Clássicos Esqueça os «papa-reformas». Aixam também fez um supercarro todo o terreno

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Esqueça os «papa-reformas». Aixam também fez um supercarro todo o terreno

Todos conhecem a Aixam, mas poucos sabem da existência do Mega Track, o antecessor de modelos como o Huracán Sterrato ou o 911 Dakar.

Mega Track com quadriciclo da Aixam
© Mega

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O que é que o Porsche 911 Dakar e o Lamborghini Huracán Sterrato têm em comum? São dois supercarros para andar fora do asfalto, pelos maus caminhos. Mas aquilo que poucos sabem é que este formato está longe de ser novidade e em 1992 já os franceses da Aixam o estavam a concretizar.

Sim… Essa Aixam que está a pensar, a que ainda hoje faz pequenos quadriciclos, que no nosso país haveriam de ficar conhecidos por «papa-reformas».

Fundada em 1983, a francesa Aixam queria dar o salto para a construção de automóveis «a sério» — os quadriciclos não são considerados legalmente automóveis —, e, por isso mesmo, no início da década de 90, criou a marca Mega Vehicules. O primeiro modelo a aparecer foi o Mega Club, um pequeno carro recreativo que tinha «ares» de Citroën Méhari.

Aixam Mega Track frente
© Mega Vehicules

Mas o grande «murro na mesa» da Mega viria pouco depois, com o anúncio do Track, um supercarro de «calças arregaçadas» que terá sido imaginado pelo próprio Georges Blain, o «patrão» da Aixam na época.

Este era um conceito que a própria Lamborghini já tinha explorado anos antes, com o lançamento do LM002, um «monstro» todo o terreno animado por um motor V12 «roubado» ao eterno Lamborghini Countach. Porém, a Mega queria melhorar a fórmula e ir mais além.

Recorda-se do trabalho feito pela Porsche com o 959 que o levou à vitória no Rally Dakar de 1986? A Mega queria fazer algo parecido, que pudesse ser vendido e usado pelo público.

Monstruoso…

O segredo do Track está logo na marca que lhe dá o nome: Mega. Porque tudo em torno deste supercarro era superlativo. A começar logo pelas dimensões: 5,08 m de comprimento, 1,40 m de altura e 2,20 m de largura. Para se ter uma ideia, um Lamborghini Aventador tem «apenas» 2,03 m de largura e um Ferrari F40 tem 1,98 m.

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Quanto à distância entre eixos, estava fixada nuns impressionantes 3,12 m, o que permitiria estacionar entre estes os 2,695 m de um Smart fortwo, com mais de 20 cm de sobra para cada lado. Notável.

Construído sobre um chassis de aço de alta resistência (foi um dos primeiros carros a usar este tipo de solução) e com uma carroçaria em fibra de vidro reforçada com Kevlar, o Mega Track acusava quase 2300 kg na balança. Um número «gordo» hoje e ainda mais chocante na altura, que acaba por ser inevitável, tendo em conta o «porte atlético» do conjunto.

Aixam Mega Track
© Mega Vehicules

V12 com origens germânicas

A «animar» o Mega Track estava um motor V12 de 6,0 l de capacidade de origem Mercedes-Benz: era precisamente o mesmo bloco que a marca de Estugarda usava no S 600.

Aqui o V12 surgia montado em posição central traseira e entregava 394 cv de potência às 5200 rpm e 570 Nm de binário máximo às 3800 rpm. Tudo era gerido por uma caixa automática de quatro velocidades e por um sistema de tração integral permanente, que dava prioridade ao eixo posterior (recebia 68% do binário total).

Mega Track frente pista
© Mega Vehicules

Graças a estes números, a Mega anunciava uma velocidade máxima (limitada) de 250 km/h, uma aceleração dos 0 aos 1000 m em 28s e um sprint dos 0 aos 100 km/h entre os 6,5 e os 7,0 segundos. Aos dias de hoje pode não parecer muito, mas se tivermos em conta o peso e o «corpo» deste «monstro» percebemos que eram, na verdade, números muito simpáticos.

Até tinha câmera traseira

A imagem exterior fala por si, sobretudo com a suspensão pneumática na posição mais elevada, no modo off road. Mas acreditem que o interior não lhe fica atrás.

Com uma configuração de quatro lugares (2+2), o habitáculo do Mega Track apostava em acabamentos e materiais nobres, com superfícies em madeira a contrastarem com vários elementos em couro.

Destaca-se o tabliê orientado para o condutor e a consola central muito robusta e que atravessava todo o comprimento do habitáculo, que estava «recheado» com a melhor tecnologia disponível na época.

Uma das maiores particularidades era o facto deste carro contar com uma câmara traseira, para auxiliar nas manobras, já que a visibilidade para a traseira era nula.

Mega Track traseira
© Mega Vehicules

Custava o mesmo que o Ferrari F40

Irreverente em todos os sentidos, o Mega Track tinha um preço a condizer, uma vez que esta marca da Aixam pedia cerca de 400 000 dólares (363 000 euros) por ele, sensivelmente o mesmo que, poucos anos antes, a Ferrari estava a pedir por um F40.

Não sabemos se o preço terá sido um problema (provavelmente sim), mas a verdade é que o Mega Track não alcançou o sucesso que muitos lhe antecipavam. No total só foram construídos cinco exemplares, com a construtora francesa a colocar um termo na história deste supercarro todo o terreno no ano 2000.

Naturalmente isto acrescenta exclusividade a este modelo que, por conta disso, quase nunca se deixa ver em público. Ainda assim, uma unidade com matrícula de Viena, na Áustria, já se mostrou por algumas ocasiões no principado do Mónaco e houve quem registasse o acontecimento em vídeo:

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