Primeiro Contacto DS Nº8 é referência da classe num aspeto e não são os 750 km de autonomia

A partir de 75 600 euros

DS Nº8 é referência da classe num aspeto e não são os 750 km de autonomia

O Nº8 é o novo topo de gama da DS e não podia ser mais diferente que o antecessor, o DS 9. Já o conduzimos em Genebra, na Suíça.

DS Nº8

Primeiras impressões

8/10

Data de comercialização: Junho 2025

O DS Nº8 enfrenta a armada alemã com argumentos únicos. Será suficiente para vingar no mercado?

Prós

  • Conforto.
  • Condução relaxante;
  • Insonorização e refinamento;
  • Autonomia;

Contras

  • Espaço atrás;
  • Qualidade de alguns materiais;
  • Potência de carregamento;

O DS Nº8 assume o lugar do DS 9 como o topo de gama da marca francesa e… não podia ser mais diferente.

Para trás fica o formato de berlina tradicional de três volumes e assume outro que fica algures a meio entre uma berlina fastback (dois volumes e meio) e um crossover. A marca francesa diz que se trata de «SUV-coupé», mas na prática o Nº8 «não é carne nem peixe». E isso pode jogar a seu favor.

A forma pouco convencional também é o resultado de uma aposta séria na eficiência aerodinâmica: o Cx (coeficiente aerodinâmico) é de apenas 0,24, o que é notável para um veículo deste tipo.

A aposta na aerodinâmica tem uma importante razão de ser que também o distingue do antecessor: o DS Nº8 é (por agora) exclusivamente elétrico e já é de conhecimento comum o quão é importante ter uma resistência aerodinâmica baixa para conseguir uma autonomia elevada.

E no caso do DS Nº8 Long Range — que também conduzi —, anuncia 750 km em ciclo combinado WLTP, que é um dos maiores valores não só da classe, como do mercado.

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Mas por muito impressionantes que sejam estes números, o topo de gama francês precisa de mais argumentos para vingar num segmento dominado pelos alemães.

São esses argumentos que vai poder descobrir nas próximas linhas, apesar de estarmos cientes que o símbolo ostentado na dianteira continua a ter um peso elevado nas decisões de compra a este nível.

Interior surpreende

Se o exterior pode até chocar pelo seu design disruptivo — principalmente na opção bi-tom onde a cor do tejadilho se prolonga até ao capô —, é mais fácil deixarmos-nos cativar pelo interior.

DS Nº8 puxadores de porta interior
© DS O ecrã central de 16” oferece uma separação à direita, para facilitar a utilização do mesmo por parte do passageiro dianteiro. O volante de quatro braços divide opiniões.

A apresentação é requintada, a oferta de equipamento alta, os materiais e montagem impressionam pela qualidade elevada e se procura um carro que o isole do exterior, o DS Nº8 é o carro a ter. O isolamento acústico é exemplar; dentro deste automóvel o mundo exterior parece não existir.

O refinamento a bordo combina bem com o conforto dos bancos. E como vim a descobrir, em andamento, o conforto é mesmo a nota dominante do Nº8. Aliás, passa a ser a referência de conforto na classe.

Contudo, há aspetos com margem para melhorar. Apesar de ter referido materiais com qualidade elevada, há áreas que parecem ter sido descuradas, onde não costumamos tocar com frequência.

E depois, talvez uma das maiores críticas que podemos fazer ao DS Nº8, é sobre a habitabilidade. Não na frente — o espaço é generoso para o condutor e passageiro. Mas atrás, para um carro com mais de 4,8 m de comprimento, esperava mais espaço, especialmente para as pernas e cabeça. A linha descendente do tejadilho não ajuda.

A bagageira, com abertura automática, oferece 620 litros — um valor generoso —, mas apesar de ter um bom comprimento, não é particularmente alta, o que pode limitar o seu uso.

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Conforto, conforto e mais conforto

Sentada ao volante (com bom tato), encontro facilmente uma posição correta, ainda que seja algo elevada — a bateria está posicionada por debaixo dos ocupantes. Pessoalmente, aprecio, mas pode não ser do agrado de todos.

Tive oportunidade de conduzir não só o DS Nº8 FWD Long Range com o nível Pallas — tração dianteira, 180 kW (245 cv) e 97,2 kWh (capacidade útil) —, como a versão de topo AWD Long Range com o nível Étoile. Este adiciona um motor atrás, ficando com tração integral e é bem mais potente, com 257 kW (350 cv).

