Opinião Portugal adia fim dos motores de combustão. O bom senso prevaleceu

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Portugal adia fim dos motores de combustão. O bom senso prevaleceu

Portugal é um país de carros velhos que sonha com elétricos. António Costa decidiu temperar esses sonhos com realidade.

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O bom senso começa a ganhar voz. Portugal juntou-se a Itália, Roménia, Bulgária e Eslováquia, para adiar o fim dos motores de combustão interna na Europa. Uma lista que poderá aumentar brevemente com a adesão da Alemanha.

António Costa, que nos habituou a decisões intempestivas e contraproducentes no setor automóvel — parece que foi ontem que o executivo socialista, a reboque do PAN, fez uma rasteira fiscal e ambiental aos portugueses, ao extinguir os incentivos fiscais aos veículos eletrificados acessíveis como este — desta vez revelou mais prudência.

O primeiro-ministro António Costa, em apenas uma frase condensou um problema que é bem mais complexo, relativamente às metas para a eletrificação:

Convém termos a noção que a generalidade das pessoas hoje ainda tem veículos de combustão convencionais e esse esforço de transição é enorme e que vai pender sobretudo sobre as famílias. (...) Não podemos colocar pressão excessiva sobre as famílias no processo de transição energética.

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Motor 1.0 TCe
O parlamento europeu já aprovou o fim dos motores de combustão para 2035.

Ninguém, com bom senso, pode arguir contra a necessidade de redução das emissões de carbono no setor dos transportes. Mas num país onde mais de 1 milhão de veículos em circulação tem mais de 20 anos e onde a idade média do parque circulante não pára de aumentar, é preciso colocar as nossas metas em perspectiva e moderar as ambições — mesmo as mais legítimas e bem intencionadas.

Não podemos ser um país de carros velhos a sonhar com elétricos. António Costa já percebeu que nesta transição energética, ninguém pode ficar para trás e que a política ambiental não pode ser insensível aos problemas das pessoas e da economia. O assunto é demasiado sério.