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Russos voltam a produzir Citroën C5 Aircross com ajuda de construtor chinês

Mesmo com as sanções impostas pela Europa, a Rússia encontrou forma de voltar a produzir o Citroën C5 Aircross com ajuda chinesa.

Citroën C5 Aircross em estrada
© Citroën

Muitas foram as empresas automóveis que saíram da Rússia, a nível comercial e industrial, desde a invasão da Ucrânia. A Stellantis foi uma delas. Em abril de 2022, o grupo interrompeu a produção neste país, tendo sido «seguido» por muitos outros construtores ao longo desse ano.

No entanto, a Reuters avança que isso não foi impedimento para que a produção do Citroën C5 Aircross regressasse ao país, sem conhecimento da Citroën ou da própria Stellantis, graças a alianças entre operadores russos e chineses.

Citroën C5 Aircross vista traseira
© Thomas V. Esveld / Razão Automóvel Citroën C5 Aicross

Fábrica de Kaluga

Em dezembro do ano passado, a empresa russa Automotive Technologies importou cerca de 42 kits automóveis (conjunto de componentes) para a montagem deste modelo na fábrica de Kaluga. Esta fábrica é ainda detida pela Stellantis (70%) e pela Mitsubishi (30%), mas desde abril de 2022 que não produzia veículos.

Os dados que a Reuters teve acesso foram extraídos de registos aduaneiros e mostram que estes kits foram produzidos pelo grupo automóvel chinês Dongfeng Motor — que possuí uma joint venture com a Stellantis na China.

A produção deste modelo na fábrica russa foi ainda confirmada anonimamente à Reuters por dois trabalhadores de diferentes concessionários automóveis russos. Sendo que, em dezembro de 2023, os “responsáveis da fábrica de Kaluga realizaram um lançamento oficial para a produção de crossovers“.

Importações Paralelas

Independentemente do facto de muitos fabricantes automóveis terem «abandonado» o mercado russo, a realidade é que as peças e até carros continuam a entrar no país através de um esquema de “importações paralelas” introduzido por Moscovo, diz a Reuters. Isto permite aos importadores trazerem produtos do exterior sem a permissão do construtor.

A Automotive Technologies anunciou em dezembro que estava a planear um “lote piloto” de 48 carros importados, antes da produção em massa começar em 2024, porém não mencionou fornecedores ou modelos.

O diretor de desenvolvimento estratégico da Automotive Technologies, Pavel Bezruchenko, declarou ainda ao jornal russo Vedomosti, que a empresa trazia carros da China usando importações paralelas. Bezruchenko não respondeu até agora aos pedidos de comentário pela Reuters.

Não é claro se estes C5 Aircross «russos» irão manter ou não a marca Citroën. Além disso estes modelos terão como destino apenas o mercado local, não estando indicados para exportação. Os Citroën C5 Aircross vendidos na Europa são produzidos em França, na fábrica de Rennes.

Rússia assumiu controlo

Não é possível confirmar, por enquanto, se estes kits possuem ou não peças incluídas nas sanções europeias ocidentais, que não abrangem Pequim. A Reuters afirma que esta situação vem acentuar a “falta de controlo que as empresas ocidentais têm sobre as suas marcas, depois de terem suspendido as operações na Rússia”.

Citroën C5 Aircross 1.5 BlueHDI a passar em poça enlameada
© Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

Recentemente, a Stellantis anunciou à Reuters que “perdeu o controlo dos seus ativos na Rússia”, o que se refletiu numa perda de 144 milhões de euros.

Antes da invasão da Ucrânia, a Stellantis produzia na fábrica de Kaluga modelos da Peugeot, Citroën e Opel, com uma capacidade anual de 125 mil veículos.

Esta situação acaba por reforçar a dependência cada vez maior da indústria automóvel russa em relação à China. Têm sido os chineses a ocupar o espaço que europeus, japoneses, sul-coreanos e norte-americanos deixaram.

Fonte: Reuters