Ensaio Mazda CX-3 1.5 SKYACTIV-D 2WD. Contra factos…

A partir de 26 587 euros

Mazda CX-3 1.5 SKYACTIV-D 2WD. Contra factos…

… não há argumentos. A "SUVódependência" veio para ficar e o Mazda CX-3 demonstra-o. Será ele capaz de convencer os espíritos mais empedernidos?

Sejamos francos: aquilo que muitos de nós considerava uma moda passageira, algo para durar um ou dois anos, está a ser bem mais do que isso!

Surgidos na sua forma definitiva, na década de 90 do século passado, foi já no final da primeira década do séc. XXI que irrompeu um case study, verdadeiro “salvador” deste construtor automóvel nipónico, chamado Nissan Qashqai.

E que, além de ser “oficialmente” o principal responsável pelo despoletar de uma “doença” chamada “SUVómania” — ou “SUVódependência”, como já lhe chamámos… —, acabou por abrir a “caixa de Pandora” a um exagero de SUV grandes, médios e pequenos, crossovers “assim e assado”, propostas de “calças” mais ou menos arregaçadas, que servem para tudo menos para a prática do todo-o-terreno.

Piscar o olho à populaça

Serve este interlúdio para dizer que, se dúvidas ainda houvesse, o autor deste texto, pelo menos, não morre de amores por este tipo de propostas. São, na sua modesta opinião, soluções cada vez mais indefinidas, híbridas, aspirantes pouco convictos a verdadeiro todo-o-terreno, modelos que pouco mais fazem do que atravessar buracos no alcatrão e subir passeios. Preocupando-se, antes de mais, em manter os ocupantes envoltos em bolhas de conforto, que, na verdade, pouco diferem das oferecidas pelas berlinas ou carrinhas — e isso, reconheço-o, o Mazda CX-3 fá-lo com distinção!

Cativante ao olhar (para quem gosta, claro!…) e com uma presença bem mais afirmativa que, por exemplo, um Mazda 2 — modelo que, aliás, lhe está na base —, o Mazda CX-3 procura, desde logo, afirmar-se pela estética atraente. Piscando o olho a quem o vê passar através da afirmação de uma pose felina, protetora, mas também desportiva.

A acentuar esta impressão, óticas e farolins esguios, construídos a partir de uma generosa e emoldurada grelha frontal, acrescida das “obrigatórias” proteções em plástico, nomeadamente, nos imponentes arcos das rodas, naquilo que pode ser também considerado como uma espécie de afirmação “Não há nada que me pare! Estou preparado para tudo!…”. Pois, sim…

Aquele ecrã…

Já no interior do habitáculo, um ambiente envolvente e até aconchegante, com uma boa qualidade de construção e atenção ao detalhe — vejam-se as almofadas colocadas nas laterais da consola central, a proteger os joelhos dos ocupantes de alguma pancada mais forte. Não faltando sequer um certo cuidado nos revestimentos, que podem ainda ser melhorados através da inclusão do pack Half-Leather White — sinónimo de estofos em pele branca, com aquecimento, por 814,5 euros.

Ainda sobre o equipamento, generoso na versão Excellence Navi por nós testada, importa destacar também o sistema de info-entretenimento com ecrã destacado no topo do tablier, intuitivo no funcionamento, embora com um layout pouco apelativo. E, principalmente, com a irritante característica de perder o tato, assim que o carro inicia a marcha — é certo que o sistema continua a poder ser operado através do funcional botão rotativo que se encontra entre os bancos da frente, e onde também estão botões de acesso direto às principais funções, mas a verdade é que isso não chega para que deixe de ser irritante!…

Mazda CX-3 Excellence Navi 2018

No entanto, se manias como as do HMI (Interface Homem Máquina) irritam, a habitabilidade oferecida pelo compacto CX-3, também causa alguns amargos de boca. Especialmente para quem tem filhos adolescentes e decidiu aproveitar para ir dar uma volta em família — ao contrário dos lugares dianteiros, os traseiros têm não apenas um acesso estreito, como um limitado espaço para pernas, com o suposto lugar do meio a não conseguir garantir sequer o mesmo conforto dos laterais.

Quanto à bagageira, os 350 l que oferece até à chapeleira, condicionam quaisquer veleidades pensadas para umas férias fora de casa, “com cão, gato e periquito”. Consequência também do CX-3 ser um segmento B, contribuindo para nos colocar perante o dispensável dilema: “Mantenho os cinco lugares e levo a família toda… ou rebato as costas dos bancos traseiros — aumentando a capacidade de carga para os 1210 l —, e deixo as crianças em casa?”

