Carro do ano
Alfa Romeo 156. Vencedor do troféu Carro do Ano 1998 em Portugal
Para além de Carro do Ano em Portugal, o Alfa Romeo 156 recebeu o prémio de Carro do Ano na Europa, conquistando jornalistas e jurados um pouco por toda a parte.

Por enquanto, o Alfa Romeo 156 foi o único modelo da marca italiana a conquistar o troféu Carro do Ano em Portugal — a coincidir também com a sua eleição como Carro do Ano europeu no mesmo ano.
O 156 tornar-se-ia num modelo marcante para a marca italiana a vários níveis, e acabou por se tornar num dos seus maiores sucessos comerciais de sempre — mais de 670 mil unidades vendidas de 1997 a 2007. Desde então nunca mais nenhum Alfa Romeo conseguiu atingir volumes deste calibre.
Tomou o lugar do muitas vezes criticado 155 e com ele trouxe uma maior sofisticação e ambição, fosse ao nível do design ou das suas características técnicas.
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De mestre
Desde logo causou um forte impacto pelo seu design, com Walter da Silva, diretor de design da Alfa Romeo na altura, a ser o responsável pelas linhas.
Não era uma proposta retro, longe disso, mas integrava elementos que evocavam outras eras, sobretudo quando o observávamos de frente.

A distinta face do Alfa Romeo 156 era marcada por um scudetto que “invadia” o para-choques (recordando modelos de outras eras) e obrigava a chapa da matrícula a deslocar-se para o lado — desde então, quase que passou a ser uma das imagens de marca da… marca italiana.
Apesar de ser um “tudo à frente” (motor em posição transversal dianteira e tração dianteira), as proporções desta berlina de três volumes de dimensões relativamente compactas eram de muito bom nível. O seu perfil fazia recordar o de um coupé, e o manípulo da porta traseira integrado na janela, junto ao pilar C, reforçava essa perceção — o 156 não foi o primeiro com esta solução, mas foi um dos principais responsáveis por popularizá-la.

As suas superfícies eram depuradas, à exceção de dois vincos sobre os eixos que também definiam a linha de cintura. A estética era rematada por grupos óticos, tanto à frente como atrás, esguios e de dimensões modestas, em contraste com muito com o que se via na altura.
No ano 2000 foi introduzida a 156 Sportwagon, marcando o regresso da Alfa Romeo às carrinhas, algo que não acontecia desde a Alfa Romeo 33 Sportwagon. Tal como a berlina, também a Sportwagon destacava-se pela sua muito apelativa aparência — nota à parte, quem se recorda do anúncio à Sportwagon com a atriz Catherine Zeta-Jones? — e, facto curioso, apesar de ser a carroçaria de aptidões mais familiares, a sua bagageira era ligeiramente mais pequena que a do sedã.

A verdade é que, ainda hoje, mais de duas décadas após o seu lançamento, o Alfa Romeo 156 mantém-se como um marco estilístico, combinando como poucos, elegância e desportividade. Um dos sedãs mais belos de sempre? Sem dúvida.
Se por fora impressionava pelo seu aspeto, por dentro não era muito diferente. O interior evocava de forma mais evidente uma Alfa Romeo de outras eras, visível, sobretudo, no seu painel de instrumentos de dois mostradores circulares “encapuzados” e nos mostradores auxiliares integrados na consola central (e virada para condutor).

O primeiro Common Rail
Por baixo do capô encontrávamos vários motores a gasolina de quatro cilindros em linha atmosféricos, com cilindradas entre os 1.6 e os 2.0 l, todos eles Twin Spark (duas velas por cilindro) e potências entre os 120 cv e os 150 cv.
Quando o 156 foi lançado, já os Diesel ganhavam protagonismo no mercado e, por isso, não podiam deixar de marcar presença. O mais conhecido era o 1.9 JTD do Grupo Fiat, mas acima deste encontrávamos um cinco cilindros em linha com 2.4 l de capacidade que se destacou por ser o primeiro Diesel introduzido no mercado com o sistema de injeção Common Rail (rampa comum), com potências entre os 136 cv e os 150 cv.