DS Nº8 dianteira
© DS A bateria, com química NMC, tem 97,2 kWh de capacidade e anuncia 750 km no FWD e 688 km no AWD (ciclo combinado WLTP). Suporta carregamentos rápidos até 160 kW — algo baixo face à concorrência —, o que permite ir dos 20% aos 80% em 27 minutos.

Apesar de a versão mais potente convencer pela performance e de ter tração integral — pode ser argumento decisivo para alguns —, tenho de admitir que me custa justificar os 10 mil euros a mais sobre a versão de tração dianteira (FWD).

O DS Nº8 FWD Long Range é, por agora, o mais interessante da gama. É aquele que tem a maior autonomia (750 km contra 688 km) e, dado o caráter deste carro, não precisamos de mais performance (7,8s dos 0 aos 100 km/h, contra os 5,4s).

Isto porque o caráter dinâmico do Nº8 é sobre conforto, suavidade e uma condução relaxada. É um carro que convida a ritmos mais serenos e viagens mais tranquilas. Mas isso não significa que seja… mole ou careça de controlo. Bem pelo contrário. A estabilidade é uma das suas melhores qualidades. Como já referi, é a proposta mais confortável da classe.

Conseguiu fazer 750 km?

Como tantas vezes acontece nestes primeiros contactos, nem sempre conseguimos comprovar tudo aquilo que um modelo promete. Mas os primeiros indícios são prometedores.

Os percursos pelas belas paisagens suíças, com muitas estradas de montanha, não facilitaram. O DS Nº8 AWD, o mais potente, ficou acima dos 20 kWh/100 km, bastante acima dos 16,6 kWh/100 km oficiais.

Mas o Nº8 FWD, de tração dianteira, num percurso mais favorável, surpreendeu com uma média de 12,2 kWh/100 km em mais de 110 km percorridos. Um valor que fica bastante abaixo dos 15,9 kWh/100 km oficiais. Quando tivermos oportunidade de conduzi-lo em Portugal, vamos tirar a limpo as reivindicações da DS.

Não é barato, mas a concorrência é mais cara

Como marca premium, é expetável que os preços sejam mais elevados do que o dos «primos» que recorrem à mesma base técnica (plataforma STLA Medium, a mesma do Peugeot 3008, por exemplo).

Dito isto, o DS Nº8 posiciona-se abaixo dos concorrentes alemães, ficando alinhado com modelos como o Polestar 4.

DS Nº8 traseira
© DS A versão de topo, AWD, só está disponível com o nível de equipamento mais elevado Etoile e arranca nos 75 600 euros.

A versão FWD Long Range Pallas, como a que conduzi, tem preços a começar nos 64 500 euros, similar ao preço do modelo sueco (100 kWh, 620 km e 272 cv), mas inferior ao Audi Q6 e-tron mais acessível de todos, que custa 71 mil euros. Só que o SUV alemão tem uma bateria menor e autonomia inferior — 83 kWh e 527 km, respetivamente —, mas é mais potente (292 cv contra 245 cv).

Se optarmos pela versão FWD Long Range Etoile, a mais equipada, o preço sobe para os 71 100 euros, equivalente ao Q6, mas a oferta de equipamento de série do francês é maior: bancos dianteiros aquecidos e ventilados, jantes de 20″, sistema áudio de topo, entre muitos outros.

Apesar dos excelentes argumentos do DS Nº8, o maior desafio continuará a ser o de convencer o mercado a optar por um símbolo não germânico neste segmento.

Veredito

DS Nº8

Primeiras impressões

8/10
O novo topo de gama da DS é uma das melhores propostas a sair desta marca premium, destacando-se pela autonomia e em conforto é, de momento, o rei. Peca, sobretudo, pela oferta de espaço atrás e a versão mais potente dificilmente se justifica face à de maior autonomia, e também devido ao caráter relaxante do Nº8. Agora o mais difícil será convencer o mercado.

Data de comercialização: Junho 2025

Prós

  • Conforto.
  • Condução relaxante;
  • Insonorização e refinamento;
  • Autonomia;

Contras

  • Espaço atrás;
  • Qualidade de alguns materiais;
  • Potência de carregamento;

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Qual era a alcunha do Citroën DS?