Indústria automóvel. Portugal perde milhões e esta é uma das principais razões

No novo episódio do Auto Rádio, um podcast da Razão Automóvel com o apoio do Piscapisca.pt, a indústria automóvel nacional foi o tópico de discussão.

Um atividade vital que representa à volta de 6% do PIB do nosso país e representa mais de 90 mil postos de trabalho diretos (mais ou menos 1/3 dos empregos gerados na indústria transformadora).

A indústria automóvel de componentes por si só alberga 62 mil postos de trabalho, distribuídos por aproximadamente 350 empresas, o que se traduziu num volume de negócios de 12 mil milhões de euros em 2022.

E olhando para os números conhecidos de 2023, este promete ser um ano recorde para a produção automóvel nacional, depois de um 2022 muito forte. O ano passado foi o segundo melhor ano de sempre, ultrapassando a fasquia dos 300 mil veículos produzidos.

As duas principais fábricas nacionais, Autoeuropa e Stellantis Mangualde, produziram mais 30,2% e 28,6% de veículos, respetivamente, nos cinco primeiros meses do ano.

Indústria

Peças que valem milhões. Economia portuguesa a reboque dos componentes de automóveis

A indústria de componentes já acumula 10 meses consecutivos de aumentos nas exportações, como dão a conhecer os números da AFIA.

Guilherme Costa

Nunca é demais relembrar que quase todos os veículos produzidos em Portugal (à volta de 97%) têm como destino o mercado externo.

Cenário semelhante acontece na indústria de componentes: as exportações de componentes para automóveis produzidos em Portugal estão na ordem dos 5000 milhões de euros (janeiro a maio), mais 21,8% face ao mesmo período em 2022.

Para percebermos a importância da indústria automóvel de componentes nacional fixem este número: 95% dos automóveis novos fabricados na Europa têm componentes feitos em Portugal.

São boas notícias, mas…

Apesar do quadro parecer muito positivo, a verdade é que está em risco. A indústria automóvel está a mudar a um ritmo frenético. Há novos desafios e ameaças que a indústria automóvel nacional tem de enfrentar e ultrapassar se quiser manter a competitividade no palco internacional.

Para saber que desafios e ameaças são essas, no episódio n.º 33 do Auto Rádio, o Guilherme Costa e o Diogo Teixeira tiveram como convidados José Couto, Presidente da Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel (AFIA) e Paulo Filipe, diretor de logística da SIVA PHS.

Uma das maiores ameaças à competitividade nacional é a logística, que podemos concentrar numa questão: a ferrovia.

Indústria

Comboio entre SEAT Martorell e VW Autoeuropa vai transportar 20 000 carros por ano

Este novo serviço ferroviário entre a SEAT S.A. e a Volkswagen Autoeuropa vai permitir eliminar 2400 viagens de camião por ano.

Miguel Dias

A nossa incapacidade de nos conectarmos ao resto da Europa por via ferroviária — devido às diferentes bitolas —, é uma discussão de décadas para a qual ainda não há resolução. A falta de decisões a este nível tem colocado em causa investimentos e prejudica a competitividade da indústria automóvel nacional.

“A diferença entre a bitola ferroviária usada em Portugal (ibérica) e a bitola europeia, dificulta a chegada dos componentes portugueses ao mercado europeu e aumenta os custos”.

José Couto, Presidente da Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel (AFIA)

As implicações que orbitam à volta da ferrovia para a indústria automóvel nacional são mais que muitas. Algumas das que foram discutidas no novo episódio do Auto Rádio são óbvias, como o aumento dos custos de transporte, mas também gera muitas dificuldades no cumprimento das metas impostas pela União Europeia em direção à neutralidade carbónica.

Podemos pegar no exemplo da Autoeuropa. A existência de uma linha ferroviária para transportar os Volkswagen T-Roc para o resto da Europa — é atualmente o modelo mais vendido da marca no continente —, e, inversamente, trazer de Martorell modelos da SEAT e CUPRA, traduz-se em menos 15 mil camiões na estrada. O impacto nos custos e emissões é significativo.

Por tudo isto, é definitivamente um Auto Rádio que não pode perder.

Encontro marcado no Auto Rádio para a próxima semana

Não faltam por isso motivos de interesse para ver/ouvir o mais recente episódio do Auto Rádio, que está de volta na próxima semana nas plataformas habituais: YouTube, Apple Podcasts e Spotify.

E nunca é demais lembrar que se tiverem sugestões de temas que queiram ver no Auto Rádio podem sempre enviá-las para podcast@razaoautomovel.com.

Redação

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