Opinião Telemóvel ao volante? Não entendo porque é que ainda acontece

Larguem o telemóvel

Telemóvel ao volante? Não entendo porque é que ainda acontece

Efetuar ou receber uma chamada enquanto conduzimos é a coisa mais simples do mundo. E pode ser feito de forma segura, sem pegar no telemóvel.

Pessoa ao volante de um carro e a falar ao telefone
© Alexandre Boucher / Unsplash

Já passaram mais de 30 anos desde que os telemóveis chegaram a Portugal e, desde então, a sua utilização estendeu-se a todos e a sua evolução foi tremenda.

Não só nos dispositivos propriamente ditos, mas também em todos os acessórios que os rodeiam: há para todos os gostos e carteiras.

Pessoa ao volante de um carro a usar um telemóvel
© Divya Agrawal / Unsplash

Por isso mesmo eu não consigo entender porque é que ainda há tantas pessoas a usarem o telemóvel enquanto conduzem.

Até consigo compreender que possam haver chamadas que tenham mesmo de ser atendidas enquanto conduzimos e que esse tempo ao volante possa ser aproveitado para tratar de diversos assuntos.

Mas até que ponto é que estamos dispostos a ir sabendo que podemos colocar a nossa vida e a de outros em risco?

Estamos em 2023. A grande maioria dos automóveis já tem um sistema de Bluetooth integrado. Caso não tenha, os telemóveis permitem efetuar chamadas em alta voz, usando o altifalante do mesmo.

Precisa de privacidade? Bem, nesse caso, um auricular Bluetooth custa menos de cinco euros. Não fica bonito? Não tem de ficar. É uma questão de segurança e não tem de passar o resto da vida com o auricular no ouvido. Pode usá-lo apenas enquanto está ao telefone.

O que não é «bonito» é o resultado de um acidente provocado por alguém que olhava para o ecrã do telefone enquanto conduzia e não percebeu, por exemplo, que o carro da frente travou. Pode ser que se fique pelos danos materiais, mas vale a pena correr o risco de provocar danos físicos a outra pessoa, além de si, se não pior?

Os números falam por si

Para quem não está ciente do perigo, aqui ficam dois dados importantes divulgados pela ANSR, a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, no âmbito da campanha “Ao volante, o telemóvel pode esperar”.

“A utilização do telemóvel durante a condução aumenta em quatro vezes a probabilidade de ter um acidente, causando um aumento no tempo de reação a situações imprevistas.”

“A 50 km/h, olhar para o telemóvel durante três segundos é o mesmo que conduzir uma distância de 42 metros com os olhos vendados, o equivalente a uma fila de 10 carros.”

A mais dura das realidades é que este tema não me saiu da cabeça por acaso: os dados divulgados pela GNR são uma constatação óbvia de que este tópico ainda é um problema nas estradas portuguesas.

Entre o dia 28 de julho e 24 de agosto, a GNR autuou mais de mil pessoas “por uso indevido do telemóvel no exercício da condução”. Em média, são mais de 250 por semana.

E estes números referem-se apenas aos que foram autuados; é impossível de saber quantos mais estão «agarrados» ao telemóvel enquanto conduzem

Porquê insistir? Urgente ou não, acho que a grande maioria das pessoas vai perceber se ligar mais tarde e disser “desculpa, estava a conduzir”. E tirar fotografias? A resposta terá de ser um redondo “Não”, a não ser que vá mais alguém consigo no veículo.

Seja como for, a mensagem é clara: não use o telemóvel ao volante. É simples, a sério que é.