Ensaio Testámos a Peugeot e-Traveller (elétrica). O que vale o futuro dos MPV?

Desde 57 320 euros

Testámos a Peugeot e-Traveller (elétrica). O que vale o futuro dos MPV?

Derivada de um veículo de mercadorias, a Peugeot e-Traveller é um exemplo do que será o futuro dos MPV. Mas terá argumentos para fazer esquecer as suas origens?

Peugeot e-Traveller
© Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

Com o mercado dos monovolumes ou MPV «dizimado» pelo dos SUV, deixou de compensar o investimento nesta tipologia. Mas as marcas encontraram uma alternativa: criar MPV diretamente derivados de veículos comerciais, como a Peugeot e-Traveller que vos trago.

Derivada da bem conhecida Expert, a proposta gaulesa tem nesta versão elétrica outra «janela para o futuro» dos MPV, adota o grupo propulsor que promete ser a norma no continente europeu.

Ao eletrificar-se, a e-Traveller colocou-se num nicho no qual a concorrência ainda é escassa. Além das «primas» Opel Zafira-e Life e Citroën ë-Spacetourer a concorrência resume-se à mais luxuosa, potente e cara Mercedes-Benz EQV e ao futuro Volkswagen ID. Buzz.

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Peugeot E-Traveller
© Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

No interior da e-Traveller

Uma vez no interior da Peugeot e-Traveller não é muito difícil perceber quais as suas origens. Apesar de «arrumado», a primazia na sua conceção foi dada, sobretudo, a aspetos de ordem prática e funcional — como se quer num veículo de trabalho —, em detrimento de um estilo mais elaborado.

Também os materiais usados no habitáculo denunciam as origens da e-Traveller. A montagem até está em bom plano (os ruídos parasitas na unidade testada não merecem particular referência), mas a verdade é que não existem materiais macios ou mais agradáveis ao toque a bordo da proposta francesa, algo que facilmente encontraríamos em MPV concebidos de raiz para o ser.

Contudo, o que se perde no campo do refinamento ganha-se (com juros) na habitabilidade. Com duas enormes portas de correr e nove lugares — oito deles verdadeiros lugares, com o terceiro lugar dianteiro entre o condutor e o «pendura» a ser algo estreito —, a e-Traveller tem na oferta de espaço um dos seus maiores argumentos.

Ao contrário do que acontece nos SUV de sete lugares (e até em alguns monovolumes), o acesso à terceira fila de bancos não é nenhum «quebra cabeças», tudo graças às formas quadradas da e-Traveller e às suas largas portas de correr.

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Como é óbvio, quando transportamos nove pessoas a capacidade da bagageira é diminuta (nesta versão de dimensões intermédias com 4,95 m de comprimento), contudo basta rebater os bancos para termos um autêntico veículo comercial pronto a transportar «meio mundo».

Para quem precisar de ainda mais espaço é até possível retirar os bancos das duas filas posteriores. Contudo, o peso dos mesmos e a complexidade do sistema de fixação desaconselham a que o façamos frequentemente e fazem-nos ter saudades dos sistemas de rebatimento usados nos monovolumes convencionais.

Ao volante

Com uma posição de condução típica de um furgão (vamos sentados no «primeiro andar»), a Peugeot e-Traveller é agradavelmente fácil de conduzir.

Para começar temos uma boa visibilidade, cortesia da enorme superfície vidrada. Além disso, as formas quadradas da carroçaria permitem-nos ter uma noção muito precisa de onde estão os «cantos do carro».

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Já no capítulo dinâmico, com uma direção leve e bastante desmultiplicada, a e-Traveller não pretende impressionar ninguém com os seus atributos. É segura e previsível, mas nas curvas a massa elevada e a altura do conjunto (quase dois metros) depressa nos relembram as origens da e-Traveller.

Quanto à mecânica elétrica, esta é exatamente a mesma que equipa os Peugeot e-208, Opel Corsa-e e outras propostas 100% elétricas da Peugeot, Citroën e Opel. Ou seja, temos 100 kW (136 cv) de potência e 260 Nm de binário que permitem alcançar os 100 km/h em 13,1s e os 130 km/h de velocidade máxima.

