Ao volante

Novo Volvo XC60. Ficámos surpreendidos?

Já podes encomendar o novo Volvo XC60 em Portugal, a partir de 55.504€. A versão mais acessível (tração dianteira) chega no início de 2018.

31.05.2017, 14:11

Barcelona, Espanha

Guilherme Costa

Texto

A primeira geração do Volvo XC60 foi um «caso sério» de vendas. Durante mais de cinco anos consecutivos foi o líder de segmento na Europa, e chegou a representar 70%(!) das vendas totais da marca. Em quase 9 anos foram produzidas mais de 1 milhão de unidades do XC60.

Como é que se substitui um modelo com tamanha importância para o futuro da marca? A resposta mais óbvia é: usando os melhores recursos disponíveis. Foi isso que a Volvo fez e nós fomos conduzi-lo em primeira mão.

Um Volvo XC90 «à escala»?

Apesar de recorrer à mesma plataforma (SPA – Scalable Product Architecture) e aos mesmos motores da Série 90, o novo Volvo XC60 sente-se, comporta-se e conduz-se de forma diferente do XC90. Face a este, o XC60 é mais dinâmico, fruto da menor distância entre eixos, do menor peso do conjunto e do centro gravítico mais baixo.

O Volvo XC60 é Classe 1 nas portagens.

Essa agilidade fez-se sentir nos quilómetros que fizemos pelas reviradas estradas da montanha de Mont Serrat (Barcelona, Espanha). É muito fácil andar rápido com o XC60 quando a nossa vontade é essa – o que não significa que seja excitante.

O XC60 faz tudo de forma muito rápida exigindo muito pouco do condutor. A Volvo chama-lhe “confiança descontraída”. Até porque sem confiança é impossível explorar a dinâmica de um automóvel e neste campo, a Volvo desenvolveu um excelente trabalho. Naturalmente, quem procura um desportivo é melhor pensar noutro modelo.

Baixando a toada, o Volvo XC60 é… um Volvo! O conforto de rolamento sobressai e é eventualmente o grande argumento deste modelo – mesmo com jantes de 20 polegadas. Nas versões mais equipadas, o XC60 recorre a amortecedores pilotados com molas pneumáticas, que podem fazer a altura ao solo variar consoante as necessidades (mais conforto ou uma postura mais dinâmica).

A estética

Uma vez mais, as comparações com o Volvo XC90 são inevitáveis. A linguagem estilística é a mesma, mas graças às proporções mais contidas, o XC60 tem um porte mais dinâmico, que lhe confere uma personalidade suficientemente distinta do «navio almirante» da gama XC.

Uma publicação partilhada por Razão Automóvel (@razaoautomovel) a Mai 24, 2017 às 7:25 PDT

De resto está lá tudo. Os faróis dianteiros com o “martelo de Thor” desenhado em LED, acompanhados de uma proeminente grelha frontal, ou as luzes traseiras em forma de “L”. Para já, quanto a mim, o XC60 é a derradeira expressão de elegância e simplicidade da nova linguagem estilística da Volvo. Resta esperar pelos próximos modelos.

Bem-vindo a bordo

Senta-te. Há espaço para todos. Seja nos lugares da frente ou nos lugares traseiros. E mais uma vez, as semelhanças com o Volvo XC90 são óbvias. A montagem e a escolha dos materiais é rigorosa e o design é simplesmente fabuloso. Apetece estar dentro do Volvo XC60.

Uma publicação partilhada por Razão Automóvel (@razaoautomovel) a Mai 24, 2017 às 7:32 PDT

Na consola central, o destaque vai para o ecrã de 10 polegadas (tipo tablet) que reúne praticamente todos os comandos do veículo e garante o acesso às mais modernas tecnologias de infotainment e conectividade. Apple Car Play, Android Auto, Spotify, navegação, a lista continua. Há também uma ligação Wifi para que os miúdos se entretenham nas viagens mais longas.

E por falar em crianças e viagens, não falta espaço para levar a «tralha». A bagageira do novo Volvo XC60 também ganhou espaço (+10 litros) e garante um volume de 505 litros – acima da média do segmento, segundo a marca.

Temos de falar da segurança

Invariavelmente, é quase obrigatório falar da segurança. Falar de um novo Volvo sem falar de segurança é como falar da língua portuguesa e não falar de Luís Vaz de Camões – desculpem, mas não me surgiu nenhuma analogia melhor. O Volvo XC60 está recheado de «anjos da guarda» chatos e aborrecidos dos quais só nos lembramos em momentos de aflição.

Felizmente, eles nunca se esquecem de nós e estão lá para segurar as «pontas» quando a situação se complica. E a grande novidade introduzida pelo novo Volvo XC60 passa pela evolução dos já conhecidos sistemas de segurança que foram estreados na Série 90.

Além de conseguir curvar de forma autónoma em autoestrada, seguindo a sua faixa de rodagem, o novo Volvo XC60 também é capaz de se desviar autonomamente de um obstáculo em caso de risco de colisão a velocidades entre os 50 e 100 km/h – uma nova função que também vai estar disponível na Serie 90 já a partir de setembro.

Estas palavras podem parecer duras, mas a verdade é que a Volvo é atualmente «vítima» do seu próprio sucesso.

O sistema de condução semi-autónoma com assistente de trânsito (Pilot Assist), o sistema de deteção de automóveis, pessoas e animais, o aviso de ângulo morto, etc. Todos estes sistemas transitam da Série 90 para o XC60. A grande vantagem destes sistemas de segurança ativa é que são discretos no seu funcionamento e não perturbam. Só quando precisamos deles é que damos pela sua presença. Há automóveis com tantos avisos que parecem «a nossa sogra», não é o caso.

Os motores

Apenas conduzimos a versão D5 AWD de 235 cv (desde 62.957 €) com a tecnologia “Power Pulse” – um sistema de ar comprimido que aumenta o fluxo no turbo (sabe mais aqui). É a versão mais potente na oferta Diesel. Um motor pleno de força e disponibilidade que já nos tinha deixado boas indicações nos modelos da Série 90.

Infelizmente não pudemos testar a versão que mais vai vender em Portugal. Falamos naturalmente do Volvo XC60 D3 de 150 cv (tração dianteira) que só vai chegar ao nosso país no início do próximo ano – ainda não há preços, mas este motor deverá colocar o XC60 abaixo da barreira psicológica dos 50.000 euros. Outra nota importante! O Volvo XC60 é Classe 1 nas portagens.

Ficámos surpreendidos?

Nem por isso. Gastámos todo o efeito “wow!” com os novos Volvo XC90, V90 e S90. O Volvo XC60 é tudo aquilo que esperávamos.

Estas palavras podem parecer duras, mas a verdade é que a Volvo é atualmente «vítima» do seu próprio sucesso. A Série 90 foi a surpresa, e a Série 60 – pelo que já pudemos observar – será muito provavelmente a confirmação do bom momento de forma que a marca sueca está a passar.

Neste momento, não se espera da Volvo menos do que modelos capazes de concorrer «taco-a-taco» com as melhores propostas do segmento. Ainda para mais quando uma das melhores propostas do segmento já é sua há quase uma década. Os recordes de vendas não surgem por acaso.