«Pontos negros» de Portugal. Mais de 30% dos acidentes mortais ocorrem nestas estradas

A nova campanha da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) “Dê prioridade à vida” tem o objetivo de sensibilizar todos aqueles que circulam nas estradas, principalmente nesta altura do ano, para que o façam com o máximo de segurança.

Para isso, a ANSR divulgou alguns números que revelam os 175 principais «pontos negros» das estradas portuguesas. Em apenas 1,5% da nossa rede viária, num total acumulado de 325 quilómetros, foram registados mais de 30% dos acidentes com vítimas mortais em pouco mais de cinco anos.

Quase metade deste valor (164 quilómetros) está inserido apenas nos distritos de Lisboa, Setúbal, Porto, Leiria e Aveiro. Sendo que é nestes cerca de 50% da rede viária que foi registada a maior concentração de vítimas mortais. Ou seja, 232 pessoas de um total de 468.

Para obter estes valores, a ANSR utilizou um critério de seleção baseado em vias com demarcação quilométrica, ou seja, autoestradas, itinerários principais, itinerários complementares e estradas nacionais.

Depois disso, a seleção foi resumida à extensão onde se registaram, pelo menos, dois acidentes com vítimas mortais e com uma distância entre si inferior a dois quilómetros. Para terminar, esta análise compreende-se apenas entre janeiro de 2018 e abril de 2023.

No final, foram identificados 175 locais, com uma extensão acumulada de cerca de 325 quilómetros, que representam 1,5% da rede viária nacional. Foi nestes pontos que se registaram, nestas datas, 468 vítimas mortais. Um número que representa, praticamente um terço (31%) de um total de 1527 vítimas registadas nas vias abrangidas neste critério.

Onde ficam estes locais?

Através dos dados da ANSR, vemos que Lisboa é o distrito onde se registaram mais vítimas mortais nos locais com maior concentração de acidentes mortais (53 vítimas mortais). O trecho da marginal (EN6) entre a praia de Carcavelos e Cascais (km 11,2 ao km 18,5) é o que mais vítimas mortais registou, não só a nível distrital, mas também a nível nacional: 12.

De seguida, temos o troço entre o km 20,9 e 29,8 da EN4 no distrito de Setúbal que registou oito vítimas mortais. E depois deste, o troço entre o km 217,4 e o km 211,2 da A1 no distrito de Aveiro que registou sete vítimas mortais.

O IC2 e o IC1, a A1 e as EN125, EN18, EN4 e EN109 representam um terço das vítimas mortais nestes locais de concentração de acidentes mortais.

O IC2, que atravessa os distritos de Aveiro, Coimbra, Leiria, Santarém e Lisboa, é a estrada que tem o maior número de locais de concentração de acidentes mortais – 13 – numa extensão acumulada de 24 quilómetros e onde se registaram, no período em análise, 31 vítimas mortais.

A A1 tem 10 locais de concentração de acidentes mortais distribuídos pelos distritos do Porto, Aveiro, Santarém e Lisboa, numa extensão acumulada de 22 quilómetros e onde também 31 pessoas perderam a vida no mesmo período.

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O IC1 nos distrito​s de Beja e Setúbal registou seis locais de concentração de acidentes mortais, onde em 25 quilómetros morreram 20 pessoas.

Na EN125 também se registaram seis locais de concentração de acidentes mortais, onde 17 pessoas perderam a vida no período de referência, numa extensão acumulada de 13 quilómetros.

A EN18, que atravessa os distritos de Castelo Branco, Portalegre, Évora e Beja, também registou seis locais de concentração de acidentes mortais em 11 quilómetros, com 16 vítimas mortais.

Na EN4, nos distritos de Setúbal, Évora e Portalegre, foram registadas 18 vítimas mortais em cinco locais de concentração de acidentes mortais, e na EN109 em Leiria e Coimbra, 16 vítimas mortais, distribuídas por cinco locais de concentração de acidentes mortais.

No total estas sete estradas representam um terço dos locais de concentração de acidentes vítimas mortais, e um terço das vítimas mortais, no período de referência.

Veja a lista completa dos 175 locais apontados pela ANSR, como sendo os pontos negros das estradas portuguesas.

O que define um local como «ponto negro»?

Os valores divulgados para esta campanha referem-se a critérios específicos e a estradas portuguesas. No entanto, por norma, a definição da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária para um «ponto negro» é um lanço de estrada com o máximo de 200 metros de extensão, no qual se registaram, no ano em análise, pelo menos cinco acidentes com vítimas e cujo indicador de gravidade (IG) é superior a 20.

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O Indicador de Gravidade desse lanço é obtido através da seguinte forma:  IG = 100xM + 10xFG + 3xFL, em que “M” é o número de mortos, “FG” o de feridos graves e “FL” o de feridos leves registados durante um ano.

Os dados relativos a cada acidente são recolhidos pela GNR e pela PSP e enviados à ANSR e permitem a identificação dos “pontos negros” nas estradas portuguesas.

Fonte: ANSR

André Mendes

Jornalista automóvel desde o final dos anos 90. Assistiu às grandes transformações do setor e acredita que o melhor ainda está para vir.

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