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O início do fim dos combustíveis fósseis? COP28 chega a acordo

Depois da polémica do primeiro rascunho não fazer menção à "eliminação progressiva dos combustíveis fósseis", houve hoje consenso no COP28.

©COP28

A COP28, a cimeira do ambiente que se realizou no Dubai, «terminou» ontem a 12 de dezembro, mas só hoje (13 de dezembro), os mais de 200 países participantes chegaram a um consenso sobre a controversa temática do futuro dos combustíveis fósseis.

A polémica ficou instalada ainda antes da cimeira ter começado, quando o Sultão Ahmed Al Jaber, o presidente da COP28, fez declarações em que afirmava que acabar com os combustíveis fósseis seria como regressar ao tempo das cavernas.

A controvérsia manteve-se ao longo da COP28: de um lado defendia-se o fim dos combustíveis o mais rápido possível, enquanto do outro lado defendia-se uma abordagem mais progressiva e realista para esse fim.

Dr. Sultan Al Jaber, COP28
© COP28 / Christopher Pike

Tudo culminou, ontem (12 de dezembro) com o rascunho inicial do acordo, que excluía até a proposta de “eliminar progressivamente” os combustíveis fósseis. Foi considerado um texto incongruente e a polémica reinstalou-se.

De acordo com as Nações Unidas, de forma resumida, no texto rascunho foram abordados vários temas: “triplicar a capacidade global de energia renovável até 2030; a rápida redução progressiva do carvão; e a limitação do número de novas licenças, tecnologias de emissões zero e baixas, financiamento climático, metas de adaptação com compromissos financeiros insuficientes.”

No entanto, como dissemos, não havia qualquer referência à “eliminação progressiva dos combustíveis fósseis”. Assim como não foi feita menção às palavras “petróleo” e/ou “gás natural”.

O que foi acordado

A falta de referência a esta problemática, levou à «revolta» de diversos Estados. Contudo, nesta quarta-feira (13 de dezembro), os representantes de mais de 200 países chegaram finalmente a um acordo.

No novo texto publicado, a presidência da COP28 urge aos países para que se esforcem de forma a conseguirem reduzir os efeitos de estufa, inserido medidas como “ir até ao abandono dos combustíveis fósseis”.

Embora não inclua uma menção direta à sua eliminação progressiva ou o estabelecimento de metas, como foi pedido por diversos países. Apela, no entanto, à “transição dos combustíveis fósseis nos sistemas energéticos, de forma justa, ordenada e equitativa, acelerando a ação nesta década crucial, a fim de alcançar a neutralidade carbónica em 2050 em acordo com recomendações científicas”.

O texto final, no entanto, foi aprovado de forma calorosa e com aplausos, depois de anunciado pelo presidente da COP28, com muitas partes a afirmar tratar-se de um acordo histórico.

“Do fundo do meu coração, obrigado. Percorremos um longo caminho juntos num espaço de tempo muito curto. (…) Conseguimos uma resposta abrangente para reduzir as emissões globais. Apresentamos um plano de ação robusto para manter o objetivo dos 1.5ºC (de aumento de temperatura) ao alcance”

Sultão Ahmed Al Jaber, presidente da COP28

Apesar dos aplausos, houve ainda quem tenha questionado estas medidas — ativistas, organizações não-governamentais (ONG) e académicos —, que também participaram nesta cimeira do clima, e que ficaram surpreendidos com o facto desta questão ter sido ultrapassada de forma tão rápida.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, pronunciou-se ainda nas suas redes sociais, publicando uma foto com a legenda “Fossil fuel phase out is inevitable” (A eliminação progressiva dos combustíveis fósseis é inevitável).