Ah, bendita carrinha!…

SUV? Sim, mas pouco…

Ultrapassadas as minudências, eis, finalmente, o momento de colocar as mãos na massa — ou melhor, no volante… —, com o Mazda CX-3 a oferecer uma óptima posição de condução, bem integrada no cockpit, e não tão elevada quanto estaríamos à espera. Garantindo ainda um correto acesso a comandos e mostradores — a presença do head-up display, é certo, também ajuda…

Já debaixo do pé direito, o “nosso” CX-3 coloca às ordens do condutor aquela que é a única motorização disponível em Portugal, um quatro cilindros 1.5 turbo-diesel de 105 cv às 4000 rpm e 270 Nm de binário, disponível entre as 1600 e as 2500 rpm. Estes últimos, anúncio antecipado não apenas de uma preferência pelo funcionamento na primeira metade do conta-rotações, como também de uma aceleração dos 0 aos 100 km/h em 10,1s e de uma velocidade máxima anunciada de 177 km/h – melhor, sem dúvida, a primeira do que a última, consequência também da caixa manual de seis velocidades, de excelente engrenagem.

Mazda CX-3

Em estrada, a sensação sempre presente, tanto de um correto contato entre as rodas e o alcatrão, como de uma boa firmeza da parte das suspensões. Com a direção a contribuir igualmente para as boas sensações ao volante, fruto do correto peso e feedback — enfim, não é uma berlina… embora também não seja um verdadeiro SUV!

De resto, reconheço que também gostei do motor, espigadote e bem insonorizado, assim como com um apetite comedido – 5,8 l/100 km foi a nossa média, o que, reconheça-se, não é mau de todo… ok, pronto, é bom.

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Quanto ao facto de contar apenas com tração dianteira, nada a dizer, pois a verdade é que o verdadeiro todo-o-terreno é, cada vez mais, apenas uma miragem para os “jipes” dos nossos dias. Sendo que o CX-3 cumpre, basicamente, com o prometido: alinha ombro a ombro com a maioria da concorrência e enfrenta sem medo qualquer lomba ou passeio das nossas cidades!

Para fazer frente à “epidemia SUV”, basta…

Mazda CX-3 1.5 SKYACTIV-D 2WD. Contra factos…

Mazda CX-3 1.5 SKYACTIV-D 2WD Excellence Navi

7/10

Pequenino mas com ares de gente grande, o Mazda CX-3 cai que nem uma luva nos condutores que, sem reais ambições de aventura, gostam de apresentar-se com uma imagem jovem e irreverente. Mesmo que para isso tenham de gastar um pouco mais, beneficiando, em contrapartida, de um produto bem construído, de qualidade e bem equipado.

Prós

  • Comportamento em alcatrão
  • Consumos
  • Posição de condução

Contras

  • Habitabilidade traseira
  • Aptidões offroad
  • "Manias" do sistema do infotainment

Versão base:€27.608

Classificação Euro NCAP: 4/5

€28.008

Preço unidade ensaiada

  • Arquitectura:4 cilindros em linha
  • Capacidade: 1499 cm3 cm³
  • Posição:dianteira transversal
  • Carregamento: Injeção direta, turbo de geometria variável, Common-Rail e Intercooler
  • Distribuição: 2 a.c.c., 4 válvulas por cilindro
  • Potência: 105 cv às 4000 rpm
  • Binário: 270 Nm entre as 1600 e 2500 rpm

  • Tracção: Dianteira
  • Caixa de velocidades:  Manual de seis velocidades

  • Largura: 4275 mm
  • Comprimento: 1765 mm
  • Altura: 1535 mm
  • Distância entre os eixos: 2570 mm
  • Bagageira: 350 l
  • Jantes / Pneus: 215/50 R18
  • Peso: 1275 kg

  • Média de consumo: 4,0 l/100 km
  • Emissões CO2: 105 g/km
  • Velocidade máxima: 177 km/h
  • Aceleração máxima: >10,1s

    Tem:

    • Faróis em LED
    • Jantes em liga leve de 18"
    • Active Driving Display
    • Câmara de estacionamento traseira
    • i-Stop
    • Ecrã de 7" Touch, HMI, Mazda Sound System com 6 colunas, Bluetooth
    • Entrada auxiliar em USB
    • Hill Launch Assist
    • Lane Departure Warning
    • Smart City Brake Support
    • Pack Navi

Pack Black Leather (sem custo)

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