Peugeot E-Traveller
© Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

Estes são valores não impressionam mas, verdade seja dita, ao longo de todo o teste nunca senti que faltasse força à proposta gaulesa. As ultrapassagens fazem-se com alguma facilidade (a entrega instantânea do binário ajuda) e não é difícil manter os 120 km/h de velocidade de cruzeiro na autoestrada. 

Contudo, o melhor mesmo foi a eficiência de todo o conjunto. Numa condução normal, mas em percursos bem longe dos ideais para um automóvel elétrico, com longos percursos em autoestrada e estrada nacional, os consumos fixaram-se nos 18,6 kWh/100 km.

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Para tal ajudam os modos de condução (“Eco”, “Power” e “Normal”) e ainda o modo “B”, que aumenta a intensidade da travagem regenerativa, mesmo não sendo tão impressionante como o das propostas da Hyundai e da Kia (que contam com vários níveis de regeneração).

Bateria e carregamento

A alimentar o motor elétrico da Peugeot e-Traveller que testei encontrava-se a bateria mais pequena que a pode equipar, a de 50 kWh de capacidade. E se é verdade que, à primeira vista, os 220 Km de autonomia anunciada podem parecer escassos, não é menos verdade que esta se revelou mais do que suficiente para a maioria das situações.

Com uma condução normal a autonomia anunciada anda muito próxima daquela que conseguimos alcançar no «mundo real». Além disso, ao optar pela bateria mais pequena o tempo de carregamento também diminui. Compare-se os tempos de carregamento para a bateria de 50 kWh e de 75 kWh:

Potência de carregamento 50 kWh 75 kWh
3,7 kW 15 horas 23 horas
7,4 kW 7h30 min 11h20 min
11 kW 5h 7h30 min
100 kW 30 min (até 80%) 45 min (até 80%)

É o carro certo para si?

Com espaço para «dar e vender», a Peugeot e-Traveller é a prova de que não são só os modelos compactos ou os SUV que se podem (e devem) eletrificar. Apesar de os 220 km de autonomia anunciada poderem parecer curtos, no dia a dia depressa a ansiedade da autonomia desaparece e os benefícios da mobilidade 100% elétrica emergem.

Peugeot E-Traveller
© Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

Afinal de contas, se carregarmos maioritariamente em casa (caso seja possível), a Peugeot e-Traveller alia à sua facilidade de utilização a economia, que faz dela uma proposta apropriada para serviços de shuttle em meio urbano (ou trajetos curtos) e também para as famílias numerosas para as quais as viagens até à escola são uma constante.

Testámos a Peugeot e-Traveller (elétrica). O que vale o futuro dos MPV?

Peugeot e-Traveller Business Standard

6/10

É verdade que ao derivar diretamente de um comercial a Peugeot e-Traveller não apresenta o nível de refinamento ou até o… "sex-appeal" dos monovolumes de outrora (será que alguma vez tiveram?). Contudo, o que lhe falta em… glamour sobra-lhe em versatilidade, habitabilidade e facilidade de utilização que nesta versão 100% elétrica sai reforçada.

Prós

  • Espaço
  • Versatilidade
  • Conforto
  • Facilidade de condução

Contras

  • Qualidade dos materiais
  • Proximidade à versão comercial
  • Preço

Versão base:€57.320

Classificação Euro NCAP: 5/5

€58.110

Preço unidade ensaiada

  • Posição:Dianteira Transversal
  • Carregamento: Bateria de iões de lítio com 50 kWh
  • Potência: 136 cv
  • Binário: 260 Nm

  • Tracção: Dianteira

  • Largura: 4959 mm
  • Comprimento: 1920 mm
  • Altura: 1899 mm
  • Distância entre os eixos: 3275 mm
  • Peso: 1932 kg

  • Média de consumo: 24,6 a 25,6 kWh/100 km
  • Emissões CO2: 0 g/km
  • Velocidade máxima: 130 km/h

    Tem:

    • Retrovisores exteriores com regulação eléctrica e aquecidos
    • Ar condicionado manual
    • Pack Visibilidade
    • Rádio MP3 + Touch Screen 7'' + Bluetooth + Mirror Screen + entrada USB
    • Faróis de nevoeiro dianteiros

Vidros laterais na 2ª e 3ª fila extra-escurecidos + Óculo traseiro escurecido — 200 €
Cinzento Platinium — 490 €
Chapeleira — 100 €.

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