Ensaio Sabes tudo sobre o Honda Civic Type R FK8, certo?

Sabes tudo sobre o Honda Civic Type R FK8, certo?

É provável que sim. Portanto, para não repetir aquilo que já sabes sobre o Honda Civic Type R FK8, fui conduzi-lo de madrugada, sob condições traiçoeiras. Acho que ainda ninguém fez isto...

Já não deves estar recordado, mas tive um Honda Civic Type R FK8 parado à porta de casa durante uma semana. Como deves calcular, não esteve sempre parado. Mas esteve mais tempo parado do que eu desejava…

Parado porquê? Porque estávamos a preparar o lançamento do nosso canal de YouTube (subscreve aqui), e todas as novidades que temos agendadas para os próximos meses. O tempo escasseou nessa semana como nunca tinha escasseado.

Honda Civic Type R FK8
A besta parada à porta da minha casa. BTW… queres um autocolante destes?

Vou-te ser muito sincero. Estou mesmo muito satisfeito com o trabalho que temos vindo a desenvolver. Mas por aqui, ambicionamos mais ainda.

Basta!

Eram duas da manhã e estava com uma dor de cabeça gigante — imagina a tua namorada “naquela-altura-do-mês” e multiplica por dois. Sou eu, mas mais feio e com barba (espero eu…). Felizmente, fiz um café e a “coisa” passou.

Mas a dor de cabeça não foi a única coisa a desaparecer. Com ela foi também a vontade de trabalhar (que já era pouca…) e o sono (que já era muito). Fiquei tão desperto como um galo às 5 horas da manhã.

Sem sono e sem vontade de trabalhar. O que é que eu faço?

Foi então que olhei para a chave do Honda Civic Type R FK8 e pensei: é agora! Calcei os ténis, vesti um casaco e fui para as estradas reviradas da Arrábida.

Honda Civic Type R FK8
Há escolhas complicadas. Esta não foi uma delas…

Pronto. Agora segurem-se…

Já deves estar «careca de saber» que o Honda Civic Type R FK8 é o desportivo de tração dianteira dinamicamente mais competente do mercado.

É uma afirmação poderosa, não é? Não gosto de meias palavras.

Já testei praticamente todos os modelos da atualidade, do SEAT Leon Cupra 300 ao Hyundai i30 N. Falta-me apenas o novo Renault Mégane RS que o Fernando já conduziu no Circuito de Jerez de la Frontera. E de todos os modelos que testei, o Honda Civic Type R FK8 foi sem dúvida o mais radical. Isto não significa porém, que fosse obrigatoriamente a minha escolha se tivesse de comprar um…

Honda Civic Type R FK8
Antes da tempestade… junto à fábrica da Secil na Arrábida.

Vamos aos factos. É impossível — impossível! — explorar todo o potencial do Honda Civic Type-R em estradas públicas, com o piso seco, sem perder a carta de condução e sem superar os limites do que é aceitável. Porquê? Porque tudo acontece a uma velocidade vertiginosa.

Não importa se as curvas são apertadas, vais sempre depressa. Demasiado depressa. Estou convencido que se não fosse a minha garagem ter apenas 8 metros de comprimento, conseguia entrar lá para dentro a 110 km/h.

Encaro a engenharia que os japoneses aplicaram no eixo dianteiro do FK8 com a mesma perplexidade com que uma criança olha para os truques de magia do Luís de Matos. Batendo palmas e tentando não babar-me.

Por isso, ir para as estradas da Serra da Arrábida às duas da manhã com o piso húmido foi o melhor que me podia ter acontecido em termos de análise dinâmica. Trânsito? Zero. Ciclistas? Zero. Quanto ao ritmo? Sempre… prudente. É a palavra certa, não se brinca com a segurança.

Honda Civic Type R FK8
A humidade, a baixa temperatura do asfalto e a vontade de libertar 320 cv de potência.

Vamos lá ver o que vale este eixo dianteiro…

Se com o piso seco o Honda Civic Type-R FK8 não tem problemas em medir forças com modelos como o Audi RS3 e Mercedes-AMG A45 4Matic — que têm tração integral e são mais potentes — com o piso húmido o caso muda de figura. Ainda assim, o Honda Civic Type R FK8 continua a impressionar em condições de aderência precária.

