Clássicos As carrinhas desportivas mais radicais de sempre: Volvo 850 T-5R

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As carrinhas desportivas mais radicais de sempre: Volvo 850 T-5R

Ainda hoje a Volvo 850 T-5R um dos modelos mais marcantes da marca sueca. Isto apesar de parecer ir contra tudo o que a marca representa.

Volvo 850 T-5R

Confortáveis, espaçosas, seguras e «quadradas», as carrinhas da Volvo dos anos 90 estão longe da ideia que temos de um modelo desportivo, mas como em tudo na vida há exceções e a Volvo 850 T-5R é a prova disso mesmo.

Desenvolvida com uma ajudinha da Porsche, a 850 T-5R parecia (e ainda hoje parece) ir contra todos os valores defendidos pela marca escandinava.

Em vez de se focar nas tarefas familiares esta «carrinha de corridas» focava-se mais em «aterrorizar» desportivos na via da esquerda das autoestradas.

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Volvo 850 T-5R

E quando lhe chamamos «carrinha de corridas» não é um exagero. Ao contrário das todas as eleitas no nosso especial “As carrinhas desportivas mais radicais de sempre”, a Volvo 850 T-5R tem mesmo pedigree de competição.

Das tarefas familiares para as pistas

Mantendo-se fiel aos modelos que mais sucesso lhe asseguravam nos stands, em 1994 a Volvo juntou-se à Tom Walkinshaw Racing (TWR) e juntas criaram a 850 Estate Super Touring Car para correr no British Touring Car Championship (BTCC), o campeonato britânico de turismos.

Se os resultados obtidos nunca foram nada de especial — a equipa ficou-se pelo 8.ª lugar entre os construtores e em 1995 foi substituída pelo 850 berlina —, a verdade é que a imagem daquele «tijolo voador» em ação nos circuitos ficou gravado na retina de todos, fossem os fãs ou até os engenheiros suecos.

E assim, em 1995, tomaram mais uma decisão arrojada: criar uma versão desportiva (e limitada) da carrinha Volvo 850. Estava assim dado o pontapé de saída para o nascimento da Volvo 850 T-5R.

Volvo 850 BTCC
Mesmo antes da internet, as imagens da 850 Super Estate em duas rodas em ação no BTCC tornaram-se… virais.

Sueca com genes alemães

Originalmente designada 850 Plus 5, a Volvo 850 T-5R teve como ponto de partida a 850 T5 já existente e contou com a «magia» da Porsche durante o seu desenvolvimento, sendo mais um dos (muitos) projetos que contaram com o know-how da marca alemã.

A Porsche concentrou a sua atenção, sobretudo, na transmissão e motor. Este último, o fogoso B5234T5, distinguia-se dos demais por ser um cinco cilindros em linha, aqui com 2,3 l de capacidade.

Após a intervenção da Porsche, tendo levado, por exemplo, uma nova ECU (unidade de controlo eletrónica) da Bosch, passou a debitar 240 cv e 330 Nm ao invés dos 225 cv e 300 Nm do T5 «normal».

Como curiosidade, também o interior da T-5R contava com pormenores alusivos a esta parceria, com os bancos a terem um acabamento que imitava o dos Porsche 911 da altura. Os lados eram revestidos em Amaretta de tom cinzento grafite (semelhante a Alcantara) e o meio do banco era em pele.

Volvo 850 T-5R
A adoção de uma nova ECU pela Porsche permitiu aumentar a pressão do turbo em 0,1 bar. Resultado: mais 15 cv face à potência do T-5.

Vestida para impressionar

Disponível em apenas três cores — preto, amarelo e verde —, era no vistoso amarelo com que se apresenta nas fotos que ilustram este artigo que a Volvo 850 T-5R mais jus fazia às suas ambições desportivas.

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Ainda no capítulo estético a 850 T-5R fazia questão de se distinguir das suas «irmãs» através do para-choques dianteiro mais baixo (com faróis de nevoeiro), das jantes de 17” que calçavam pneus Pirelli P-Zero, das novas sais laterais e ainda do aileron traseiro.

Volvo 850 T-5R

Performance a condizer

Escusado será dizer que o aparecimento da Volvo 850 T-5R impressionou (e muito) a imprensa da época — afinal era uma muito familiar carrinha da Volvo com prestações de arrepiar… e amarela!

Enquanto uns afirmavam que “a Volvo já não era o que havia sido”, outros chamavam-lhe “tijolo amarelo voador”, numa clara alusão à sua cor e às prestações impressionantes.

Volvo 850 T-5R
Cabedal por todo o lado e nada de ecrãs. Eram assim os interiores dos modelos mais luxuosos na década de 90 do século passado.

Já o comportamento, dizia quem a testou, podia beneficiar de um amortecimento mais firme e de mais aderência — era infame a sua tendência para «devorar» os pneus dianteiros. A direção também não parecia impressionar e a agilidade não era o seu forte.

Afinal de contas, falamos de uma carrinha com tração dianteira e 240 cv — à época, um número de cavalos elevado para qualquer tração dianteira conseguir lidar —, 4,7 m de comprimento, 1468 kg e tudo isto numa era em que os «anjos da guarda eletrónicos» se resumiam a pouco mais que o ABS.

A área onde a Volvo 850 T-5R mais impressionava era nas prestações. Equipada com uma caixa manual de cinco relações ou ma automática de quatro (pois é, naquela época não havia cá transmissões de oito relações), a 850 T-5R cumpria os 0 aos 100 km/h em 6,9s e alcançava os 249 km/h de velocidade máxima (limitada!).

Volvo 850 T-5R

A primeira de muitas

Inicialmente feita como uma série limitada, a Volvo 850 T-5R não era suposto ter uma sucessora. No entanto, o sucesso desta combinação pouco usual de elevada performance e atributos familiares foi de tal forma grande, que a Volvo mudou de ideias e daí acabaria por nascer a Volvo 850R na primavera de 1996.

A 850R mantinha o cinco cilindros turbo, mas agora era designado de B5234T4 e recebia um turbo de maiores dimensões — como um aparte, perdeu a popular cor amarela. A potência e o binário voltavam a subir, sendo agora de, respetivamente, 250 cv e 350 Nm — como se o problema da antecessora T5-R fosse falta de força.

 

Volvo 850R
Volvo 850R.

A transmissão continuava a ser efetuada por uma caixa manual de cinco relações ou uma automática de quatro (potência ficava-se pelos 225 cv com esta opção), e sempre às (abusadas) rodas da frente, ainda que agora houvesse um diferencial autoblocante de acoplamento viscoso (Torsen) para manter o ímpeto do motor sob controlo.

Contudo, para melhor lidar com a força do pentacilíndrico turbo, foi desenvolvida em específico para o 850R (berlina e carrinha) uma caixa manual mais robusta. No entanto, foi uma opção que só esteve disponível, em 1996, de forma limitada.

Mais potência, melhores performances. Os 10 cv adicionais permitiam retirar 0,2s nos tradicionais 0 aos 100 km/h fixando-se nos 6,7s, (7,5s com caixa auto), enquanto a velocidade máxima subia para os 255 km/h.

Como curiosidade, também houve uma 850 T-5R e 850R equipadas com um cinco cilindros de 2.0 l de capacidade, específicas para o mercado italiano, devido à sua fiscalidade. Tal como em Portugal, a cilindrada é também taxada em Itália e os motores acima dos 2,0 l eram muito penalizados.

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