Alemanha forma aliança para «travar» fim do motor de combustão

A Alemanha quer garantir que depois de 2035 possam ser comercializados automóveis novos com motor de combustão a consumir combustíveis sintéticos, e agora ganhou aliados.

Além da Alemanha, também a Itália, Chéquia, Polónia, Roménia, Hungria e Eslováquia querem uma exceção que permita a comercialização destes modelos.

Esta aliança vem no seguimento da reunião organizada pela Chéquia, em Estrasburgo, na qual se reuniram 12 países (incluindo Portugal) para discutir possíveis alterações à norma Euro 7 e também o fim da venda de automóveis novos com motor de combustão a partir de 2035.

À saída da reunião, o Ministro dos Transportes alemão, Volker Wissing, afirmou que a proposta para banir os motores de combustão após 2035 precisa de “mudanças urgentes”.

Precisamos de neutralidade carbónica, mas temos de aceitar várias tecnologias, qualquer outra solução não é benéfica para a Europa.

Volker Wissing, Ministro dos Transportes alemão

Recorde-se que no final de fevereiro a Alemanha propôs à União Europeia a possibilidade de haver veículos com motores de combustão pós-2035, usando combustíveis neutros em carbono.

A posição da Alemanha, que é o maior produtor de automóveis da Europa, obrigou ao adiamento da votação final da proposta para banir a venda de automóveis novos com motores de combustão interna da União Europeia a partir de 2035.

Tecnologia

Gasolina sintética a menos de 1 euro por litro? Já testámos o «combustível do futuro»

Os combustíveis sintéticos podem ser a «tábua de salvação» do motor de combustão. Conduzi um Porsche Cayman GT4 RS abastecido com este «combustível do futuro».

Guilherme Costa

O que propõem?

Falando em nome dos sete países que integram esta «aliança», Wissing afirmou: “parece-nos uma abordagem errada banir o motor de combustão interna quando este pode funcionar de forma neutra em carbono”.

Estes países pretendem a criação de uma categoria específica para modelos com motor de combustão que usem combustíveis neutros em carbono, dos quais fazem parte os combustíveis sintéticos.

Desta forma, estes poderiam ser comercializados após 2035 sem «prejudicar» as metas ambientais da União Europeia.

Europa disponível para rever medidas?

Recorde-se que na última segunda-feira (13 de março) noticiámos que a União Europeia estaria a preparar uma proposta para definir o «papel» dos combustíveis sintéticos pós-2035, resultado das conversações entre o governo alemão e a UE.

De acordo com Martin Kupka, o Ministro dos Transportes checo também membro desta aliança, a Comissão Europeia deverá apresentar brevemente esta proposta acerca dos combustíveis sintéticos.

Mercado

Comissário europeu pede “não parem de produzir carros com motor de combustão”

O comissário europeu para o mercado interno, Thierry Breton, está preocupado com as dificuldades sociais e económicas provocadas pela eletrificação do setor automóvel: “há 600 mil postos de trabalho em risco”.

Guilherme Costa

Martin Kupka afirmou: “nos próximos dias ou semanas devemos conhecer uma solução para os combustíveis sintéticos (…) é preciso arranjar uma solução”.

Já Volker Wissing reforçou que a Alemanha está em conversações com Bruxelas para encontrar uma solução “o mais depressa possível” antes de se comprometer com qualquer legislação.

Fonte: Automotive News Europe

João Delfim Tomé

Apaixonado por automóveis desde sempre, o João divide os seus dias entre as teclas da Razão Automóvel e a chave de parafusos do Lada Niva que está a recuperar.

Alemanha, Combustíveis Sintéticos, Emissões, Indústria, Motores de combustão