Queres um conselho? Nunca apostes contra um Type R. Lembras-te da tareia que o primeiro Type R deu à concorrência? A história completa está aqui.

Honda Civic Type R FK8
Em qualquer local que pare o carro, toda a gente quer tirar uma fotografia. Local? Lisboa.

Estamos a falar de engenharia «á séria». Colocar 320 cv de potência e 400 Nm de binário no asfalto quando ele cintila perante a iluminação dos faróis dianteiros não é para todos. Não é uma questão de “borracha”, é uma questão de geometria da suspensão, de trabalho de engenharia, de estudo, de know-how

Raios, porque é que eu não me lembro destas deixas quando estou a gravar para o YouTube?

Como disse neste vídeo, ainda estou a tentar encontrar-me no YouTube. A minha preocupação neste momento é com a forma, não é com o conteúdo. Porque quanto ao conteúdo estou descansado. Temos um compromisso muito sério com o rigor das nossas avaliações seja no YouTube ou aqui no nosso portal.

Talvez assumir o meu sotaque alentejano ajude. Na segunda temporada vou pensar nisso…

Sobre o motor

Havia uma marca de pneus cujo slogan era “power is nothing without control” — se quiseres procurar o anúncio, o nome da marca começa em Pi e acaba em relli. Lembrei-me deste slogan quero quero falar-te da resposta do acelerador. Não vou repetir a ladainha dos 0-100 km/h (5,7 segundos), nem tão pouco a velocidade máxima (272 km/h).

Honda Civic Type-R FK8
A flecha nipónica a caminho do Alentejo após uma semana de intenso trabalho.

Arrancar mais de 320 cv de potência de um motor 2 litros Turbo é relativamente fácil. Mas conseguir entregar essa potência de forma eficaz e controlada ao eixo dianteiro é outra conversa. A Honda conseguiu isso não só através do já elogiado eixo dianteiro, mas também através de um meritório trabalho na parte mecânica e na parte eletrónica.

Apesar do generoso binário de 400 Nm, conseguimos sair em progressão das curvas sem perder momento. Mesmo com o piso molhado…

O volante abana, o eixo dianteiro queixa-se, os nossos olhos tentam processar a estrada e as nossas mãos denunciam através do suor, o esforço que fazemos para acompanhar o andamento deste Honda Civic Type R FK8 mesmo quando o alcatrão é traiçoeiro.

Suamos e vamos atentos à estrada sem pensar em mais nada. Não porque vamos a lutar com o carro, mas porque estamos a tentar acompanhar o ritmo frenético que o Type R consegue imprimir. Enquanto passava por essa provação, lembrava-me das sensações que vivi ao volante do Alfa Romeo 4C, também em condições de chuva. No Type R senti-me ao comando dos acontecimentos, no Alfa Romeo 4C senti que os acontecimentos superavam a minha vontade.

Honda Civic Type-R FK8
Detalhes que fazem os quase 50 000 euros parecerem menos.

São modelos comparáveis? Não. Mas queria dizer-te que vamos ter um teste ao Alfa Romeo 4C no nosso canal de YouTube. E tu ainda não subscreveste o canal pois não? Desgraçado… clica aqui, vá!

Uma decepção com três saídas

A nota de escape do Honda Civic Type R FK8 não é má. Até é gira e encorpada… mas a nota de escape do Honda Civic Type R FK8 não deve ser gira. Depois de sermos brindados com um aileron de dimensões generosas e vários apêndices aerodinâmicos, o mínimo que se exige é um rater ou dois em desaceleração e um som mais presente. Nada…

Quanto a mim, a nota escape do Civic Type R devia transmitir ao condutor toda a excitação que as bielas, válvulas, êmbolos e demais engrenagens estão sujeitas quando esmagamos o acelerador à procura dos prometidos 320 cv.

Infelizmente não transmite. E não foi por falta de empenho da equipa de desenvolvimento da Honda, como vimos neste artigo onde explicámos o “porquê” dos três escapes. Na minha opinião, foi pela falta de um engenheiro europeu no decurso do projeto FK8.

Honda Civic Type-R FK8
A todo este aparato devia corresponder uma nota de escape mais audível.

