Estes são os maiores desafios do novo CEO da Stellantis

Antonio Filosa, o novo diretor-executivo da Stellantis, ainda não assumiu funções, mas os desafios que o esperam são mais que muitos.

À frente de um dos maiores consórcios automóveis do mundo, o executivo vai ter de lidar com vários problemas que se agravaram nos últimos anos, a começar logo pelo futuro do grupo nos Estados Unidos da América (EUA).

As vendas da Stellantis caíram 15% nos EUA em 2024, com esta tendência de descida a registar-se também no primeiro trimestre de 2025, com um novo declínio de 12%.

Pontes por reconstruir

Além de ter de elevar as vendas no mercado norte-americano, Filosa tem outra missão crucial no outro lado do Atlântico: reparar as relações com os concessionários, fornecedores e sindicatos, que ficaram muito fragilizadas com Carlos Tavares.

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Stellantis já escolheu o sucessor de Carlos Tavares

Seis meses depois de Carlos Tavares se ter demitido, o seu lugar foi finalmente preenchido: Antonio Filosa é o novo CEO da Stellantis.

Miguel Nascimento

Em causa, está o facto da anterior gestão ter sido acusada pelos concessionários de privilegiar lucros imediatos, ignorando a necessidade de apoio comercial. Com os stocks a crescerem significativamente e as vendas a abrandar, foram pedidos incentivos mais agressivos —, mas sem sucesso.

Relativamente aos fornecedores, após vários conflitos, motivados essencialmente pela pressão de reduzir preços, as relações ficaram num ponto delicado. Por fim, resta-lhe ainda restaurar a relação com o poderoso sindicato norte-americano UAW (United Auto Workers), que chegou a organizar uma campanha pública para o despedimento do anterior diretor-executivo.

Filosa já se pronunciou sobre esta última questão, nomeando as necessidades de produção da Stellantis como um “puzzle complexo”. Não obstante, o executivo mostrou-se disposto a melhorar as relações com o sindicato.

“Fortalecer ainda mais os laços e a confiança que temos nos nossos parceiros — concessionários, fornecedores, sindicatos e comunidades — é essencial e será um foco para mim neste novo papel”, pode ler-se num email de Filosa aos seus colaboradores, partilhado pela Automotive News Europe.

Confiança dos concessionários

Filosa chega ao cargo com o apoio da rede de concessionários norte-americanos, graças à sua experiência como diretor de operações (Chief Operating Officer) da Stellantis nas Américas.

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Sean Hogan, vice-presidente do Sierra Auto Group, que tem dois concessionários da Stellantis em Los Angeles, elogia a proximidade do novo líder: “Ele já tem uma relação connosco. Não foi estranho, não foram precisas apresentações. Saber o nome dos concessionários e onde estão localizados diz muito sobre ele.”

“Esta empresa sob a liderança de Filosa, poderá ter um retorno muito forte e rentável tanto para o lado dos concessionários quanto para o lado da Stellantis”.

Sean Hogan, vice-presidente do Sierra Auto Group

Para Hogan, o maior desafio de Filosa será recuperar quota de mercado sem comprometer a rentabilidade.

O peso das 14 marcas

Para além da operação nos EUA, Filosa terá ainda de decidir o futuro das 14 marcas que compõem o universo Stellantis — mais uma, a chinesa Leapmotor, que detém a exclusividade da sua representação nos mercados internacionais.

Em 2021, pouco tempo depois da fusão entre a FCA e o Grupo PSA, Carlos Tavares prometeu dar uma década a cada marca para provar a sua viabilidade. Mas no ano passado, o então diretor-executivo admitiu que a avaliação do desempenho poderia acontecer já em 2026.

A decisão, empurrada para o seu sucessor, recai agora sobre Filosa, que terá de liderar um processo potencialmente doloroso. “Vai ser preciso arrancar o penso e escolher quais as marcas que têm condições para sobreviver”, afirmou Sam Fiorani, analista da AutoForecast Solutions.

Antonio Filosa vai assumir funções e apresentar a nova equipa de liderança a 23 de junho.

Mariana Teles

O universo das «quatro rodas» entrou na sua vida por intermédio da Razão Automóvel. É a sua primeira volta no mundo do jornalismo e promete não parar.

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