë-C4 X foi desenvolvido com o objetivo de cumprir diversos tipos de necessidade e de ser uma das escolhas mais racionais do mercado.

Citroën ë-C4 X

7/10

Prós

  • Capacidade da bagageira
  • Conforto a bordo
  • Suspensão em mau piso

Contras

  • Alguns materiais
  • Painel de instrumentos compacto
  • Preço elevado

Depois de termos conhecido o Citroën ë-C4 na sua versão 100% elétrica, a marca do Double Chevron traz-nos um novo formato, com «ares» de fastback, ainda que a motorização e a base sejam exatamente as mesmas.

Se olharmos para o ë-C4 X de frente, as diferenças não são muitas, mas de perfil e na traseira, identificamos facilmente onde elas estão. O tejadilho tem uma linha mais fluida, que se prolonga até à bagageira, suficiente para a Citroën lhe chamar liftback.

No entanto, trata-se «apenas» de uma carroçaria de quatro portas que agora tem uma bagageira de formato mais convencional. Face à versão de cinco portas do Citroën ë-C4 (sem o X), há mais 24 cm de comprimento, num total de 4,6 metros.

Há cerca de um ano, quando foram reveladas as primeiras imagens deste novo formato, muitos afirmaram que estaria «condenado» logo à partida. No entanto, se pensarmos que o seu antecessor será, por exemplo, um C-Elysée, temos de admitir que a evolução foi considerável.

Tal como este, o novo Citroën ë-C4 X foi pensado como um carro global e está destinado a diversos mercados, incluindo o nosso. Por cá, há uma versão com motor a gasolina, mais tradicional, e uma 100% elétrica, que foi precisamente aquela que testámos.

Arrojado, mas não muito

A secção dianteira inclui os traços de família que já conhecemos da maioria dos modelos da marca francesa. Vemos uma espécie de “X” a compor as luzes de condução diurna e temos os grupos óticos separados. O logótipo do Double Chevron está perfeitamente integrado nas linhas do conjunto e em grande destaque.

Na zona inferior da carroçaria e nos arcos laterais das cavas das rodas, as aplicações em plástico escuro fazem com que o Citroën ë-C4 X fique com uma espécie de visual de SUV. Sendo que este é também ajudado por uma altura mais generosa face ao piso, garantindo a imagem mais robusta.

As maiores diferenças visuais estão, obviamente, na parte de trás do ë-C4 X, com a tal linha de liftback, proveniente do tejadilho. Os grupos óticos têm um desenho bastante moderno e iluminação em LED. E no topo da tampa da bagageira está uma interpretação mais discreta de uma ducktail.

Habitáculo sem surpresas

Assim que nos sentamos ao volante do Citroën ë-C4 X, encontramos assentos em pele com regulação elétrica e uma boa posição de condução. Ainda que, a maior densidade de espuma nos assentos obrigue a alguma habituação.

Citroën ë-C4X assentos dianteiros
© Fernando Gomes / Razão Automóvel

No tabliê, mais uma vez, também não existem diferenças face à versão de cinco portas. Ou seja, este C4 conta com uma instrumentação de tamanho muito compacto e um monitor central tátil no topo. Ainda que este já inclua a nova interface de utilizador, onde nem sempre é fácil encontrar a função desejada.

Os comandos da caixa de velocidades e dos modos de condução são os mesmos que já conhecemos em dezenas de outros modelos do Grupo Stellantis. Por outro lado, felizmente, os comandos principais do ar condicionado ainda continuam a ser elementos físicos e de fácil acesso.

Já alguns materiais mereciam uma evolução, pois são demasiado rígidos e com um acabamento pouco cuidado em algumas extremidades.

Espaço disponível «lá atrás»

Não sendo uma referência, o espaço disponível nos lugares traseiros é suficientemente amplo, tanto no que diz respeito ao espaço para as pernas como em altura. No entanto, quando comparado com outros automóveis 100% elétricos — que costumam ter uma generosa distância entre eixos destinada a arrumar a bateria do sistema — o ë-C4 X ficou abaixo da nossa expetativa.

Um pouco mais atrás, na bagageira, a volumetria é bastante ampla, com 510 litros de capacidade, e ficamos com a ideia de que lá cabe tudo e mais alguma coisa. Só que aqui surge a desvantagem de se tratar apenas de um terceiro volume, ainda que dissimulado. Para alcançar este compartimento, temos de utilizar a tampa da bagageira, que tem uma abertura limitada e dificulta o acesso a volumes de maiores dimensões.

Simplicidade em destaque

Ao volante do Citroën ë-C4 X, a simplicidade é a palavra-chave em quase todos os momentos. Os três modos de condução disponíveis (Eco, Normal e Sport) têm influência nos valores de potência, binário e velocidade máxima, com três patamares distintos.

No entanto, o maior destaque deste modelo está mesmo relacionado com o conforto e com a conquista de um ambiente a bordo o mais tranquilo possível. Daqueles que são perfeitos para nos levar a casa depois de um dia mais cansativo.