Após o restyling operado pela Italdesign de Giorgetto Giugiaro, conhecido em 2003, houve mais novidades mecânicas, como a introdução da injeção direta no 2.0 l a gasolina, identificada pela sigla JTS (Jet Thrust Stoichiometric) fazendo a potência crescer até aos 165 cv. Os motores Diesel também ganharam versões multiválvulas, tanto no 1.9 (ainda em 2002) como no 2.4, que passaram a ser identificados como JTDm, com a potência a subir, neste último, até aos 175 cv.
Associados às motorizações a gasolina e gasóleo havia caixas manuais de cinco e seis velocidades, enquanto o 2.0 Twin Spark e JTS podiam ainda ser casados com a Selespeed, uma caixa robotizada semiautomática.
V6 Busso
Mas em destaque, como não podia deixar de ser, estava o reverenciado V6 Busso. Primeiro na versão com 2.5 l de capacidade, capaz de debitar 190 cv (mais tarde 192 cv), podendo ser associado a uma intrigante caixa automática Q System, que possuía um modo manual que mantinha um padrão em H, como numa caixa manual, para as suas quatro velocidades.

Mais tarde chegou o “pai” de todos os Busso com o 156 GTA, a versão mais desportiva da gama. Aqui, o V6 24 válvulas crescia até aos 3.2 l de capacidade e a potência até aos 250 cv, na altura, considerado o valor limite para um tração dianteira. Mas sobre este muito especial modelo, recomendamos que leia o nosso artigo dedicado a ele:
TEM DE VER: Glórias do Passado. Alfa Romeo 156 GTA, sinfonia italianaDinâmica apurada
Convenceu pelo design e pelas mecânicas, mas o seu chassis também não era de descurar. As modificações efetuadas à plataforma C1 do Grupo Fiat garantiram não só uma distância entre eixos superior relativamente a outros modelos que recorriam a esta, como passou a ter suspensão independente nos dois eixos. Na frente havia um sofisticado esquema de duplos triângulos sobrepostos e atrás um esquema MacPherson, garantindo um efeito de direção passivo.

Apesar de garantir uma dinâmica apurada, a suspensão não deixou de ser uma dor de cabeça. Era comum esta ficar desalinhada levando ao desgaste prematuro dos pneus, enquanto atrás os sinoblocos revelavam-se frágeis.
Não podemos esquecer de mencionar ainda a sua direção, bastante direta — ainda hoje o é —, com apenas 2,2 voltas de topo a topo. Os testes da altura revelavam uma berlina com um comportamento dinâmico com forte atitude desportiva e um chassis responsivo.
Também fez história na competição
Se quando triunfou na eleição do Carro do Ano em Portugal e na Europa era um modelo novo, acabado de chegar ao mercado, quando a sua carreira terminou o seu legado nos circuitos era vasto. O Alfa Romeo 156 foi presença assídua em múltiplos campeonatos de turismos, continuando o histórico legado do 155 (que se destacou também no DTM).

Por três vezes foi campeão do Campeonato Europeu de Turismos (2001, 2002, 2003), tendo conquistado ainda vários campeonatos nacionais a este nível e ainda conquistou, no ano 2000, o campeonato sul-americano de Super Turismos. Troféus não faltaram ao 156.
TEM DE VER: Alfa Romeo no feminino. As 12 pilotos que marcaram a história da marcaSucessão
O Alfa Romeo 156 terminaria a sua carreira em definitivo em 2007, 10 anos após o seu lançamento. Foi um dos últimos grandes sucessos da Alfa Romeo (juntamente com o 147) e marcou uma geração de entusiastas e alfisti.
Seria sucedido, ainda em 2005, pelo Alfa Romeo 159 que, apesar de ter atributos mais fortes em parâmetros como robustez e segurança, nunca conseguiu igualar o sucesso do seu antecessor.

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