Num evento da Honda, tive oportunidade de perguntar a um engenheiro japonês porque razão o Honda Civic Type R FK8 era tão discreto. Ele ficou literalmente de olhos em bico a olhar para mim e respondeu: mais barulho para quê? Isso faz o carro andar mais?

A verdade é que não faz. Mas entusiasma quem vai ao volante caramba!

Ele não percebeu a parte do «entusiasmo». As diferenças culturais não permitem aos japoneses olhar para este assunto da mesma forma que nós europeus olhamos. Por isso é que Hyundai, a título de exemplo, foi contratar um senhor chamado Albert Biermann para chefiar a sua divisão desportiva. O resultado está à vista… aumenta o volume e clica aqui.

Temos uma surpresa para ti. Aliás… duas.

Se chegaste a esta parte do texto e ainda não subscreveste o nosso canal de YouTube, quero que saibas que estou desapontado contigo. Portanto aqui fica mais um link direto para te redimires. Ainda vais a tempo…

Se a oferta de conteúdos de qualidade, 100% gratuitos e sem restrições de acesso não são motivos suficientes para subscreveres a Razão Automóvel no YouTube, não sabemos mais o que fazer…

Que tal um encontro de gerações entre o mítico Civic Type R EK9 (único em Portugal!) e a mais recente geração?

Brevemente no nosso Canal de YouTube.

Ainda não chega? E que tal um ensaio noturno, pelas ruas de Lisboa, num Honda Civic Type R FK8 encarnado com o Diogo Teixeira ao volante. Vamos ter isso e muito mais no nosso canal de YouTube.

Assiste ao trailer da primeira temporada:

Fez hoje uma semana que o nosso canal foi lançado e já somos mais de 3 000. E tu, do que é que estás à espera para te juntares à nossa comunidade?

Sabes tudo sobre o Honda Civic Type R FK8, certo?

Honda Civic Type-R FK8

9/10

A nota final que dou ao Honda Civic Type-R só não é 10 porque o sistema de infotainment apesar de completo é demasiado complexo. Quanto ao interior, embora bem construído e sólido, apresenta um design geral que não é do meu agrado.
Quando ao design exterior... bem, é um Honda Civic Type-R ou se gosta ou se odeia. Eu encontro-me a meio caminho.
Resumindo: se estás a pensar comprar um FWD assanhado, este é o mais assanhado de todos. Mas também há outros modelos que merecem uma visita obrigatória porque são fantásticos: SEAT Leon Cupra (é soberbo, melhor que o Golf R quanto a mim), Hyundai i30 N (menos radical, mas muito competente) e Peugeot 308 GTI. Quanto ao Renault Mégane RS... brevemente vou meter-lhe as «mãos em cima».

Prós

  • Aquela frente não existe!
  • Potência do motor
  • Relativamente confortável em modo «normal»
  • Equipamento de série

Contras

  • Três saídas de escape que não fazem o trabalho de uma...
  • Sistema de infotainment complexo e pouco intuitivo
  • Design interior

Versão base:€46.900

Classificação Euro NCAP: 5/5

€49.900

Preço unidade ensaiada

  • Arquitectura:4 cilindros em linha, 4 válvulas por cilindro, VTEC Turbo, gasolina
  • Capacidade: 1996 cm3 cm³
  • Potência: 320 cv (235 kW) às 6500 rpm
  • Binário: 400 Nm entre as 2500–4500 rpm

  • Tracção: Dianteira
  • Caixa de velocidades:  6 velocidades MT

  • Largura: 4557 mm
  • Comprimento: 1877 mm
  • Altura: 1434 mm
  • Distância entre os eixos: 2699 mm
  • Bagageira: 414 litros
  • Peso: 1380 kg

  • Média de consumo: 7,7 l/100 km
  • Emissões CO2: 176 g/km
  • Velocidade máxima: 272 km/h
  • Aceleração máxima: >5,7 segundos

    Tem:

    • Forro do tejadilho em preto
    • Sistema de Suporte dos Máximos
    • Jantes em liga leve de 20 polegadas
    • Sistema de amortecedores adaptáveis
    • Placa do número de série
    • Sistema Honda CONNECT com sistema de navegação Garmin
    • Bancos aquecidos
    • Sistema de Travagem Atenuante de Colisões (CMBS)
    • Alavanca das mudanças em alumínio
    • Bancos desportivos com volante em pele