Em contrapartida, por não haver «autorização» para utilizar materiais de qualidade mais elevada e mais dispendiosos, notámos que existem mais ruídos aerodinâmicos que o desejado, por exemplo.

Para compensar este ponto, no entanto, o investimento efetuado no desenvolvimento de uma suspensão reforçada e com a capacidade de «sobreviver» em ambientes mais «austeros» foi bem empregue. E o resultado está na capacidade que o Citroën ë-C4 X tem em superar muitas das «atrocidades» que vamos encontrando pelo centro da cidade, com uma enorme facilidade e sem manchar a imagem de conforto sentida no habitáculo.

Autonomia e consumo

Com esta configuração, está presente um único motor elétrico, com 136 cv de potência, 260 Nm de binário e tração dianteira. E com a presença da bateria de 50 kWh, a autonomia máxima anunciada ronda os 360 km. No entanto, é necessário adotar um modo de condução moderado e sem grandes abusos em termos de acelerações. Caso contrário, o Citroën ë-C4 X ficará bastante afastado desse valor.

Durante o nosso ensaio, por exemplo, conseguimos percorrer 43 km, gastando apenas 15% da carga da bateria e deixando a autonomia nos 286 km. Após alguns quilómetros em cidade e em autoestrada, sempre com o ar condicionado ligado, a autonomia desceu para os 128 km e a percentagem para os 48%. Sendo que o parcial de quilómetros ainda se encontra nos 135 km.

Em termos de consumos, a média anunciada pela Citroën ronda os 16 kWh/100 km. No entanto, acreditamos que seja uma medição efetuada no modo de condução mais económico e sem consumidores adicionais ativos (como o ar condicionado, por exemplo).

Num ritmo mais convencional, registámos um valor de 17,4 kWh/100 km e de 18,7 kWh com uma percentagem de autoestrada mais elevada. Ou seja, com menos hipóteses de regeneração de energia.

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O «preço» da eletricidade

Não há qualquer dúvida de que o Citroën ë-C4 X foi desenvolvido com uma lista de necessidades que tinham de ser cumpridas obrigatoriamente, de forma a torná-lo numa das propostas mais racionais e aliciantes nos diversos mercados a que se destina.

No entanto, o facto de se tratar de um automóvel 100% elétrico, com respetivo motor, bateria, carregador e outros componentes mais modernos, ainda faz com que o seu preço não seja dos mais desejáveis, superando os 40 mil euros na sua versão base.

Com o nível de equipamento Shine Pack, «arrumado» no topo da gama do Citroën ë-C4 X, o recheio da unidade ensaiada já se encontra bastante preenchido, com elementos como os assentos em pele com comando elétrico e massagens, por exemplo. A desvantagem é que isto faz com que o seu preço já fique muito próximo da fasquia dos 45 mil euros.

Veredito

Citroën ë-C4 X

7/10

O Citroën ë-C4 X conta com um visual que não se destaca por nada de especial, ainda que se perceba que se os centímetros adicionais estão onde devem estar, ou seja, a bordo e na bagageira. O nível de conforto é bastante elevado, especialmente para uma marca generalista e o sistema elétrico é bastante adequado para a mais «enfadonha» de todas as rotinas diárias.

Prós

  • Capacidade da bagageira
  • Conforto a bordo
  • Suspensão em mau piso

Contras

  • Alguns materiais
  • Painel de instrumentos compacto
  • Preço elevado

Especificações técnicas

Versão base:40.735€

Classificação Euro NCAP: 4/5

44.375€

Preço unidade ensaiada

  • Arquitectura: Um motor elétrico síncrono de íman permanente
  • Posição: Transversal, dianteira
  • Carregamento: Bateria: 50 kWh
  • Potência: 100 kW (136 cv)
  • Binário: 260 Nm

  • Tracção: Dianteira
  • Caixa de velocidades:  Redutor Mono relação (velocidade única)

  • Comprimento: 4600 mm
  • Largura: 1800 mm
  • Altura: 1520 mm
  • Distância entre os eixos: 2670 mm
  • Bagageira: 510 litros
  • Jantes / Pneus: 195/60 R18
  • Peso: 1659 kg

  • Média de consumo: 16 kWh/100 km; Autonomia: 360 km
  • Velocidade máxima: 150 km/h
  • Aceleração máxima: >10s

    Tem:

    • Acesso a arranque mãos livres
    • Ar condicionado automático e bomba de calor
    • Assentos em pele com regulação elétrica e aquecidos e com massagens
    • Faróis ECO LED
    • Faróis de nevoeiro dianteiros em LED, com iluminação de curva
    • Head-up display
    • Jantes de liga leve com 18″
    • PACK Vision 360°
    • Retrovisores exteriores elétricos + aquecidos + rebatíveis + iluminação follow me home
    • Tomadas USB à frente e atrás
    • Volante em pele com comandos integrados e inserções cromadas

Pintura metalizada: 550 €
Sistema de carregamento sem-fios: 250 €