Chega em janeiro de 2019
Ao volante da nova Kia Proceed. A “shooting brake” está de volta
Depois de a Mercedes-Benz ter deixado de produzir a CLS Shooting Brake e os receios (infundados) de não haver uma na nova gama Classe A, pensava-se que o renascimento das "shooting brake" tinha chegado ao fim. Mas não! Esta é a nova Kia Proceed.

Em mais uma jogada inesperada e de grande ousadia, a Kia decide lançar uma shooting brake com base na nova geração do Ceed. A decisão não foi tomada por instinto, a marca sul-coreana analisou os comportamentos e as preferências dos compradores europeus, antes de decidir adicionar uma shooting brake à gama Ceed, que já tinha o hatchback de cinco portas e a carrinha e que ainda vai ter um SUV.
O três portas da geração anterior não foi reconduzido, porque as vendas não justificavam o investimento neste tipo de carroçaria pseudo-coupé, mas o nome foi recuperado para a shooting brake, com outra grafia: em vez do complicado Pro_Cee’d passou a chamar-se simplesmente Proceed.
Baseada em estudos
Os estudos da Kia mostraram que o comprador de uma carrinha se importa com o estilo e com a capacidade da mala, mais do que com o espaço para passageiros nos lugares traseiros. Por isso um tejadilho mais baixo e a mesma distância entre eixos do hatchback eram aceitáveis, mesmo se o acesso em altura aos lugares de trás ficou mais difícil, apesar de o banco ter sido rebaixado.
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A capacidade da mala vale 594 l, mais 50% que o cinco portas e apenas menos 31 l que a SW, acrescentando um sistema de carris para a compartimentar e bancos rebatíveis em 40/20/40 através de alavancas nas paredes da mala.
Se a caixa de velocidades manual de seis tiver o mesmo desempenho dos outros Ceed, será certamente a opção a escolher.
Detalhes fazem o Proceed
Por fora, o ar de família com os outros Ceed foi mantido, apesar de apenas os guarda-lamas e o capot serem partilhados, todos os outros painéis são específicos e são o que dão a silhueta shooting brake ao Proceed. Os para-choques têm aberturas mais agressivas e a grelha tem pormenores a vermelho, tal como as mini-saias laterais.

Observando em maior detalhe, o tejadilho é 43 mm mais baixo e o para-brisas é 1,5º mais inclinado, enquanto que o vidro traseiro é mais fastback que carrinha, com 64,2º.
Na verdade, as dimensões exteriores não mudaram muito face à SW, com apenas mais 5 mm de comprimento, mantendo os 2650 mm de distância entre-eixos. A altura ao solo diminuiu 5 mm, na versão GT as jantes são de 18”, nas outras versões podem ser também de 17”, sempre equipadas com pneus Michelin Pilot Sport 4, independentemente da motorização.
Mais baixo por dentro
Basta abrir a porta do condutor e sentar no excelente banco desportivo para reencontrar uma posição de condução com o volante muito bem posicionado e com uma boa pega. A sensação geral de qualidade é boa, sem ser excecional e os gráficos do monitor central e do painel de instrumentos são um pouco antiquados. A consola ainda tem uma quantidade de botões físicos considerável, para os tempos que correm.

Dizer que a posição de condução é mais baixa, não é óbvio. O que se sente é o tejadilho mais perto da cabeça e, quando se olha pelo retrovisor, percebe-se que isso comprometeu seriamente a visibilidade para trás, felizmente há uma câmara de vídeo para resolver o problema.
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O motor 1.6 T-GDI de injeção direta e turbocompressor tem uma sonoridade convincente. Não quer ser o que mais grita na rua, preferindo um tom mais Bass que Treble. Mudando para o modo Sport, um sintetizador e uma borboleta no escape fazem a sua magia e empolgam o condutor ainda mais.
A resposta deste bloco de quatro cilindros é muito boa, logo a partir das 1800 rpm, sobretudo em modo Sport, continuando com força mais do que adequada nos regimes médios e só perdendo fôlego quando chega ao red line. É um daqueles motores em que apetece usar mais o binário do que a potência.
A unidade ensaiada estava equipada com a caixa de dupla embraiagem e sete relações, comandada por um par de patilhas metálicas, em modo manual. Em modo automático e em condução normal, a caixa tem um desempenho regular, não se evidenciando, por exemplo em utilização citadina, onde dá conta do recado sem problemas.

Mas quando chegam as estradas mais empenhadas, onde este GT de 204 cv desafia a explorar o seu chassis, as coisas começam a correr menos bem. As passagens para cima não são tão rápidas como se poderia esperar e as reduções são francamente lentas, acompanhadas por um escorregamento exagerado das embraiagens. Pior que isso, as reduções raramente acontecem quando o condutor as ordena, há sempre um atraso, como se a caixa estivesse a despoletar uma estratégia de segurança, para resistir ao binário.
Se a caixa de velocidades manual de seis tiver o mesmo desempenho dos outros Ceed, será certamente a opção a escolher.

Seis meses bem empregues
O que agrada na dinâmica do Proceed é a direção, que tem um tato comunicativo, capaz de fazer uma correta leitura do piso sob as rodas da frente, com o peso certo e a desmultiplicação esperada, para um carro com responsabilidades de transporte familiar.

A suspensão do Proceed mantém o esquema multibraço atrás, em todas as motorizações, o que vai sendo raro. Mais importante do que isso, levou mais seis meses de desenvolvimento específico no Proceed. Ganhou por isso molas e amortecedores mais firmes, mas barras estabilizadoras mais finas, o que explica o pisar sofisticado que exibe nos pisos imperfeitos.
Em conjunto com os pneus de série e com uma versão da plataforma K2 que mantém a mesma rigidez torcional do Ceed hatchback (sendo até 20 kg mais leve) o comportamento dinâmico em curva resulta muito bem. O Proceed entra em curva com vontade e obediência, é preciso sem ser nervoso. Assume depois uma atitude bastante neutra, não entrando facilmente em subviragem, e quando entra o ESP faz bem o seu trabalho.

Querendo provocar a traseira com uma desaceleração brusca em apoio, o Proceed mantém a serenidade, não alinhando em brincadeiras muito radicais, como deixar deslizar a traseira. O prazer da sua condução vem da precisão, da maneira como processa muito bem os maus pisos e da resistência à subviragem. Em situações mais exageradas, como em acelerações precoces à saída de curvas mais fechadas, nota-se a roda interior a perder tração, mas nada de importante.
Conclusão
Depois de ter arriscado muito com o Stinger e de se ter dado bem com a ousadia, a Kia volta a pisar o risco com o Proceed e, a julgar por este primeiro contacto, curto mas completo, o resultado voltou a ser positivo.
Além de uma competência geral que já não é surpresa, conhecendo a gama Ceed, acrescenta uma faceta de diversão para os condutores mais entusiastas, mas também uma sofisticação que os outros Ceed não têm. E depois, tem um aspeto que dificilmente alguém dirá não ser elegante. A versão GT assenta-lhe particularmente bem. Mas há outras opções.

Nota: preços no artigo são estimados
Ficha técnica | |
---|---|
Motor | |
Arquitetura | 4 cil. em linha |
Capacidade | 1591 cm3 |
Alimentação | Inj. Direta; Turbocompressor; Intercooler |
Distribuição | 2 a.c.c., 4 válv. por cil. |
Potência | 204 cv às 6000 rpm |
Binário | 265 Nm entre as 1500 rpm e as 4500 rpm |
Transmissão | |
Tração | Dianteira |
Cx. de Veloc. | Dupla Embraiagem de 7 vel. |
Suspensão | |
Dianteira | Indep.: MacPherson com barra estabilizadora |
Traseira | Indep.: Multibraço com barra estabilizadora |
Direção | |
Tipo | Elétrica |
Diâm. de viragem | 10,6 m |
Dimensões e Capacidades | |
Comp., Larg., Alt. | 4605mm, 1800 mm, 1422 mm |
Entre eixos | 2650 mm |
Mala | 594 l |
Depósito | 50 l |
Pneus | 225/40 R18 |
Peso | N.D. |
Prestações e Consumos | |
Acel. 0-100 km/h | N.D. |
Consumos | N.D. |
Emissões | N.D. |
Primeiras impressões
Desenho
Dinâmica
Motor
Caixa 7DCT lenta
Visibilidade para trás
Gráficos dos monitores
Preço
Data de comercialização: Janeiro 2019
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